sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Reforma Agrária quando...? Ou radicalizamos a luta por uma reforma agrária de fato ou abandonamos de vez essa bandeira!


"Quero ver do Sul ao Norte
O nosso caboclo forte
Trocar a casa de palha
Por confortável guarida
Quero a terra dividida
Para quem nela trabalha." 
                                             (Patativa do Assaré)


*Por Pedro Ferreira

Terminaremos 2012 novamente como um dos piores anos das ultimas décadas no processo da política de assentamento de novas famílias por parte do governo federal. Por outro lado vemos um crescimento do agronegócio não apenas através do apoio econômico do governo federal como também através de leis que flexibilizam as leis trabalhista no campo, que afrouxou na punição de crimes ambientais, que possibilita a usurpação dos territórios indígenas entre outros. Pois foi nesse sentido que foi aprovado o novo código florestal e a portaria 303 que permite a remarcação das terras indígenas e outras tantas derrotas que sofremos no congresso nacional por parte da bancada ruralista e do governo Dilma. Militantes dos movimentos de luta pela terra afirmam que vivemos em um período de reformas de base em favorecimento ao agronegócio.

Nos últimos anos tenho participado ativamente de ocupações, marchas entre outras mobilizações dos movimentos campesinos de luta pela terra em Goiás e no Brasil, bem como participando dos espaços de articulação política. Há alguns anos temos feito a analise do abandono por parte do PT e dos governos liderado por esse partido, do abandono da reforma agrária. Nesse sentido construímos varias ações conjuntas no sentido de fortalecer a luta pela terra, ou no mínimo manter a chama acesa.

O fato da maioria dos movimentos camponeses terem uma relação histórica com o PT fez com que nos últimos anos suas direções (cooptadas) recuassem nas ocupações e pressões mais aguda ao governo federal. Por outro lado sem vitórias concretas, formação e trabalho de base os movimentos perderam boa parte de suas bases que preferiram irem para as cidades atraídas pelo crescimento da oferta de trabalho (precarizado), políticas compensatórias e o mercado de consumo (endividamento).

O encontro unitário dos povos do campo realizado no mês de agosto em Brasília foi um avanço no processo de construção de unidade das organizações que atuam no campo, não só camponesa, como também os indígenas, quilombolas e ribeirinhos. E um exemplo do potencial revolucionário que a questão agrária tem no país. No entanto também mostrou as vacilações por parte das direções dos movimentos em relação a ações mais radicais de ruptura com o governo (o discurso do mal menor acaba definindo nossas ações).

Já o governo federal profundamente aliado com a burguesia agrária não vacila um instante em coordenar um processo de anti-reforma agrária profundo, de ataques ao que a luta camponesa conquistou sob o sangue de muitos camaradas que tombaram ao longo do caminho.

Os movimentos de luta pela terra encontram se numa encruzilhada - radicalizar ou não a luta por reforma agrária no Brasil. Romper ou não com o governo petista (o mal menor para muitos). Um dilema que pode ser facilmente resolvido, precisamos apenas resgatar o papel do movimento popular combativo. Ora não devemos nos aliar com nenhum governo que não defende e nem representa os nossos interesses. O papel do movimento popular é pressionar através da luta os nossos direitos negados e usurpados.

É inegável a necessidade de uma reforma agrária de fato no Brasil, bem como das organizações de luta da classe trabalhadora assumir e tocar essa luta nunca de forma isolada, mas conjunta com as lutas por uma transformação econômica e social no país.

Se as ações de articulação e mobilização desencadeadas, sobretudo depois do encontro unitário dos povos do campo não se tornarem em ações concretas como ocupações conjuntas de latifúndios e órgãos públicos, paralisação de rodovias, marchas e o acampamento permanente em Brasília. Devemos decretar o fim da luta pela reforma agrária no Brasil, sobretudo para ás milhares de famílias que ainda resistem nas margens das rodovias em baixo de barracas de lona em situação degradante na esperança de um dia ter um pedacinho de terra para produzir e sobreviver.

Mas se a opção é continuar levando adiante essa bandeira devemos parar de fazer discursos e lamentos sobre a traição do governo do PT. Façamos de fato de 2013 um ano de luta camponesa incessante no campo e na cidade, juntamente com o conjunto das organizações de luta da classe trabalhadora. Pois afinal de conta a nossa luta não é apenas por reforma agrária e sim pela superação do sistema capitalista e construção do socialismo.

*Pedro Ferreira é educador e militante dos movimentos populares de Goiás e do Bloco de Resistência Socialista. 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Poema para o Comandante Camilo Cienfuegos


Camilo Vive!

Por Pedro Ferreira

Sorriso encantador,
Alegria de viver,
De si entregar pelo outro,
Coragem de combater!
Quem diria que aquele jovem,
Jeito de brincalhão,
Ao longo da caminhada,
 Se tornasse comandante da revolução!
No alto da sierra maestra,
 Demonstrou o seu valor,
Mesmo com todas as dificuldades,
Camilo já mais vacilou.
Guerrilheiro brilhante,
 Segundo o comandante Che,
Tinha a capacidade de poucos,
 Lutar até vencer.
Camilo foi se jovem,
Mal pode ver florescer a revolução,
Mas seu exemplo continua vivo,
Dentro do nosso coração!
Viva o guerrilheiro heróico,
Nosso camarada irmão,
Comandante Camilo vive,
Viva a revolução!

*Para o comandante Camilo Cienfuegos

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Lembranças

Tinha esquecido teu olhar
Do quanto me fazia bem,
Quando estava com você,
Não lembrava mais de ninguém.

Tinha esquecido teu sorriso,
Doce feito o luar,
Das nossas juras de amor eterno,
De sempre nos amar.

Não sei do por que dessas lembranças
Já faz tanto tempo,
Será que por que no fundo,
Continuo ti querendo? 

Não! São apenas lembranças
De um tempo que se perdeu,
O nosso amor na verdade,
Há muito que morreu.

*Pedro Ferreira

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Uma poesia


Gostaria de escrever uma poesia,
Que não falasse de tristeza somente de alegria.
De fazer uma poesia que falasse de amor,
Que não trouxe em suas estrofes nem um verso de dor.
Mas como fazer essa poesia,
Se o no mundo que eu vivo só me traz melancolia?
Mesmo assim eu gostaria de escrever uma poesia,
Pode até ser mesmo simples, mas que fale de alegria.

*Pedro Ferreira

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Marcharei sempre ao teu lado



Madrugada Camponesa
faz escuro (já nem tanto)
vale a pena trabalhar
faz escuro, mas eu canto
porque a manhã vai chegar.

Thiago de Mello
*Por Pedro Ferreira

(Dedicado a Dona Fátima da direção do Movimento Terra Livre e todos aqueles que dedicam sua vida a luta pela reforma agrária)

Descíamos em marcha pelas ruas da capital federal na luta camponesa por terra, território e dignidade. Era um dia lindo, acordamos ao som das belas canções da luta como também dos gritos de ordem! Organizados em filas nossas bandeiras tremulavam sob um lindo céu azul, em um impressionante contraste de cores.

Éramos de vários cantos desse imenso Brasil – Crianças, mulheres e homens trazendo consigo a luta de tantos outros que não podiam esta ali, mas que de longe mandavam suas energias para que nossa jornada fosse vitoriosa.

A nossa marcha de gigantes tomou as ruas, parou o transito e seguiu triunfante, apoios e solidariedade de todos os cantos, energia para continuarmos a nossa caminhada. Após um longo percurso entramos nas praças dos três poderes - Não existe coisa mais bela que o povo organizado marchando unificadamente com o mesmo objetivo.

Paramos em frente o palácio da alvorada, e fomos recebidos pelo exercito, pela guarda palaciana, pelo choque e pela PM distrital. Não era para tanto, só queríamos como cidadãos protestar pelos nossos direitos. Sobrou para nós apenas gás de pimenta no rosto e cassetetes.

Intimidar-nos já mais, quanto mais agredidos somos mais nos indignamos e lutamos! Assim deixamos nossa marca (ou sai reforma agrária ou paramos o Brasil). Seguimos nossa marcha encerrando triunfalmente em frente o congresso nacional.

Talvez muitos ali não sabiam, e nem tantos outros espalhados Brasil afora, mas estávamos fazendo história – Sim era o segundo congresso camponês da história. Os povos do campo, das águas e das florestas despertaram e não cessaram sua marcha enquanto não derrotamos a burguesia agrária desse país e distribuir a terra para quem nela trabalha.

Não foi a primeira marcha que participei, já tinha participado de importantes lutas camponesas e dês da primeira vez eu tive certeza de que lado eu sempre estaria, mas ali mais do que nunca tive certeza da minha escolha. Dedicarei todos os meus modestos esforços organizado, formando e lutando ao lado do setor mais pauperizado da classe trabalhadora - o campesinato sem terra.

*Pedro Ferreira – Educador Popular

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A dor virou resistência

*A todas as mães que tiraram da dor de perder os seus filhos a resistência para lutar por justiça.


Da dor de perder seus filhos
A resistência para lutar,
O estado até que tenta,
Mas a elas não vão calar.
Vitimas de um estado genocida
Á serviço do capital.
Política de extermínio da pobreza,
Violência policial!
Brasil sem miséria?
Com o extermínio da pobreza.
Realidade maquiada,
Como o corpo da globeleza.
Vidas perdidas
Em uma abordagem suspeita,
Corpos desaparecidos,
Jogados em qualquer valeta.
Justiça?
Não para classe trabalhadora.
Para o povo pobre, a justiça é inquisidora.
Da dor de perder seus filhos
A resistência para lutar,
O estado até que tenta,
Mas a elas não vão calar.

*Pedro Ferreira

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Poema que uma camarada fez dedicado a mim


                                                                Rosto de menino

*Por Ivi

(Dedicado a Pedro Ferreira)

Olho o seu rosto iluminado pelo sol, sorrindo a me olhar.
Rosto faceiro de menino, sorriso fácil, basta sorrir também.
Uma criança adulterada pelo tempo dos homens, com os ideais marcados na pele.
Um simples camponês com olhar revolucionário.
 Amor e amizade como prioridades de um ser complexo.
Mas os outros seres querem privá-lo disto!
 Destroem o amor, deturpam a liberdade e banalizam a revolução.
 Isto entristece o menino de tal forma, que o faz transformar raiva em vontade consciente de mudança ...
 Que se exploda então a rima! Que se parta em mil então a métrica!
Quando vem o sorriso de um certo menino. Que só quer ver raiar o sol da liberdade. Para que também possam sorrir os meninos que não conseguem em toda essa desigual sociedade.