O Tocantins celebrará em outubro próximo 30 anos de sua criação. Justamente no mês em que a população irá às urnas eleger um novo governador para comandar o Estado nos próximos quatro anos. E essa será uma eleição histórica já que não teremos nem Siqueira Campos ou Marcelo Miranda como candidatos a governador.
De modo que independente de quem será eleito em outubro, ainda que seja um candidato que tenha o apoio dessas duas figuras, será um marco histórico que colocará fim a um longo ciclo da história política do Tocantins – um ciclo marcado pela hegemonia política de duas famílias. Um ciclo que perdura há seis eleições regulares consecutivas.
Exatamente, nas ultimas seis eleições para o governo do Tocantins tivemos a presença ou de Siqueira Campos ou de Marcelo Miranda (quando se não dos dois) como candidatos a governador. Sendo que em 1994 e 1998 ocorreu a eleição e reeleição de Siqueira Campos. Já em 2002 e 2006 foi à eleição e reeleição de Marcelo Miranda. Em 2010 tivemos a eleição de Siqueira Campos. E em 2014, Marcelo Miranda foi o eleito.
Como se vê nesses 30 anos de história, em grande parte deles, o Estado do Tocantins se revezou na mão de duas famílias e seus lacaios. Hora tendo á frente do governo estadual a oligarquia dos Siqueiras, hora a oligarquia dos Mirandas. E qualquer um que vislumbrasse uma maior sorte no cenário político eleitoral precisava da benção de um desses dois.
Isso foi sendo minado aos poucos, tendo como marco inicial a eleição de Raul Filho (então no PT) como prefeito de Palmas em 2004. Até chegar ao nível atual em que o apoio tanto de Siqueira Campos ou Marcelo Miranda já não é fundamental para uma eleição. É obvio que não se pode descartar o peso político dessas duas figuras, ainda mais quando estamos falando de um estado oligarca. Mas o fato é que é possível sim, se eleger sem a benção ou de Marcelo Miranda ou de Siqueira Campos.
O que não nos parece ser possível é ser eleito ao governo do Estado sem o apoio de uma oligarquia. Foi o que perceberam Carlos Amastha (PSB) e Márlon Reis (REDE) que tanto criticavam, mas acabaram se aliando a essas oligarquias. De modo que não há muito que se comemorar, sobretudo por que o que se vislumbra no processo eleitoral vigente é a eleição de um governo populista.
E assim o Tocantins caminha para repetir o que ocorre no Brasil a nível nacional, isto é, funcionar como um pêndulo que hora pende para a oligarquia, hora para o populismo. De acordo com o filósofo Vladimir Safatle (2016) “esse pêndulo consegue puxar todos os atores políticos para um de seus polos, transformando-os em repetições de atores passados”.
De modo que se a população quiser verdadeiramente virar uma pagina na história política do Tocantins é preciso avançar para além desse pêndulo. Criando de acordo com as palavras de Safatle, “uma história que, até agora, não existiu”.
Pedro Ferreira Nunes – É educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio. Cursou a faculdade de Serviço Social e atualmente é graduando de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
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