quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cronica: Seu Enoque: A Rua Paulino Marques não será mais a mesma.

Por Pedro Ferreira

Recebemos com muita tristeza a noticia da morte de seu Enoque, já havia mais de um mês que ele estava na UTI entre a vida e a morte. No entanto tal como a sua família tínhamos esperança de que ele se recuperasse e retomasse a sua vida normalmente ao lado de sua esposa, a querida dona Nelita e dos seus amigos aqui na Rua Paulino Marques.

Tudo aconteceu tão de repente, em um dia o vimos feliz, todo disposto, acabara de fazer uma viagem a sua terra natal, onde pode rever seus familiares e matar a saudade de amigos e parentes que não via há muito tempo. No outro dia já ficamos sabendo que ele havia sido internado em um estado bastante preocupante. Dai então passou mais de dois meses lutando bravamente pela vida, porém ao final acabou sendo derrotado.

Seu Enoque era um sujeito incrível, caboclo do Maranhã veio parar por essas bandas devido à construção da usina hidrelétrica na qual ele trabalhou como operário. Com o termino da construção da usina hidrelétrica apaixonou-se pelo local e juntamente com dona Nelita decidiu continuar morando aqui. Carismático, não havia ninguém que não o conhecesse que não simpatizasse com ele.

Estava sempre com um cigarro aceso, alias fora com certeza esse vicio que contribuiu para o agravamento do seu quadro de saúde e a sua morte tão repentina. Mas o que era mais marcante em seu Enoque, claro além da amizade e da disposição de ajudar a quem precisava, era sua gaitada, tinha uma gaitada estridente, de longe podia se ouvir, era uma gaitada tão gostosa, que não havia como não se contagiar com tão bela gaitada.

Ele gostava de sentar na porta da sua residência, na rua Paulino Marques, para bater um papo com os vizinhos bem como observar o movimento. Não raramente entre uma piada e outra, entre um papo e outro soltava a sua gaitada, e que bela era a sua gaitada.

Às vezes quando estou no quintal de minha casa, escrevendo ou assistindo TV, imagino que a qualquer momento ouvirei a gaitada do seu Enoque. É então que volto à realidade e vejo que é só uma viagem minha. Que seu Enoque não esta mais entre nós. Olho para rua e vejo que tudo é silencio. É então que percebo que a rua Paulino Marques nunca mais será a mesma, não terá mais a alegria, o carisma, e a amizade da figura incrível que era seu Enoque.

A amizade de minha família com seu Enoque e dona Nelita, o carinho e respeito pelo qual ele sempre me tratou me fez ver o quanto é bom morar no interior, sobretudo após morar quase 8 anos em Goiânia.

É triste saber que ele morreu em um quarto de hospital, entubado, cheio de aparelhos. Sem poder ver a terra que ele tanto amou, a casa que a duras penas construiu com dona Nelita, e as amizades que fizera por aqui. Talvez seria melhor ter morrido aqui, sentado na cadeira de macarrão que ele tanto gostava, olhando para rua e conversando com as pessoas que por aqui passavam.

Mas não podemos adivinhar a hora que ela chegará, o fato é que ela chegará para todos nós, sedo ou tarde ela chegará. Seu Enoque deixara muita saudades, em um mundo onde as amizades sinceras são cada vez uma utopia, sua amizade fará muita falta a todos nós que convivíamos com ele no dia a dia aqui na rua Paulino Marques.


- Descanse em paz seu Enoque. Descanse em paz velho guerreiro! Sentiremos muitas saudades suas por aqui.

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