Estes
versos do poeta da Revolução de Outubro – Vladimir Maiakóvski –
faz parte do poema “Carta a um jovem suicida” escrito em memória
da morte do também poeta Serguei Iessiênin – que tirou a própria
vida no final do ano de 1925. Olhando para os nossos dias, esses
versos nunca pareceram tão atual. E são eles que me vem agora na
cabeça quando recebo a noticia da morte de uma jovem camarada que
decidiu se suicidar.
Não
a conheci pessoalmente, apesar de termos ingressado no mesmo ano na
UFT (2015). Ela no curso de Jornalismo e eu no de Filosofia. E desde
então sempre nos esbarrávamos no trajeto para o campus da UFT em
Palmas ou nos corredores da Universidade. Mas nunca trocamos um
cumprimento se quer. No entanto eu sempre a admirei, ainda que nem se
quer soubesse qual era o seu nome – de onde vinha, qual a sua
origem.
A
primeira coisa que me chamou atenção nela foi sua beleza negra, o
seu olhar e um sorriso marcante. Depois a vi cantando e me encantei
pela sua voz. E por fim a vi na linha de frente da ocupação do
bloco da reitoria da UFT e passei a admirar a grande militante das
causas sociais que era ela.
Por
tudo isso, mesmo que nunca tenhamos trocado um aceno – e que eu se
quer soubesse o seu nome – foi com grande tristeza que recebi a
noticia da sua morte e senti profundamente sua perda tal como se
tivesse perdido alguém muito próximo de mim. E de certa forma
éramos. Éramos companheiros de luta – ainda que atuávamos em
frentes diferentes. E quando uma camarada que luta contra as
injustiças e pela emancipação dos oprimidos se vai – um pouco de
nós se vai também. Porém precisamos continuar.
E
é por isso que evoco nesse momento os versos de Maiakóvski a
Iessiênin. São versos que no final das contas não é para quem
cometeu o suicidou, mas para quem ficou. Para aqueles que pensam
trilhar o mesmo caminho. Maiakóvski diz: “nessa vida morrer não é
difícil, o difícil é a vida e o seu oficio”. Mas apesar de
difícil deve ser levada adiante mesmo diante do caos que nos ameaça
engolir. Sendo assim, em vez de se desesperar devemos “arrancar
alegria ao futuro”. Sobretudo nós que dedicamos nossas vidas pela
causa da liberdade e que passamos por um período nem um pouco
animador.
Pedro
Ferreira Nunes – é Poeta e Escritor Popular Tocantinense.
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