- Rapaz, cê viu que baixinha linda. Cê conhece ela?
- Tu tá doido home. Aquela menina é namorada de um dos chefes da gangue dos ‘cabelo molhado’. Mexer com ela é morte na certa.
Paulo desde pequeno sabia da fama da gangue dos cabelo molhado. Dificilmente havia uma festa em Miracema em que os cabelos molhados estivessem presente que não acabasse em briga. E se fosse na boca da vinte era certeza que no dia seguinte haveria velório em Miracema.
Mesmo assim ao saber do rala coxa que aconteceria na boca da vinte, Paulo não pensou duas vezes. Já havia oito anos que ele morava em Goiânia. Quantas saudades ele não sentia da sua terra natal. Ia muito aos forrós na capital goiana, mas nada que se comparavam as festas de Miracema. Além do mais depois de tantos anos imaginava que a famosa gangue dos ‘cabelo molhado’ já não mais existia, como também que a boca da vinte já não era tão violenta como fora outrora.
- Uai, a gangue dos ‘cabelo molhado’ ainda existe?
- Fica esperto rapaz, num mexe com essa muie não que é confusão na certa.
Paulo não deu ouvidos para seu primo que o alertava a cerca do perigo de se mexer com a mulher do líder da gangue dos ‘cabelo molhado’, e logo se aproximou da garota chamando-a para dançar. Essa por sua vez muito faceira não negou fogo.
- Oh morena que remexe gostoso.
Fazia tempo que Paulo não dançava daquele jeito. Não há coisa mais gostosa que dançar um forró no estilo tocantinense – pensava Paulo. A mulher requebrava gostosamente nos braços de Paulo, este por sua vez não ficava para trás, não negando o seu sangue tocantinense.
Mas a felicidade de Paulo durou pouco. Logo ele estava rodeado pela gangue dos ‘cabelo molhado’.
- Tu não sabe que essa mulher me pertence? Chega de fora querendo arrotar bacaba aqui na nossa área? Aqui tu não se cria não.
- Desculpa rapaz, eu não sabia que ela era tua namorada. Mas também a gente estava só dançando.
Ao ver a confusão armada o primo de Paulo em vez de ajuda-lo caiu no braquiara. Ele estava só agora diante da famosa gangue dos ‘cabelo molhado’.
De repente Paulo leva um soco por trás e cai no chão. Ao cair no chão leva chute de todos os lados é tanto chute que ele não consegue se defender, pois não conseguia ver de onde vinha tanto chute. O sangue já descia de tudo quanto era buraco do seu corpo.
Todos haviam corrido do salão, ali permanecia apenas Paulo no chão sendo massacrado pela gangue dos ‘cabelo molhado’. Ninguém ousou entrar para salva-lo, nem a policia estava por ali.
De repente Paulo sentiu algo frio entrando no seu corpo, uma, duas, três e muitas vezes. Paulo não conseguia ver da onde vinham as punhaladas, vinham de vários lados e sendo desfechada por varias pessoas ao mesmo tempo. Á ultima imagem que Paulo viu antes de morrer foi da garota sorrindo, a garota que havia sido o pivô de toda aquela historia. E ainda por cima fora ela que lhe deu a ultima facada.
- Paulo, Paulo. Acorda Paulo. Você estava tendo um pesadelo.
Paulo assustado levantou-se passando a mão por todo o corpo, ainda sentia o corpo todo doendo das facadas que acabara de levar dos caras da gangue dos ‘cabelo molhado’. Mas aliviado Paulo percebeu que fora apenas um pesadelo. E que pesadelo.
*Pedro Ferreira Nunes – “é apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”.
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