A alegria no rosto dos estudantes mostrava a satisfação com aquela excursão que vinha de encontro com uma demanda constante pela realização de atividades educativas fora da sala de aula. Demanda que nem sempre é possível de ser atendida pois ao contrário do que se possa pensar não é fácil tirar o estudante da sala de aula devido a uma série de condicionantes, sobretudo em relação a questão estrutural. No entanto, a escola tem se esforçado para que todas as turmas tenha esse tipo de vivência. Sobretudo por que compreende que são atividades que proporcionam um enriquecimento na formação do estudante.
Chegamos por volta das 08h40, fizemos uma breve orientação e em seguida servimos o lanche. Depois entramos no espaço de exposições. O tema desse ano da FECIT fazia alusão aos 200 anos da independência do Brasil – propondo uma reflexão dos avanços nesse campo. Um primeiro aspecto que nos chamou atenção foi a organização e grandiosidade do evento. Eram centenas de trabalhos sendo apresentados por estudantes das séries iniciais e finais do ensino Fundamental.
Fazendo uma breve análise dos trabalhos, me pareceram que todos tinha na sua raíz uma responsabilidade social e ambiental. Projetos que mais do que proporcionar o conhecimento também impactam a vida das pessoas ao promover maior qualidade de vida. Como exemplo, para evidenciar o que estou dizendo, destaco um trabalho apresentado por estudantes da Escola António Carlos Jobim, sobre a reutilização de materiais recicláveis. Para tanto eles criaram um posto de coleta na unidade de ensino, a partir daí fazem uma triagem e uma destinação adequada desse material. O outro trabalho que destacaria é do site (200anosdeextincao.wixsite.com/Tocantins) criado pelos estudantes da Escola Vinicios de Morais, para conscientização sobre animais da nossa fauna que estão em risco de extinção.
Eram muito os trabalhos expostos, se fôssemos pontuar cada um teríamos que nos dedicar um tempo significativo. Portanto, para encurtar a prosa, além do que já dissemos anteriormente destacariamos a criatividade e a preparação dos estudantes que estavam expondo os trabalhos. Isso impactou muito nossos estudantes como pude perceber pelos comentários. Lembro que um dos nossos comentou após a explanação de um colega que estava expondo: - Esse cara é um gênio. Eu respondi: - Não. É estudo. Quem estuda consegue.
Outro ponto que mostrava a grandiosidade do evento era os estandes das instituições parceiras como universidades e empresas. Nesse sentido dois espaços fizeram os nossos estudantes respirar mais fundo, foi o da Faculdade ITOP com uma exposição de taxonomia animal. E o da Universidade da Maturidade (UMA) – programa de extensão da Universidade Federal do Tocantins.
– Nossa, amei conhecer e conversar com esses idosos. Foi o comentário que ouvi de uma estudante.
Nossa visita terminou por volta das 11h, quando então retornamos para nossas casas em Lajeado. Certamente, um pouco mais ricos culturalmente, do que quando saímos. Óbvio que esse nível de aprendizado depende muito de como a atividade foi (e será) trabalhada. E aqui está um ponto fundamental que merece uma maior reflexão. Se não planejada, atividades como essa pode se tornar simplesmente um passeio para o estudante – uma fulga da monotonia da sala de aula.
Dito isso, salientamos que, na nossa visão, esse planejamento exige no mínimo três momentos: 1- antes (onde o estudante terá aulas preparatórias sobre o espaço que será visitado, os trabalhos expostos, a importância do momento para formação e como fazer uma observação para sistematização). Por esses passos podemos perceber que a atividade de campo deve ser organizada com mais antecedência possível. 2- durante (onde acontece a vivência através de uma observação que exige além de registros fotográficos, também a tomada de notas). Por fim, o 3- depois (onde o estudante deverá escrever e apresentar um relatório sobre a vivência, ressaltando qual foi o seu aprendizado).
Nesse sentido, deve se pensar inclusive no perfil do professor que fará esse acompanhamento. Se estamos falando de um evento da área de linguagens, esse profissional deve ser de linguagem. No caso se for de ciências humanas, da natureza ou matemática, idem.
No nosso caso não seguimos os passos acima. Não houve da nossa parte uma preparação maior (o antes), para que o durante fosse mais proveitoso do ponto de vista educacional. Tentamos de alguma forma remediar isso através das orientações dadas antes de entrarmos no espaço de exposição. Salientando inclusive que eles seriam cobrados pelos professores para que fizessem relatórios da visita (o que provocou uma manifestação de descontentamento).
Mas enfim, ainda que a nossa participação na FECIT, não tenha sido planejada tal como deveria. Não podemos deixar de ressaltar a sua importância. Sobretudo, o aprendizado de como nos preparar melhor para realizar vivencias como a que foi proporcionada para os nossos estudantes do Ensino Fundamental.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. Atua como Professor da Educação Básica no CENSP-LAJEADO.
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