quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Que se passa em Miracema?!


A querida, já nem tanto pacata, Miracema, mais uma vez ganhou as manchetes dos portais de notícias e redes sociais com o episódio da Prefeita Camila Fernandes(MDB) se recusando a receber o Senador Irajá Abreu (PSD) e a sua comitiva numa audiência sobre recursos públicos federais, conseguidas através de emendas parlamentares, a serem investidos em obras na cidade.

A priori parece absurdo a atitude de um Gestor público se recusar a receber qualquer cidadão para tratar sobre questões públicas. Quando esse cidadão é um Senador da República trazendo recursos para o município – um município carente de investimentos – é mais absurdo ainda. E foi nessa linha que a oposição aproveitou para bater numa gestão que até agora não mostrou a que veio. E assim não perdeu tempo em utilizar as redes sociais para inflamar o espírito de ressentimento que permeia a política miracemense desde a morte do Prefeito Moisés Costa e o rompimento do grupo político que o elegeu em 2016.

No entanto precisamos analisar esse episódio a partir do espírito de ressentimento que domina a política miracemense. Nessa perspectiva a atitude da Prefeita Camila não foi tão absurda assim. O que parece absurdo é o Senador Irajá ter levado para audiência uma comitiva de opositores da Prefeita, entre eles o ex-prefeito Saulo Milhomem – alguém que não é só um adversário político de Camila. 

Não creio que o Senador Irajá seja ingênuo ao ponto de não saber do ressentimento que há entre a atual gestão e a anterior.  Que esse ressentimento não se restringe a disputa política. Diante disso, é compreensível que a Prefeita Camila tenha entendido como uma provocação e se recusado a receber a comitiva. Mas ao fazer isso ela caiu na armadilha da oposição. Não lhe faltou espírito público, como lhe acusou o Senador. Faltou espírito maquiavélico .

Quando a oposição em conluio com Irajá Abreu quis transformar uma audiência entre autoridades políticas num ato politico, sabia muito bem o que iria conseguir, e conseguiu. Camila ingenuamente caiu – fez exatamente o que esperavam que ela fizesse.

Alguem viu se o Senador Irajá Abreu levou uma comitiva de opositores para reunião com a Prefeita de Palmas – Cíntia Ribeiro  (PSDB)?  Está claro que em Miracema tudo não passou de um grande espetáculo montado pela oposição. O problema é que isso tem consequência. A medida que as pessoas tomam consciência de que tudo não passou de pirotecnia, a oposição perde credibilidade – torna sem sentido o discurso de preocupação com a população miracemense.

E aqui chegamos a questão: o que se passa em Miracema? É o que dissemos num artigo de 2020 (https://pedrotocantins.blogspot.com/2020/02/conjuntura-politica-em-miracema.html) antes da campanha eleitoral que elegeu Camila Fernandes a Prefeita de Miracema. Naquela oportunidade analisamos como o ressentimento estava corroendo a política miracemense. Salientamos o fato de que “o problema de ter uma cidade dominada politicamente pelo ressentimento é que se vive sobre o domínio do ódio”. E enfatizamos que:

“independente de quem for eleito em outubro de 2020, não se vislumbra uma mudança significativa na politica miracemense. Pelo menos não a curto prazo. Essa mudança só virá a partir do momento que surgirem novos atores políticos que apresentem verdadeiramente um projeto de ruptura com a ordem dominante local” (NUNES, 2020).

A realidade atual de Miracema corrobora com a minha análise anterior. Precisamos de novos atores políticos (cidadãos que tenham responsabilidade política com o município. E não esses que promovem o tipo de episódio que vimos – figuras tristes que se deixam guiar pelo ressentimento) que busquem desenvolver os potenciais que o município possuí. Esse desenvolvimento deve ser voltado para a atender o bem comum. 

Para reforça o ponto anterior destaquemos o conceito de “irracionalidade política”, do Filósofo estadunidense Michael Huemer. Para esse pensador, trata-se do “maior problema social que a humanidade enfrenta... pois se trata de um problema que nos impede de resolver outros problemas”. 

O ressentimento que guia as ações das autoridades políticas miracemense leva a irracionalidade política e a consequência disso podemos ver nas ruas de Miracema – descaso e abandono.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário