terça-feira, 13 de maio de 2014

Nota do coletivo de Formação José Porfírio sobre a jornada de lutas contra a copa

“Se não tiver direitos não vai ter copa.”

A conta para a adequação das arenas do Mundial saltou de R$ 2,2 bilhões para R$ 8,005 bilhões, um aumento de 263% - ainda com as contas abertas.

E você sabe quem pagará esta conta? Infelizmente quem esta pagando esta conta é todos os brasileiros, em especial os trabalhadores. Pois o dinheiro que deveria esta sendo investido na Saúde, Educação, Cultura, Transporte público, combate ao déficit habitacional, reforma agrária esta sendo desviado para construção de obras da copa do mundo de futebol para encher os cofres das empreiteiras e os bolsos dos cartolas do futebol.

Somos todos um só?

A propaganda na televisão e outros meios de comunicação tenta enfiar goela abaixo de todo brasileiro um estado de espirito em que nada mais além da seleção brasileira importa. O objetivo é fazer com que o povo
brasileiro se esqueça dos profundos problemas econômicos e sociais por que passa o país.

O governo através da propaganda oficial tenta mostrar as maravilhas que a copa do mundo trará para o país. No entanto omite a realidade escondendo as graves denuncias de superfaturamento e desvio de dinheiro público das obras da copa do mundo. Além dos crimes que vem sendo cometido contra o povo trabalhador da periferia através de remoções e despejos.

Não querem que o povo lute pelos seus direitos

Através da lei geral da copa aprovada no congresso nacional que mostra a submissão do governo brasileiro ante as exigências da FIFA. Uma lei antidemocrática que criminaliza aqueles que bravamente estão denunciando e lutando contra os crimes que vem sendo cometido contra as trabalhadoras e os trabalhadores.

Mas se pensam que nos intimidaram e nos calaram estão enganados. Milhares de trabalhadores de norte a sul do país estão se organizando e se mobilizando contra os crimes absurdos que estão sendo cometidos para construção de obras da copa do mundo de futebol. E esta luta não é apenas nos estados sedes da copa do mundo, mas sim de todos nós brasileiras e brasileiros.

Copa para quem?

A maioria das brasileiras e dos brasileiros assistirá a copa como sempre assistiram e torcerão pela seleção brasileira de futebol como sempre torceram – Pela televisão. Pois a maioria dos trabalhadores brasileiros não tem condição de pagar ingresso para assistir aos jogos da copa. Por isso questionamos. Copa para quem? Com certeza não é para classe trabalhadora. A nós cabe apenas pagar a conta que não será nem um pouco baixa. Mas se pensam que ficaremos de braços cruzados, estão enganados. Gritemos de punhos cerrados – Se não tiver direitos não vai ter copa! Por tanto tomemos as ruas e praças do nosso país para lutar pelos nossos direitos já.

No Tocantins também vai ter luta contra a copa

Nesse sentindo chamamos as organizações de luta da classe trabalhadora tocantinense a protestarem no evento Tur da taça que passará por Palmas nesta quarta-feira (14/05), no capim dourado shopping e também na quinta-feira (15/05) no ato unificado dos movimentos populares tocantinenses na estação rodoviária do Aurini III, ás 16h.
Palmas – TO. 13 de Maio de 2014.


Coletivo de Formação José Porfírio         

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Uma singela homenagem a Dom Tomás Balduíno

Dom Tomás Balduíno no Grito dos Excluídos em Goiânia
Estou triste, profundamente triste
a incansável voz da resistência calou-se
estou triste, profundamente triste.

O incansável guerreiro que dedicou toda a sua vida
em defesa dos povos do campo, das águas e das floresta nos deixou.

Estou triste, profundamente triste.
não há palavras  capazes de descrever o que estou sentindo.
estou triste, profundamente triste.

Das tantas derrotas que sofremos nos últimos anos
perder-ti é a pior.
E isso me deixa triste, extremamente triste.

Sinto como se algo fosse arrancado de mim
de todos nós que lutamos por um mundo justo e igualitário
de todos nós que gritamos mesmo em tempos sombrios por liberdade.

Estou triste, profundamente triste.

Já mais esquecerei de tuas palavras
já mais esquecerei do teu exemplo
continuaremos tua luta velho guerreiro.

Não há palavras para louvar o teu exemplo
quem sou eu para querer ti homenagear com um poema
mas não poderia deixar de ao menos tentar
e falar o quanto estou triste, profundamente triste.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Contos: Últimos suspiros

Por Pedro Ferreira Nunes

Seu corpo estava estendido no chão do quarto, ainda tinha vida e dava os últimos suspiros. Sentia uma dor imensa no peito e estava banhado de sangue do tiro que acabara de receber.

O gosto do whisky que tomava a poucos minutos, já tinha sido substituído pelo gosto do sangue. Estava só, não conseguia gritar e mesmo se conseguisse ninguém o escutaria. Estava morrendo e era irreversível. A dor maior não era do tiro em si, mas de quem o dera.

Saiu do trabalho as 18h e foi direto para casa, no caminho parou apenas para comprar um whisky. Os telefonemas insistentes continuavam, mas ele mantinha a sua posição de não atende - lo. Era preciso por um fim naquela historia, já estava cansado, não via futuro naquilo que se tornara uma questão demasiadamente desgastante.

Ligou a TV, mas não achou nada de interessante para assistir, desligou e em seguida ligou o som e preparou uma dose de whisky. Queria esquecer-se de tudo aquilo, mas não conseguia parar de pensar, sabia que por algum tempo sofreria e que até nunca estaria curado totalmente, sempre haveria uma cicatriz. Mas com certeza não doeria tanto.

Desde o primeiro momento ele sentiu que era algo arriscado, mas o desejo falou mais alto e ele não teve como resistir, jogou-se totalmente, entregou-se de corpo e alma aquela historia. Pobre diabo, como ele previa aquilo se tornava cada vez mais perigoso. Não tinha mais jeito tinha que por um ponto final aquilo.

Sentiu que por mais que quisesse se continuasse ali naquela cidade aquele problema sempre viria bater na sua porta, era preciso sair dali, ir para outra cidade, quem sabe outro estado, começar uma nova vida, sim era preciso fazer isso, era preciso fugir dali. E foi isso que fez com que ele jogasse uma mochila nas costas e partisse daquela cidade.

Passara-se dois meses, tudo ia caminhando de forma tranquila, já estava em outra cidade, trabalhando e estudando. Ainda não conseguira sair e não tinha amigos, gostava de fica só ouvindo musica, trancado na quitinete que morava com uma garrafa de whisky na mão.

Não sabia como cargas d’águas conseguiram o telefone dele, mas nas ultimas duas semanas as ligações eram frequentes, imaginava consigo - Será que descobriram onde estou morando?

Decidira não atender, não queria ouvir a voz de ninguém, estava sofrendo por dentro, mas permaneceria firme sem recuar no seu proposito de concretizar por ali uma nova vida.

Quando preparava mais uma dose de whisky ouviu de repente as batidas de alguém o chamando na porta. Assustou – se, imaginou quem seria, pois ninguém além de sua família sabia onde estava morando. Nem mesmo os colegas do trabalho e do cursinho sabiam onde ele morava.

Hesitou em abrir, mas as batidas continuaram, perguntou quem era, mas ninguém o respondeu. Decidiu não abrir, mas as batidas continuavam, tentou ver quem estava lá fora, mas não tinha como. De repente tudo se fez em silencio, decidiu então abrir a porta para ver se via rastro de quem estivera por ali. Não havia ninguém.

Retornou então para dentro, trancou a porta e foi preparar mais uma dose de whisky , era o ultimo da noite, em seguida iria dormi, tinha que acordar cedo para ir até o cursinho e depois seguiria para o trabalho. Com o copo de whisky na mão decidi abrir a janela para observar o movimento na rua, era algo que não fazia com frequência.

Quando abriu a janela viu alguém conhecido na rua, mas foi rápido, de repente um tiro acerta seu peito e ele cai para trás, o copo de whisky voa longe, ele esta mortalmente ferido. Sim, não tinha enganado, vira muito bem quem fizera aquilo com ele, como podia ter sido tão cruel assim. Estava morrendo, já sentia o frio da morte percorrendo todo o seu corpo.

Tudo se fez em silencio, no seu quarto apenas a voz roca de Janis Joplin ecoava vindo do seu aparelho de som, um vento frio entrava pela janela, lá fora também tudo era silencio. No chão ao lado do copo de whisky que quebrara com o impacto da queda, ele acabava de dar seus últimos suspiros.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cronica: Seu Enoque: A Rua Paulino Marques não será mais a mesma.

Por Pedro Ferreira

Recebemos com muita tristeza a noticia da morte de seu Enoque, já havia mais de um mês que ele estava na UTI entre a vida e a morte. No entanto tal como a sua família tínhamos esperança de que ele se recuperasse e retomasse a sua vida normalmente ao lado de sua esposa, a querida dona Nelita e dos seus amigos aqui na Rua Paulino Marques.

Tudo aconteceu tão de repente, em um dia o vimos feliz, todo disposto, acabara de fazer uma viagem a sua terra natal, onde pode rever seus familiares e matar a saudade de amigos e parentes que não via há muito tempo. No outro dia já ficamos sabendo que ele havia sido internado em um estado bastante preocupante. Dai então passou mais de dois meses lutando bravamente pela vida, porém ao final acabou sendo derrotado.

Seu Enoque era um sujeito incrível, caboclo do Maranhã veio parar por essas bandas devido à construção da usina hidrelétrica na qual ele trabalhou como operário. Com o termino da construção da usina hidrelétrica apaixonou-se pelo local e juntamente com dona Nelita decidiu continuar morando aqui. Carismático, não havia ninguém que não o conhecesse que não simpatizasse com ele.

Estava sempre com um cigarro aceso, alias fora com certeza esse vicio que contribuiu para o agravamento do seu quadro de saúde e a sua morte tão repentina. Mas o que era mais marcante em seu Enoque, claro além da amizade e da disposição de ajudar a quem precisava, era sua gaitada, tinha uma gaitada estridente, de longe podia se ouvir, era uma gaitada tão gostosa, que não havia como não se contagiar com tão bela gaitada.

Ele gostava de sentar na porta da sua residência, na rua Paulino Marques, para bater um papo com os vizinhos bem como observar o movimento. Não raramente entre uma piada e outra, entre um papo e outro soltava a sua gaitada, e que bela era a sua gaitada.

Às vezes quando estou no quintal de minha casa, escrevendo ou assistindo TV, imagino que a qualquer momento ouvirei a gaitada do seu Enoque. É então que volto à realidade e vejo que é só uma viagem minha. Que seu Enoque não esta mais entre nós. Olho para rua e vejo que tudo é silencio. É então que percebo que a rua Paulino Marques nunca mais será a mesma, não terá mais a alegria, o carisma, e a amizade da figura incrível que era seu Enoque.

A amizade de minha família com seu Enoque e dona Nelita, o carinho e respeito pelo qual ele sempre me tratou me fez ver o quanto é bom morar no interior, sobretudo após morar quase 8 anos em Goiânia.

É triste saber que ele morreu em um quarto de hospital, entubado, cheio de aparelhos. Sem poder ver a terra que ele tanto amou, a casa que a duras penas construiu com dona Nelita, e as amizades que fizera por aqui. Talvez seria melhor ter morrido aqui, sentado na cadeira de macarrão que ele tanto gostava, olhando para rua e conversando com as pessoas que por aqui passavam.

Mas não podemos adivinhar a hora que ela chegará, o fato é que ela chegará para todos nós, sedo ou tarde ela chegará. Seu Enoque deixara muita saudades, em um mundo onde as amizades sinceras são cada vez uma utopia, sua amizade fará muita falta a todos nós que convivíamos com ele no dia a dia aqui na rua Paulino Marques.


- Descanse em paz seu Enoque. Descanse em paz velho guerreiro! Sentiremos muitas saudades suas por aqui.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Poema: Mudar é preciso!





Mudar é preciso!



Se ti falta trabalho,

saúde e educação.

Não tens moradia,

nem mesmo o pão.

Mudar é preciso,

vamos juntos irmãos!



Si o dinheiro público

vai pro ralo da corrupção,

Destroem o meio ambiente

e nossos gritos são em vão.

Mudar é preciso,

vamos juntos irmãos!



Si criminalizam nossas lutas

e expulsa- nos do nosso chão.

E se quando protestamos

nos jogam num camburão.

Mudar é preciso,

Vamos juntos irmãos.



Por Pedro Ferreira Nunes

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Poema

Subversivo

Por Pedro Ferreira Nunes

Caminho à noite pela cidade...
Na cabeça um objetivo
No coração um sonho
Na mochila subversão.

Caminho à noite pela cidade...
 A plantar sementes
Que espero um dia
Darão belos frutos.

Caminho á noite pela cidade...
Todos estão dormindo
Quando despertaram?
Quando levantaram?

Caminho á noite pela cidade
Apenas os cães ladram,
Se me descobrirem estarei morto.

Mesmo assim vou seguindo!

Caminho á noite pela cidade
Plantando sementes,
Pois sei,

Amanhã elas nasceram.