quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

"O mundo está ao contrário e ninguém reparou": Alguns breves comentários sobre a conjuntura tocantinense, brasileira e mundial.

Camaradas;

Para encerrar o ano vamos a mais uma edição dos meus breves comentários sobre a conjuntura politica tanto a nível regional, nacional como também internacional. Ultimamente assistindo a telejornais e lendo periódicos, sobretudo na internet, me vem na cabeça com frequência o verso de uma canção que diz: o mundo esta ao contrario e ninguém reparou. É, parece que o mundo esta ao contrario mesmo, e o pior é que ninguém reparou, pois a paralisia é geral.

Vivemos tempos difíceis, tempos onde a mediocridade parece ter se tornado a palavra de ordem. E não se iludam, o pior não passou. Ainda esta por vir.

Trabalho – Está faltando por aí?

Me chamou a atenção a mensagem da assembleia legislativa do Tocantins em outdoors e pontos de ônibus espalhados pela capital tocantinense com os dizeres: Trabalho – esta faltando por aí? Na assembleia não.

É, provavelmente não esta faltando trabalho na assembleia. A questão é qual o resultado deste trabalho? A que interesses serve os projetos e as leis aprovadas por estes senhores? É verdade, trabalho não falta na assembleia, o que falta é parlamentares competentes para trabalhar pelos anseios do povo tocantinense.

Resultado – Está faltando por aí?

Diante disso o resultado não poderia ser outro, já no inicio do ano os parlamentares recriaram o auxilio moradia. Mais um gasto além dos salários exorbitantes que os deputados estaduais ganham, verbas indenizatórias entre outros privilégios. Ah, também houve aumento de gastos com pessoal, servidores comissionados, que na verdade são cabos eleitorais camuflados. Isso numa conjunta de cortes de gastos, a assembleia seguiu na contra mão, aumentando suas despesas.

Por outro lado não nos esqueçamos de que a assembleia aprovou sem nenhum pudor o ajuste fiscal do governo Marcelo Miranda (PMDB) que aumenta a carga tributaria sobre a população tão cansada de pagar pesados tributos sem receber serviços públicos de qualidade de volta.

É, de fato não falta também resultado na assembleia, no entanto tais resultados esta longe de ser o esperado pela população.

Transparência – Está faltando por aí?

Falar em transparência e não instalar uma CPI para investigar o desvio de dinheiro público na construção de pontes pelo governo Siqueira Campos (PSDB) e pelo atual governo Marcelo Miranda (PMDB), ou para investigar desvios de recursos na saúde. É no mínimo uma ironia. Transparência na assembleia? Se existisse mesmo não seria preciso uma propaganda (gastando dinheiro público, que poderia esta sendo aplicado em questões mais úteis) para divulgar o que toda população saberia.

A tribuna da assembleia legislativa virou palanque eleitoral

Qual o papel dos parlamentares do legislativo tocantinense? Fiscalizar o governo estadual ou o prefeito da capital? A tribuna da assembleia legislativa no ultimo período virou palanque eleitoral. Os deputados estaduais estão mais preocupados em fazer discurso e lançar pré-candidaturas com vistas ao pleito eleitoral de 2016 do que fazer seu trabalho de legislar em favor do povo tocantinense.

Governo Marcelo Miranda

Termina o ano como começou – enfrentando mais uma greve. No inicio do ano foi à greve da policia civil que durou mais de 30 dias. Depois foi a greve da rede estadual de ensino, no meio do ano. E agora para fechar 2015 foi deflagrada a greve dos servidores da saúde, greve que já vinha sendo anunciada há muito tempo.

Todas as três principais greves que ocorreram a nível estadual este ano tem o mesmo ponto deflagrador – a falta de cumprimento por parte do governo de acordos feitos com as categorias de servidores públicos estaduais. E isso não vai mudar, não enquanto os servidores não fizerem uma greve unitária no serviço público estadual.

Processo de impeachment contra Dilma Rousseff

Com a aceitação do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, Eduardo Cunha tenta tirar o foco do seu processo de cassação no conselho de ética na câmara dos deputados. E infelizmente tem conseguido. Nos últimos dias não se fala em outra coisa, a não ser do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.

Uma pergunta

O senador petista Delcidio do Amaral foi preso justamente por tentar impedir as investigações da operação lava jato. Eduardo Cunha não tem feito muito diferente na presidência da câmara dos deputados. Utiliza-se de todo tipo de manobra, chantagem e ameaça para não ser punido pelos crimes que cometeu. Por que mesmo diante de todas as provas já apresentada ele continua solto? Com a resposta nossa gloriosa justiça.

Stédile promete colocar o MST na rua para defender Dilma e a democracia

A questão é que nos últimos anos com o processo de antirreforma agrária do governo Dilma Rousseff, os acampamentos do MST estão esvaziados. E a base do movimento diminui drasticamente sem conquistas concretas.

O poder de mobilização do MST já não é tal como fora outrora, a sua autoridade como o principal movimento popular de resistência perdeu-se já algum tempo. A depender do MST para defender seu mandato, Dilma pode começar a arrumar suas malas.

A aliança entre PT e PMDB

Mario Quintana escrevera no seu poeminha “Alianças desiguais” o seguinte:
“Gato do mato e Leão, conforme o combinado,
Juntos caçavam corça pelo mato,
As corças escaparam... Resultado:
Não escapou o gato.”

Dois comentários sobre a conjuntura internacional – Primeiro: A questão do combate ao terrorismo.

Os governos capitalistas da Europa, do EUA e da Rússia continuam se equivocando na estratégia de combate ao terrorismo. A guerra ao terror deflagrada por George W. Bush em 2003, mesmo sendo um completo fracasso, continua em andamento. Até quando estas potências continuaram a politica do olho por olho e dente por dente? Tal caminho só gera a crescente violência e o avanço das ideias fascistas mundo afora.

Segundo: A derrota do chavismo na Venezuela nas eleições parlamentares

A responsabilidade é exclusivamente do próprio chavismo que não aprofundou um processo revolucionário de destruição do capitalismo e construção de um regime socialista de fato na Venezuela. Com a estagnação das politicas progressistas, houve um grande retrocesso no ultimo período. E diante de tudo isso os capitalistas não vacilam um dia em sabotar o governo de Nícolas Maduro, que infelizmente não tem nenhuma capacidade de dirigir um processo de aprofundamento de uma revolução de fato socialista na Venezuela – que rompa definitivamente com as bases da economia capitalista.

Um sopro de resistência

Sim, nem tudo é só desgraça, há também motivos para comemorarmos. Não há como não se empolgar com a luta dos estudantes secundaristas em São Paulo contra o fechamento de escolas e a reformulação de forma autoritária do ensino público daquele estado.

Que este sopro de resistência possa inspirar o conjunto da classe trabalhadora de norte a sul desse país de que não há alternativa se não tomar as ruas e ir pra luta, e impormos o que queremos, e não simplesmente deixar-se ir a revelia dos acontecimentos políticos.

“Nós caminhos em pequeno grupo por um caminho abrupto e difícil. Estamos cercados de todos os lados e precisamos caminhar, quase sempre, sob o fogo aberto. Nós nos unimos por uma decisão tomada livremente, exatamente para que possamos lutar contra o inimigo... Escolhemos o caminho de luta e não da conciliação”.
Lenin

Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Sobre A CPI na câmara dos deputados para investigar irregularidades na demarcação de terras indígenas e quilombolas pela FUNAI e pelo INCRA.

Ninguém tem duvida de que o real objetivo desta comissão parlamentar de inquérito seja de fato investigar as supostas irregularidades na demarcação de terras indígenas e quilombolas, não, ninguém pode ser tão ingênuo assim. Esta claro que o objetivo da bancada ruralista é o enfraquecimento destes órgãos (que, aliás, sofre ano após ano com um processo de sucateamento por parte do governo Dilma (PT)). E com isso encontrar caminho livre para aprovar a PEC 215 no plenário da câmara.

Essa questão está tão clara, que não vale apena ficar aqui gastando argumentos para provar tal afirmação. Mas vamos lá, veja só quem comandará a CPI – os deputados Alceu Moreira e Valdir Colatto (PMDB) e Nilson Leitão (PSDB). Ele mesmo, Nilson Leitão que presidiu a comissão especial que aprovou a PEC 215. Os três deputados fazem parte da bancada  ruralista no congresso nacional. Ora, sabemos muito bem qual será o relatório final apresentado por estes senhores, um relatório capcioso que corroborara com o objetivo principal dos ruralistas que é aprovar a PEC 215.

Não é a primeira vez que a bancada ruralista, que está no congresso nacional a serviço de latifundiários e das transnacionais que atuam no campo se utiliza desse tipo de tática que busca a criminalização e o enfraquecimento daqueles que não agem de acordo com seus interesses. Por exemplo, em 2010, foi instalada uma CPMI com o objetivo de investigar possíveis irregularidades por parte de organizações ligadas a movimentos sociais campesinos, ao final, por falta de provas contra os movimentos sociais, a CPMI foi arquivada.

A CPMI naquele período tinha como objetivo desqualificar o censo agropecuário apresentado pelo IBGE que mostrava resultados significativos da importância da agricultura familiar e camponesa em relação à agricultura patronal. E também buscava fortalecer a pauta ruralista na reforma do código florestal – e ao final acabaram saindo vitoriosos.

O palco foi montado, as luzes foram acesas e o show começou. Vamos ver até onde eles irão com esse espetáculo por demais repetido, tanto que já sabemos muito bem qual será o final. Apesar disso não devemos recuar um milímetro na luta contra a aprovação da PEC 215, por mais que a batalha pareça perdida. Mas como se diz popularmente – o jogo só acaba quando termina.


Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio. 

Estudantes e movimentos sociais fazem manifestação em seminário sobre o MATOPIBA na UFT com presença da ministra da Agricultura Kátia Abreu

Na ultima quinta-feira (26/11) ocorreu na UFT (campus de Palmas) um seminário sobre o MATOPIBA.  O auditório do CUICA ficou lotado de políticos, ricos fazendeiros e empresários tanto da capital como do interior do estado. Entre os políticos estava à deputada Estadual Luana Ribeiro (PR), o deputado federal Irajá  Abreu (PSD), o prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), o secretário estadual da agricultura Carlos Magno e a ministra da agricultura Kátia Abreu.

Estudantes e movimentos sociais não se intimidaram e durante a fala da ministra Kátia Abreu – protestaram erguendo cartazes contra a PEC 215, a substituição de florestas nativas por plantação de eucalipto e soja, o uso de agrotóxico na produção de alimentos, a violência contra os povos tradicionais – camponeses pobres, indígenas e quilombolas. Em suma, contra o modelo agropecuário hegemônico no Brasil, que destrói o meio ambiente e usurpa direitos dos povos do campo. Modelo este do qual Kátia Abreu é uma das principais representantes.

Jagunços travestidos de seguranças agem com violência contra manifestantes

A manifestação era para ocorrer de forma pacifica, mas ao final, jagunços travestidos de seguranças tentaram impedir a força (usando de violência desnecessária) que os manifestantes exercessem o direito democrático de protestar livremente.

Se o objetivo era intimidar os manifestantes o tiro saiu pela culatra, em vez de intimidar, a ação violenta dos jagunços da ministra Kátia Abreu só serviu para fortalecer os argumentos e o animo de estudantes e militantes de movimentos sociais que estavam ali protestando legitimamente. Os manifestantes conseguiram avançar e ocupar a frente do auditório com cartazes e gritos de fora Kátia Abreu e abaixo os ruralistas. E em seguida se retiraram.

O MATOPIBA

Um território de *73 milhões de hectares que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. É denominado pelo Ministério da Agricultura como a nova fronteira agrícola do Brasil. *Nessa região há 46 unidades de conservação, 35 áreas indígenas e 865 assentamentos de reforma agrária. No entanto no seminário não havia nenhum representante dessas comunidades.

O próprio cartaz de divulgação do MATOPIBA fala por si só qual o modelo de desenvolvimento o ministério da agricultura pretende desenvolver na região – um senhor com um grande sorriso, segurando um ramo com uma mão e com a outra chamando outros para investir na região e ao fundo um imenso campo com plantio de soja.

O projeto agrícola que pretendem desenvolver no MATOPIBA, não será muito diferente do projeto desenvolvido em Campos Lindos do Tocantins. A grande diferença é que a área atingida será muito maior. Em Campos Lindos diversos camponeses pobres tiveram que deixar suas terras para dá lugar a monocultura da soja, neste ano, Campos Lindos foi eleita a pior cidade para se viver na região norte. Pois como bem se sabe o desenvolvimento prometido pelo agronegócio brasileiro, gera riqueza apenas para uma pequena minoria, enquanto a grande maioria continua na miséria.

*Os 337 municípios que serão alcançados e os 25 milhões de habitantes que serão atingidos, especialmente os povos indígenas e os assentamentos de reforma agrária tem que se mobilizar para barrar esse projeto que não trará nenhum desenvolvimento para o povo que vive nessa região, a não ser para os grandes proprietários de terras, empresários e suas transnacionais.

É também tarefa de todos nós que lutamos por um modelo agrícola pautado na agroecologia e na soberania alimentar nos mobilizar e lutar contra este projeto de destruição do meio ambiente e usurpação das terras de camponeses pobres, indígenas e quilombolas.

“...Levante-te e olha tuas mãos,
Para crescer, aperta a de teu irmão;
Juntos iremos, unidos ao sangue,
Hoje é o tempo que pode ser amanhã...”
Victor Jarra
Pedro Ferreira Nunes – é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.


*Dados do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Fazenda liberdade II

- O que Miro? Não quero saber. Você já pensou a repercussão que terá este caso se estes trabalhadores conseguirem chegar à cidade e denunciar que estavam trabalhando em regime de escravidão na minha fazenda? Você sabe que pode ser cassado o meu mandato de senadora? Você não imagina o estrago que isso fará na minha imagem como palatina da ética, como defensora do homem do campo? E o meu projeto de ser governadora desse estado Miro? Você sabe muito bem que irá por água abaixo se essas denúncias vierem à tona. Mais não pense que eu me ferro sozinha, eu levo todos vocês comigo. Por tanto não quero saber como, mas resolva este problema, faça como você fez nos outros casos se preciso for. Ai na fazenda ainda há muita terra para se abrir covas para enterrar estes fujões.

- Pode deixar patroa, pode deixar que nós vamos resolver por aqui.

- Se precisar de reforço contrate mais jagunços. Mas resolva.

- Não precisa patroa, nós nos viramos com o que temos aqui. Quanto menos gente envolvida, melhor.

- Ok. Aguardo notícias e me mantenha informada.

Após tantos dias planejando como fugir daquela fazenda João, Raimundinho, Lazão, Neguim e Zezim haviam conseguido render e tomar as armas dos dois jagunços que ficavam os vigiando.

- O que a gente faz agora? A gente tenta chegar até a sede para pegar um carro para sair daqui? Pois para chegar até Miranorte caminhando demorara muito.

- Além do que devem de estão procurando pela gente.

- Vivo ou morto.

- É arriscado a gente tentar ir até a sede. Vamos caminhando até Miranorte se preciso for.

- Vocês viram aquelas covas. Deve ser de outros trabalhadores que morreram aqui. Se nos pegarem teremos o mesmo fim.

Enquanto isso a ordem de Miro para os jagunços da fazenda era uma só.

- Eles não podem sair vivos daqui. Tem muita coisa em jogo. Vocês sabem muito bem o que fazer, pois já fizeram isso muitas vezes. Por tanto vamos à caçada e divirtam-se.

Estava anoitecendo os amigos haviam caminhado o dia todo e nada de se depararem com uma viva alma. Não seria fácil sair daquela fazenda de repente um tiro seguido de um grito.

- Achamos eles, achamos eles.

Em seguida mais tiros. Agora dos dois lados.

- Vamos escondam-se. Gritou João para seus companheiros.

- O Zezim e o Neguim tão baleado. Vamos fugir, vamos fugir. Gritou Raimundinho desesperado.

Sem muita munição João e Lazão não conseguiram revidar por muito tempo os ataques dos jagunços. Se por um lado Zezim e Neguim estavam mortalmente feridos, do outro lado três jagunços também haviam tombado e foram obrigados a se retirarem deixando algumas armas para trás.

- E agora o que faremos? O Zezim e o Neguim estão mortos.

- Vamos ter que enterra-los aqui, não temos condições de leva-los. Mais eu prometo que nós vamos voltar para dar um enterro digno para eles e punir os responsáveis por isso.

- Eles deixaram algumas armas, vamos pega-las que nossas munições acabaram, pois com certeza eles viram atrás de nós agora com mais ódio ainda, pois matamos três deles.

- Você ouviu o que eles disseram. Que a senadora nos quer mortos. Essa fazenda é dela então.

- É verdade. Mas vamos resistir. Se a gente vai morrer que seja lutando. Gritou Lazão.

Durante a noite eles quase não conseguiram dormir, pois qualquer barulho que eles ouviam imaginava que poderia ser os jagunços sob o comando de Miro que estava chegando para mata-los.

- Precisamos continuar andando.

- Estão ouvindo este barulho. Deve ser os jagunços chegando vamos preparar uma emboscada?

- É preciso saber quanto eles são, pois dependendo do numero é suicídio só nós três encara-los.

- É melhor continuarmos a nossa marcha. Não temos condições de enfrenta-los, a não ser que tiverem divididos.

Já no final de mais um dia o combate era inevitável, pois os jagunços que há muito estavam no encalço de João, Raimundinho e Lazão havia os alcançados.
- Agora vocês não nos escapam.

E novamente começou o tiroteio.

- Não vamos desperdiçar balas, atira só se tiver certeza que vão acertar. Orientava João.

A peleja continuava e os amigos resistiam bravamente aos ataques dos jagunços. De repente Lazão é ferido, mas mesmo assim continua atirando.

- Aguenta Lazão, aguenta.

Do outro lado, dois jagunços já haviam sido tombados. Cada vez que um jagunço tentava avançar levava um tiro mortal. No local onde os amigos haviam se entrincheirados era muito difícil de conseguirem atingi-los, assim os jagunços ficaram incapazes de avançar sem si tornarem alvos fáceis.

- Cassete, esses caras tem o corpo fechado. Dizia Chicão para seus comparsas.

- Mais um. Vêm seus porcos, que vamos matar todos vocês. Gritava João eufórico.

Após perderem mais dois jagunços, a jagunçada teve que se retirar mais uma vez, pois a munição estava no fim. Enquanto haviam perdido quatro jagunços, todos os amigos escaparam com vida, apenas Lazão estava ferido de raspão no ombro.

O sol estava nascendo e ao longe Raimundinho conseguiu avistar uma torre telefônica. Todos se encheram de alegria, enfim sinal de civilização.

- Olha lá camaradas. É Miranorte. Conseguimos, conseguimos. Gritava Raimundinho.

- Calma, calma, vamos continuar marchando de forma cautelosa, pois eles devem está vindo com mais reforço.

- Estão ouvindo. É um carro. Será se são eles?

João foi olhar e percebeu que o carro vinha apenas com três pessoas, uma mulher e dois homens.

- Vamos tomar o carro, assim nós chegaremos a Miranorte mais depressa. Você dirige não é Raimundinho?

- Sim.

- Prepare as armas.

- Ei para se não a gente atira.

Para surpresa de João, Lazão e Raimundinho quem estava no carro era o Miro, o Chicão e a tal senadora.

- Calma, calma. Não atira, quanto vocês querem. Eu tenho muito dinheiro.

- O que a gente faz João? Levamos eles pra policia para que eles sejam presos?

- Vocês acham que eles serão presos? Que a justiça os jugará e os condenaram?

 Como ela disse, além de senadora tem muito dinheiro. É bem capaz de fazer todo mundo acreditar que nós é que somos os criminosos.

- Calma. Nós deixaremos vocês irem embora e não faremos nada com vocês. Falou Miro.

- Nós não acreditamos mais em sua palavra. Vamos fazer com esses vermes o mesmo que eles queriam fazer conosco.

- É isso ai, vamos fuzilar todos eles. Gritou Lazão.

E assim João, Lazão e Raimundinho descarregaram suas armas em Miro, Chicão e na Senadora. Por fim jogaram gasolina no carro e tocaram fogo com os corpos dentro.


- Vamos para casa camaradas, nossas famílias nos esperam. Estes vermes nunca mais escravizaram ninguém nesta terra.

Por Pedro Ferreira Nunes, do livro A morte do socialismo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Por uma jornada de lutas de norte a sul do país para derrotar a PEC 215

“Doravante o Brasil já poderá, legalmente antropófago, comer terra de Índio emancipada.”: Já dizia Dom Pedro Casaldáliga no seu hai-kai da minuta da emancipação. E é nesse sentido que estamos caminhando com o processo ultraconservador no campo brasileiro. Refletido na recente aprovação em uma comissão especial da câmara dos deputados da famigerada PEC 215.

A aprovação da PEC 215 que passa para a câmara dos deputados a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas, em comissão especial, segue agora para o plenário, onde os ruralistas, com uma frente composta por mais de 200 parlamentares, não terá grandes dificuldades de aprova-la.

Essa é apenas mais uma medida, das varias aprovadas pelos ruralistas nos últimos anos com o apoio do governo federal, que faz parte do projeto de antirreforma agrária em curso no país. Após a estagnação na criação de novos assentamentos de famílias sem terra, o foco dos ruralistas agora, com a omissão do governo federal, são os territórios indígenas.

O deputado federal Nilson Leitão (PSDB) presidente da comissão especial que aprovou a PEC 215 tem razão quando afirma que nos últimos anos o governo federal, comandado por Dilma Rousseff (PT), não demarcou nenhum território indígena. E que, portanto, não é o fato de passar para as mãos do congresso nacional que o processo de demarcação será parado, pois já esta. No entanto o deputado tucano omite que a intenção dos ruralistas não é dá celeridade a demarcação dos territórios indígenas, mas enterrar o processo de vez. Pois será isso que acontecerá se a PEC 215 for aprovada pelo plenário da câmara dos deputados.

Fazendeiros terão que ser indenizados caso tenham que deixar terras indígenas onde ocupam ilegalmente

Esse absurdo é uma das varias emendas aprovadas na comissão especial da câmara dos deputados que aprovou a PEC 215. Ora, com isso, os deputados não estão apenas anistiando os crimes cometidos por ruralistas contra os povos indígenas, como também, estão premiando com dinheiro público a aqueles que ilegalmente usurpam terras que não lhes pertencem.

Tal proposta é também um incentivo para que a invasão de terras indígenas por fazendeiros continue, pois se algum dia, algum dia! Vierem a ser retirados dessas áreas terão que ser indenizados. É inacreditável que tal proposta seja apresentada e aprovada – indenizar pessoas que cometem crime e penalizar as verdadeiras vítimas que passam anos sem ter o direito sagrado aos seus territórios? Não dá para acreditar.

A justificativa para tal absurdo, segundo o senhor Nilson Leitão (PSDB), um dos representantes da corja latifundiária do Mato Grosso que diariamente agride os povos indígenas, é dá segurança jurídica aos fazendeiros. Mas na verdade o que se está querendo fazer é dar garantia total de anistia para que os ruralistas continuem fazendo valer a lei da bala no campo brasileiro, especialmente no Mato Grosso.

Por uma jornada de lutas contra a aprovação da PEC 215

Os povos indígenas estão mobilizados e entrincheirados na defesa dos seus territórios – em marchas, ocupações e bloqueio de rodovias. E por sua ousadia vem sofrendo forte violência – muitos dos seus lideres foram assassinados e outros tantos estão marcados para morrer. Até quando as organizações da classe trabalhadora se silenciaram diante de tal absurdo?

A defesa dos territórios indígenas tem que ser incorporada urgentemente na ordem do dia das manifestações das organizações populares da cidade e do campo. E, por conseguinte, a luta contra a PEC 215. A tarefa de barrar o avanço do processo de antirreforma agrária e do projeto ultraconservador que avança a passos largos no campo brasileiro é do movimento operário, camponês e estudantil desse país. Precisamos avançar para construção de uma greve geral no Brasil, incluindo a pauta dos povos do campo, das águas e da floresta já.


Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sobre a manifestação dos estudantes da UFT – Campus de Palmas, a cerca do novo calendário acadêmico pós-greve.

Na ultima quinta-feira (05/11) estudantes da UFT fizeram uma manifestação no Campus de Palmas, tendo como principal reivindicação a questão do calendário acadêmico que será aprovado após á ultima greve que durou quatro meses. Estudantes dirigentes dos centros acadêmicos e professores vêm divergindo a cerca do recesso de aulas no final do ano. Enquanto os professores defendem um período de férias entre os dias 19 de dezembro de 2015 a 19 de janeiro de 2016. Representantes dos estudantes defendem que tenha aula nesse período afim de que diminua gradualmente o déficit de períodos que vem se acumulando nos últimos anos em decorrência das varias greves que foram realizadas na instituição.

Nosso objetivo aqui não é entrar no debate que vem sendo travado entre professores e estudantes a cerca do fato de que – se teremos férias ou não. Mas, sobretudo a cerca da forma com que esse debate vem sendo travado. Especialmente, sobre a tática que os representantes de centros acadêmicos vêm utilizando nessa disputa. Para nós o movimento estudantil na UFT- Campus de Palmas, tem se caracterizado, por demais elitista. Como também vem trabalhando contra aqueles que lutam por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.

É lamentável que estudantes e professores que deveriam caminhar juntos na construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade estejam em lados opostos. Tal disputa fortalece apenas um setor – aqueles que querem sucatear a universidade pública. Nesse sentido lamentamos também profundamente à posição de alguns representantes dos estudantes atuando contra a greve nas universidades federais, inclusive hostilizando os professores grevistas. Uma greve de professores e estudantes da UFT unificada com certeza teria obtido melhores resultados

Sobre o debate atual fazemos o seguinte questionamento – a posição que vem sendo defendida pelos presidentes dos centros acadêmicos, especialmente da Engenharia e do Direito, representa de fato a todos os estudantes da UFT do campus de Palmas tal como a mídia local tenta nos enfiar goela abaixo? Nos parece que não. Pois para que isso acontecesse, seria necessária a convocação de uma assembleia geral dos estudantes da UFT no campus de Palmas – para que tal decisão seja tomada coletivamente. Isso inclusive faria com que os representantes dos centros acadêmicos tivessem mais força na discussão sobre o novo calendário acadêmico.

E por que uma assembleia geral dos estudantes não é convocada? Esta claro que é pelo fato de que não há interesse de que todos os estudantes participem desse debate. Pois estes senhores dirigentes dos centros acadêmicos estão pouco pensando nos interesses dos estudantes, mas sim no seu próprio umbigo, nos seus interesses pessoais. Enquanto não lutarmos para construirmos um movimento estudantil popular na UFT no campus de Palmas – essa realidade permanecerá.

Como bem mostra o processo eleitoral do centro acadêmico de Filosofia – o edital de convocação para eleição foi divulgado no dia 06 de novembro (sexta-feira) com o período para inscrição de chapa até os dias 09 e 10 de novembro e cinco dias depois a eleição. Um processo eleitoral feito assim á toque de caixa, tem apenas um objetivo –manter o mesmo grupo que lá já esta. Pois num período tão curto será impossível o surgimento de uma força alternativa para disputar o C.A de Filosofia da UFT- Campus de Palmas, e pior ainda, a possibilidade de um debate profundo sobre a universidade que estamos ou queremos construir.

Por um movimento estudantil popular na UFT – campus de Palmas.

Precisamos lutar para que o movimento estudantil na UFT – Campus de Palmas tenha um caráter popular – compromissado com a luta pelos direitos do povo trabalhador e a construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade. E não um movimento estudantil elitista tal como é atualmente. Precisamos o quanto antes lutar para renovarmos as direções dos centros acadêmicos e do diretório central dos estudantes – que não representam todos os estudantes.

“Um dos grandes deveres da universidade é implantar suas práticas profissionais no seio do povo”.
Ernesto ‘Che’ Guevara

Pedro Ferreira Nunes é educador popular, estudante de Filosofia da UFT- Campus de Palmas e militante do Coletivo José Porfírio.


Solicitação de audiência pública para discutir a construção de casas populares em Lajeado.






Oficio Nº001/15

Ao excelentíssimo senhor José Portilho – Presidente da Câmara de vereadores de Lajeado do Tocantins e demais vereadores.

Viemos por meio deste, solicitar a câmara de vereadores de Lajeado do Tocantins, a convocação de uma audiência pública para discutir as obras de construção da segunda etapa de casas populares no setor norte-sul. Com a presença da prefeitura municipal, a empresa responsável pela obra, o ministério público e os moradores que serão beneficiados com as casas populares.

A audiência pública se faz necessária para discutir a situação das obras de construção da segunda etapa de casas populares no setor norte-sul, que iniciaram há mais de dois anos e ainda não tem nenhuma previsão para sua conclusão. Como também averiguar e investigar uma série de reclamações e denuncias a cerca do descaso da prefeitura municipal e da empresa responsável pela construção das casas populares.

As famílias denunciam um jogo de empurra-empurra entre a prefeitura municipal e a empresa responsável pela obra. E com isso não sabem a quem recorrer – a quem cobrar o andamento das obras de maneira satisfatória. Outra questão grave é a denuncia a cerca de desvios de materiais de construção, privilégios há algumas famílias em detrimento de outras e o absurdo dos beneficiários tendo que tirar dinheiro do próprio bolso para arcar com as despesas de construção das casas, sem ter a minha garantia de que serão ressarcidos, como foi prometido pelo engenheiro chefe da obra e um representante da prefeitura municipal.

Tais questões não podem ficar sem esclarecimentos. Ora, as famílias não podem de forma alguma pagar pela falta de competência do poder público municipal e de terceiros. Não podem pagar uma divida que não foi feita por eles. Diante disto, e sabendo do compromisso de vossas senhorias como representantes do povo desta cidade – com a fiscalização das ações da gestão municipal, como também com a luta por serviços públicos que atendam a necessidade da população lajeadense – esperamos – que atendam a nossa solicitação. Que não é uma solicitação apenas do Coletivo José Porfírio, mas, sobretudo das famílias lajeadense que tem sofrido na pele este problema.

Nada mais para o momento, atenciosamente,
Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio – Fortalecendo a luta do povo trabalhador tocantinense.

“Lutam melhor, os que têm belos sonhos.”
Ernesto ‘Che’ Guevara