Anualmente diversas áreas promovem olimpíadas escolares, as mais tradicionais são a de Matemática e Língua Portuguesa. E o que nós percebemos no chão da escola é que são iniciativas importantes para o fortalecimento desses componentes curriculares na educação básica. Além de reconhecer e premiar estudantes destaques - o que também traz reconhecimento para professores e toda a comunidade escolar.
Na área da Filosofia temos a nível mundial a olimpíada internacional (IPO) que em 2024 chega a sua 33ª edição. E é dessa competição que se origina a Olimpíada Nacional de Filosofia (ONFIL) - que inclusive funciona nos mesmos moldes. O estudante deve elaborar um ensaio filosófico a partir de um tópico, escolhido entre quatro (que ele irá conhecer apenas no momento de realizar a prova num local específico) digitada num computador sem internet cedido pela organização.
Ou seja, uma prova extremamente desafiadora, onde o estudante sem nenhum auxílio, a não ser do seu conhecimento, deverá compreender o tópico e elaborar um texto acerca do mesmo.
Os idealizadores da ONFIL são os professores Gustavo Coelho (CIB) e Mitieli Seixas (UFSM). Tendo como instituição promotora a Universidade Federal de Santa Maria em colaboração com dezenas de instituições de todas as Unidades da Federação. E conta com o apoio do MCTI e do CNPq. O objetivo segundo os organizadores é fortalecer o ensino de Filosofia, que por sua vez promove a tolerância, grandes ideias, argumentação e oportunidades - pois “Olimpíadas do conhecimento promovem experiências únicas e abrem portas nas maiores universidades do Brasil e do mundo”.
É diante disso que nós que atuamos com o ensino de Filosofia no chão da escola recebemos com muita alegria essa iniciativa. E fizemos todo o esforço para promovê-la como também no incentivo para que nossos estudantes participassem.
A primeira etapa das olimpíadas ocorreu no mês de junho e contou com mais de 500 estudantes inscritos. A priori pode parecer um número reduzido, mas por questões estruturais a organização limitou o número de vagas por unidades da federação e unidades escolares. Por exemplo, para o Estado do Tocantins, que é onde estamos, foram 16 vagas, sendo que cada escola só poderia inscrever no máximo dois estudantes.
Acreditamos que essa limitação no número de vagas foi importante também para garantir uma seleção criteriosa da nossa parte. Ou seja, tivemos que escolher os estudantes mais qualificados para enfrentar o desafio proposto. No meu caso, convidei dois estudantes (Ádilla e Gabriel, 1ª e 2ª série do ensino médio respectivamente), a partir da observação do desempenho deles nas aulas de filosofia. O passo seguinte foi fazer uma breve preparação com foco na leitura de textos filosóficos e exercícios de escrita de ensaios filosóficos. Durante esse processo mais estudantes se juntaram a nós, mesmo não estando inscritos na ONFIL.
Apesar da preparação, para nós o mais importante era a participação, a experiência que esses estudantes teriam em sair da sua escola na periferia até o campus da universidade federal (que eles nunca haviam ido), conhecer pessoas novas e vivenciar algo novo - que certamente marcará suas vidas. Mas não podemos deixar de falar da nossa felicidade ao receber o resultado de que a Ádilla teve o seu ensaio como um dos premiados com uma menção honrosa e a classificação para seletiva da Olimpíada Internacional de Filosofia.
Enfim, acredito que as Olimpíadas de Filosofia contribuirá sobremaneira para o fortalecimento do ensino de Filosofia na educação básica. Essa primeira edição já mostrou que apesar dos ataques sofridos nos últimos anos o ensino de Filosofia resiste e sobrevive, mobilizando professores e estudantes de escolas públicas e privadas espalhadas por todo o Brasil - que compreendem a importância do pensamento filosófico para vislumbrarmos novas possibilidades em diferentes âmbitos da vida.
Pedro Ferreira Nunes - Professor de Filosofia na Rede Estadual de Educação do Tocantins.
Nenhum comentário:
Postar um comentário