Tem ocorrido um fato interessante no processo eleitoral em curso no Tocantins – o apoio de prefeitos e lideranças políticas não a uma coligação, mas a candidatos, inclusive de coligações diferentes. Tal fenômeno é bastante revelador do que representa as três principais coligações que disputam a hegemonia política no Tocantins. No fundo são três faces de um mesmo projeto.
Ainda que não seja garantia de vitória, ter na base de apoio uma gestão municipal na disputa eleitoral é um peso inquestionável. É por isso que os candidatos fazem questão de divulgar na imprensa o apoio de prefeitos e outras lideranças políticas. Tal peso se torna relevante ainda mais no interior onde se sabe o peso da máquina pública é decisivo. Mas o que se vê no processo eleitoral em curso é que a maioria dos prefeitos e lideranças políticas não estão fechando com uma coligação, mas com candidatos individualmente.
É o caso, por exemplo, do prefeito da segunda maior cidade do Tocantins (Ronaldo Dimas de Araguaína) que apoia tanto candidatos da Coligação encabeçada por Mauro Carlesse (PHS), o próprio Mauro Carlesse ao governo, como também que estão na chapa comandada por Marlon Reis (Rede), que é o caso de Irajá Abreu para o senado. Moisés Avelino (MDB) prefeito de Paraiso também apoia à candidatura a reeleição de Mauro Carlesse, já para o senado um dos seus candidatos é Vicentinho (PR) da coligação liderada por Carlos Amastha (PSB). Já o prefeito de Lajeado – Tercio Neto (PSD) apoia candidatos de três coligações diferentes: Mauro Carlesse ao governo; Irajá Abreu (PSD) e Vicentinho (PR) ao senado; Vicentinho Jr (PR) para a câmara dos deputados e Toinho Andrade (PHS) para a assembleia legislativa.
Esses são apenas alguns exemplos do que está ocorrendo de norte a sul do Estado. Inclusive há relatos de que em alguns municípios esta ocorrendo dobradinha entre candidatos a deputado estadual e federal de coligações diferentes.
Teoricamente isso seria um contrassenso partindo do pressuposto que essas três coligações representam projetos diferentes. De modo que seria inviabilizar o governo elegendo candidatos adversários, não é mesmo?! O ideal para um governo forte e estável não é ter uma boa base de sustentação? Isso não obrigará o governo a ter que comprar o apoio destes que forem eleitos e que não são da sua base?
O fato é que na prática as três principais coligações (“A verdadeira mudança” encabeçada por Carlos Amastha; “Frente alternativa” encabeçada por Marlon Reis e “Governo de atitude” encabeçada por Mauro Carlesse) representam o mesmo projeto de desenvolvimento. E no final das contas independentemente de quem for eleito os interesses das elites estão garantido.
Se hoje estão em palanques opostos trata-se de uma questão circunstancial. Nada impedirá que amanhã estejam juntos, como já estiveram no passado. Tudo dependerá das negociatas por um carguinho aqui, outro acolá. E não precisa ir muito longe para confirmar essa tese, é só analisar o que ocorreu após as eleições suplementares – quem antes estava de um lado e agora esta do outro.
Ora o que justifica essa mudança de galho se não interesses em obter mais vantagens para si e para seu grupo político?! Sobretudo quando se pula para um galho que antes se criticava. O que fez com que de uma hora para outra o que era ruim passa a ser bom? Na vida ser uma metamorfose ambulante pode até ser algo belo, mas em política isso se chama oportunismo. E em política, o oportunismo é visto como uma atividade parasitária. E está presente tanto no campo da direita como na esquerda. Catarina Casanova (2016) afirma que “o oportunismo pode ser visto como uma espécie de prática política que se define pela acomodação às circunstancias, que busca retirar proveito destas não respeitando, normas, regras ou estatutos”.
É assim que têm agido os candidatos dessas três coligações. E é assim que têm agido aqueles que os apoiam.
O que fica evidente é que a briga entre essas três coligações é única e exclusivamente pelo poder. Chegando ao poder não se iludam quanto ao projeto que estes senhores irão implementar – é o velho projeto de governo que aprofundará o modelo hegemônico de desenvolvimento tão nefasto para os trabalhadores e o campesinato pobre.
Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio. Cursou a faculdade de Serviço Social e atualmente cursa Filosofia na Universidade Federal do Tocantins.
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