segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Breves comentários sobre os primeiros dias do Governo Carlesse

“Nós estamos caminhando, 
para um grande precipício. 
A vergonha está presente, 
nos jornais e nas ruas...”
Olho Seco

Palavras iniciais

Nesse oitavo ano de existência do antiblog – “Das barrancas do Rio Tocantins” vamos tentar manter a regularidade entre uma e duas publicações por semana. Seguindo a mesma linha de escrever e publicar acerca do que me afeta sem se preocupar em agradar quem quer que seja. Como quase ninguém ler e não sou financiado por ninguém tenho total liberdade para escrever. E assim caminhamos, ainda que pouco lido, disponibilizando um olhar crítico (a partir da tradição marxista) acerca da nossa realidade.

Discurso de posse do Governador Mauro Carlesse (PHS)

Ao assumir o seu segundo mandato a frente do governo do Tocantins Carlesse avisou – vai ter umas “medidas duras”, mas necessárias para equilibrar o estado financeiramente e criar condições para investimentos, geração de emprego e melhoria na prestação de serviço. Ele só não deixou claro quais medidas seriam essas e nem quem seria afetado. Em suma, ele não falou: Dura para quem?!

Família Barbosa 

Uma coisa é certa, para família Barbosa não é. Wanderlei Barbosa foi promovido de deputado estadual para vice-governador. Seus filhos: Léo Barbosa deixa a câmara de vereadores de Palmas para assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa. O outro (Rérison Antonio Castro Leite) foi nomeado para presidir a Agência de Metrologia do Tocantins. E Marilon Barbosa (irmão do vice-governador) assumiu a presidência da Câmara de Vereadores de Palmas.

Para os aliados as benesses do poder, para os inimigos...

Qual foi a postura do governo diante da crise do lixo hospitalar envolvendo a família do deputado tucano Olyntho Neto? Qual foi a postura do governo diante da suposta crise entra a Policia Civil e Militar? Qual foi a postura do governador diante das operações de combate a corrupção, comandadas pela Policia Civil? Entre elas a denuncia de mais de 300 funcionários fantasmas no serviço público estadual. Qual foi a postura do governo diante das denúncias de assédio sexual envolvendo um comandante do corpo de bombeiros do Tocantins? Não vou responder. Aos que acompanharam esses casos avaliem por si mesmos. E os que não acompanharam procurem saber e também façam suas avaliações.

Reforma Administrativa

A extinção de várias pastas, a demissão de milhares de servidores contratados e o retorno das 08h de trabalhos para os servidores públicos – e mais ainda – a morte de crianças em hospitais públicos por falta de atendimento médico, deixou claro quem é que vai pagar a conta. Mas ninguém pode negar que isso não foi alertado, inclusive por essa criatura que vos escreve, em um artigo intitulado: “A Reforma Administrativa do governo Carlesse: Mudar para não mudar”. Publicado no antiblog Das barrancas do Rio Tocantins, em agosto de 2018.

Reforma Administrativa II

Quando Carlesse apresentou aquela reforma administrativa no seu mandato tampão (em agosto de 2018) alertamos acerca da lógica que estava por trás (concepção liberal de Estado) e dissemos que essa lógica seria aprofundada se Carlesse saísse vitorioso das urnas. E o que estamos vendo agora se não o aprofundamento dessa lógica?! Alguns poderão dizer que é precipitado qualquer avaliação dessas medidas. E de fato é. Mas não se iludam, a seguir essa linha, a tendência é piorar, exceto se você for da família Barbosa.

Ainda sobre reforma administrativa

Ao iniciar o seu mandato anunciando uma reforma administrativa, aliás, mais uma reforma administrativa, Carlesse não apresenta nenhuma novidade. Segue a mesma linha dos seus antecessores, inclusive dele próprio. Já que quando iniciou o mandato tampão fez uma reforma administrativa. O interessante é que não foi apresentado nenhum balanço daquela reforma – se o que fora prometido, de fato foi alcançado. Quem garante que essa atual reforma não é apenas mais uma cortina de fumaça para o que vem por ai – um ajuste fiscal com aumento de impostos.

Aumento de impostos

Por enquanto o governador descarta essa medida. Mas só por enquanto. Um ponto a se destacar é que seu governo justifica a extinção de 15 mil contratos temporário como uma saída para que não seja preciso aumentar impostos. Mas é fato que isso é insuficiente. Até por que muito desses contratos estão sendo refeitos especialmente na área da saúde e da segurança pública. E quando retornar as aulas outros tantos precisaram serem recontratados, pois sem professores e outros profissionais fundamentais para o funcionamento das escolas, não tem como haver aulas.

Cassação do Governador Carlesse e seu vice Wanderley Barbosa

É o que pede o Ministério Público Eleitoral. Além da realização de novas eleições no estado. Ai de nós, ai de nós – seria cômico se não fosse trágico. Temos mais uma vez um governador que começa o mandato sem saber se vai terminar. E as consequências disso são gravíssimas. Não há o mínimo de segurança para você investir num estado comandado por um governo sem credibilidade. Pois em última análise, quando o Ministério Público (não estamos falando de um partido opositor) acusa o governador de usar a máquina pública para ganhar uma eleição, está afirmando que este não joga limpo, que não merece confiança.

Cassação do Governador Carlesse e seu vice Wanderley Barbosa II

Ainda que esse pedido de cassação do Governador Carlesse e seu vice não siga adiante. Há que se reconhecer que Manzano (o procurador) foi inteligente e no mínimo conseguiu constranger o governador ao revelar uma contradição nas medidas tomadas – sobretudo à extinção de 15 mil contratos. A questão inteligente levantada pelo procurador e que colocou o governador na parede foi: Por que só agora depois das eleições? Se se trata-se de medidas coerentes deveriam ter sido tomadas lá atrás. Inclusive, o retorno das 08h de trabalho diário para os servidores.

Aliás...

Isso nos faz retornar lá no seu discurso de posse. Quando o governador anunciou que tomaria medidas duras. Ora, isso não deveria ter sido dito no discurso de posse, mas durante a campanha. É durante a campanha que se apresenta o programa e o projeto em torno do qual se pretende governar. Até onde sei não me lembro de nenhuma propaganda do governador dizendo que se vencesse o pleito eleitoral iria extinguir 15 mil contratos temporários entre outras medidas de austeridade. Diante disso podemos falar em calote eleitoral? Ou ainda é cedo?

Dizer o que?

Nunca vi alguém que é acusado, pelo menos num primeiro momento, confessar que de fato errou. Diante disso a resposta do governo Carlesse a ação do Ministério Público é mais do que óbvia. Não há outra saída para ele se não negar que em momento algum infringiu a legislação eleitoral. Mas quem decide isso é a justiça, de modo que há muita água ainda para passar por de baixo dessa ponte. Aguardemos os próximos capítulos.

Por enquanto... Para concluir.

E isso que mau começamos o ano. Só estamos no inicio do segundo mandato do governador Mauro Carlesse (PHS). Mas esses poucos dias de governo apontam para uma conjuntura política bastante caótica. Seguindo a linha de que 2019, será um ano de incertezas – sabemos como começa, mas como irá terminar, não dá para dizer. Por enquanto fica o alerta da banda punk paulista Olho Seco: “Nós estamos caminhando, para um grande precipício...” que não nos despertemos tarde de mais para isso.

Pedro Ferreira Nunes – é apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior. 

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