Participantes da roda de conversa |
A turma do 2º período
do curso de Filosofia e Teatro e o Centro Acadêmico de Filosofia realizaram a
roda de conversa sobre homossexualidade e a questão do óbvio no ultimo dia 12
de maio no campus da UFT em Palmas. O evento fez parte das atividades de
formação da disciplina de Filosofia da Educação ministrada pelo professor José
Soares.
A questão da
homossexualidade e a homofobia tem sido um tema recorrente no nosso cotidiano.
Especialmente a partir da discussão sobre o projeto da “cura gay” e do Estatuto
da família no congresso nacional. E a nível regional com a polêmica em torno da
questão de gênero no plano municipal de educação vetado pelo prefeito Carlos
Amastha (PSB) e pela câmara de vereadores de Palmas.
A discussão em torno
dessa questão está permeada de tabus e preconceitos. Sobretudo pela forma
distorcida e dogmática com que o problema é tratado e a interferência por parte
das igrejas neopentecostais. Nesse sentido
é fundamental a desconstrução desses tabus e preconceitos em torno da
homossexualidade para combatermos a homofobia. Sendo que a educação tem um
papel fundamental neste processo.
Nesse sentido foi
extremamente positivo o dialogo com o militante da causa LGBTT Alexandre
Araripe sobre homossexualidade e a questão da homofobia. Sua militância na área
da saúde, especialmente ligada aos setores mais marginalizados desse segmento,
mostrou os grandes desafios que temos pela frente. Sobretudo no campo da
formação para descontruirmos a visão conservadora que tem avançado no último
período na nossa sociedade.
Por exemplo, é
necessário descontruirmos o falso debate em torno da tão falada “ideologia de
gênero”. Que não existe na realidade. Como também da “cura gay”, já que não se
pode curar quem não está doente. Tal desconstrução tem que se dá a partir de
uma visão laica da sociedade e não moralista como da igreja. Pois é a visão
moralista da igreja que leva a naturalização do machismo, do sexíssimo, do
racismo e da homofobia.
Aliás, o combate à
homofobia é um dos grandes desafios que temos na atualidade. Por mais que se
tente negar os números de assassinatos de homossexuais falam por si só. Em 2014
foram 326, um aumento de 4,1% em relação a 2013. O que mostra bem como a homofobia
vai de uma forma velada a o ódio extremo. A naturalização desses crimes por
parte da sociedade bem como a impunidade contribuem para esse aumento
significativo.
Diante dessa dura
realidade Alexandre Araripe nos deixou um questionamento – Como construir um
aluno/educador mais tolerante com as diferenças? Eis ai o grande desafio do
momento, não só na sala de aula, mas na sociedade em geral. Sem tolerância não
há dialogo, não há aprendizado, só o ódio pelo ódio. Atividades de formação
como essa roda de conversa é uma iniciativa importante. No entanto é preciso
massificar tais processos de formação. Como também lutar por politicas públicas
que garanta direitos aos LGBTT´s. Bem como punir exemplarmente aqueles que
cometem crimes de ódio como é o caso da homofobia.
Por fim ressaltamos a
importância da Universidade Federal do Tocantins realizar esse tipo de debate.
Especialmente numa sociedade tão conservadora como é a tocantinense. Com isso
esta cumprindo a sua verdadeira função social. Nós estudantes do curso de
Filosofia compromissados com as causas sociais não abriremos mãos de lutar por
uma universidade verdadeiramente pública e que esteja aberta para os movimentos
sociais e suas lutas.
Pedro
Ferreira Nunes é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.