sexta-feira, 27 de maio de 2016

Crônicas da UFT: Roda de conversa sobre “Homossexualidade e a questão do óbvio”

Participantes da roda de conversa
A turma do 2º período do curso de Filosofia e Teatro e o Centro Acadêmico de Filosofia realizaram a roda de conversa sobre homossexualidade e a questão do óbvio no ultimo dia 12 de maio no campus da UFT em Palmas. O evento fez parte das atividades de formação da disciplina de Filosofia da Educação ministrada pelo professor José Soares.
A questão da homossexualidade e a homofobia tem sido um tema recorrente no nosso cotidiano. Especialmente a partir da discussão sobre o projeto da “cura gay” e do Estatuto da família no congresso nacional. E a nível regional com a polêmica em torno da questão de gênero no plano municipal de educação vetado pelo prefeito Carlos Amastha (PSB) e pela câmara de vereadores de Palmas.
A discussão em torno dessa questão está permeada de tabus e preconceitos. Sobretudo pela forma distorcida e dogmática com que o problema é tratado e a interferência por parte das igrejas neopentecostais.  Nesse sentido é fundamental a desconstrução desses tabus e preconceitos em torno da homossexualidade para combatermos a homofobia. Sendo que a educação tem um papel fundamental neste processo.
Nesse sentido foi extremamente positivo o dialogo com o militante da causa LGBTT Alexandre Araripe sobre homossexualidade e a questão da homofobia. Sua militância na área da saúde, especialmente ligada aos setores mais marginalizados desse segmento, mostrou os grandes desafios que temos pela frente. Sobretudo no campo da formação para descontruirmos a visão conservadora que tem avançado no último período na nossa sociedade.
Por exemplo, é necessário descontruirmos o falso debate em torno da tão falada “ideologia de gênero”. Que não existe na realidade. Como também da “cura gay”, já que não se pode curar quem não está doente. Tal desconstrução tem que se dá a partir de uma visão laica da sociedade e não moralista como da igreja. Pois é a visão moralista da igreja que leva a naturalização do machismo, do sexíssimo, do racismo e da homofobia.
Aliás, o combate à homofobia é um dos grandes desafios que temos na atualidade. Por mais que se tente negar os números de assassinatos de homossexuais falam por si só. Em 2014 foram 326, um aumento de 4,1% em relação a 2013. O que mostra bem como a homofobia vai de uma forma velada a o ódio extremo. A naturalização desses crimes por parte da sociedade bem como a impunidade contribuem para esse aumento significativo.
Diante dessa dura realidade Alexandre Araripe nos deixou um questionamento – Como construir um aluno/educador mais tolerante com as diferenças? Eis ai o grande desafio do momento, não só na sala de aula, mas na sociedade em geral. Sem tolerância não há dialogo, não há aprendizado, só o ódio pelo ódio. Atividades de formação como essa roda de conversa é uma iniciativa importante. No entanto é preciso massificar tais processos de formação. Como também lutar por politicas públicas que garanta direitos aos LGBTT´s. Bem como punir exemplarmente aqueles que cometem crimes de ódio como é o caso da homofobia.
Por fim ressaltamos a importância da Universidade Federal do Tocantins realizar esse tipo de debate. Especialmente numa sociedade tão conservadora como é a tocantinense. Com isso esta cumprindo a sua verdadeira função social. Nós estudantes do curso de Filosofia compromissados com as causas sociais não abriremos mãos de lutar por uma universidade verdadeiramente pública e que esteja aberta para os movimentos sociais e suas lutas.

Pedro Ferreira Nunes é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.


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