quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Crônica: Minutos que parecem horas, horas que parecem minutos II.

Há momentos que queremos que as horas passem devagar, já outros esperamos que passe rapidamente. E é justamente no momento que queremos que ás horas passe de pressa que elas parecem parar, já nos momentos que queremos que as horas parem é que elas passam mais de pressa ainda. É aquela máxima “tem horas que parecem minutos, e minutos que parecem horas”. As horas que parecem minutos podem ser tanto agradáveis como desagradáveis, já os minutos que parecem horas são sempre desagradáveis.No mesmo dia eu vive a experiência de passar por horas que pareciam minutos e por minutos que pareciam horas. E não foi nem um pouco agradável, pois as horas que pareciam minutos foi de muita angustia. E os minutos que pareciam horas foi mais angustiante ainda.

Na crônica anterior “Minutos que parecem horas, horas que parecem minutos I”relatei a angustia que foi esperar um ônibus, num domingo, para ir até Palmas fazer a prova de um concurso público. Depois do termino da prova a angustia recomeçou com a espera para pegar um transporte de volta para casa. Como tinha terminado a prova cedo acreditava que não teria muitos problemas em pegar um ônibus para o Lajeado, apesar de ser um domingo – um dia não muito bom para quem depende de transporte público se deslocar. E apesar de chegar ainda cedo no ponto do primeiro coletivo que teria que pegar percebi que não seria fácil. Todos que passavam estavam lotados o que me obrigou a ir caminhando até o ponto principal. E chegando lá recebi a triste noticia de que o ônibus que eu pretendia pegar havia acabado de passar. Quase entrei em desespero, pois já era mais de 18h, e quanto mais avançava ás horas mais difícil de transporte ficava. No entanto o jeito era esperar já que não havia muito o que fazer.

Ao contrario do sufoco da parte da manhã quando estava indo fazer a prova – que o tempo parecia correr depressa e eu queria que ele andasse devagar, agora não – o tempo parecia andar extremamente lento enquanto eu desesperadamente rezava para que ele andasse de pressa. Mas o tempo parecia não passar. E o que não passava na verdade era o ônibus. Foi então que apareceu outra alma para dividir comigo a agonia de esperar o ônibus. O que fez com que me tranquilizasse um pouco, sobretudo por que ela sempre sorrindo da nossa desgraça comentava – é melhor sorrir do que chorar.Mas na verdade era que estávamos os dois desesperados, já era 21h e nada de ônibus. A possibilidade de termos que dormirmos rodados ali na capital tornava-se cada vez mais real. Mas para nossa alegria surgi um ônibus – damos um sinal para ele parar, mas o mesmo não para, e nossa alegria se vai.

Pronto, tudo estava perdido. Começamos a fazer planos de onde dormiríamos. Já que grana para hotel estava fora de cogitação e muito menos incomodar algum conhecido. Não consigo esconder o meu desespero – depois de um dia tão angustiante ainda teria que dormir ali rodado, e nem a bela companhia do meu lado me animava.

- Vamos para rodoviária ou para o hospital geral. Pelo menos não ficaremos sozinhos lá. Sempre tem gente.

- Mas vamos esperar mais um tempo, pelo menos até ás 11h.

Passado um bom tempo, quando nossas esperanças já estava acabando, eis que surge uma Van.

– Essa é a nossa ultima esperança. Me disse a companheira. Damos um sinal para o veiculo parar, o mesmo diminui a velocidade, no entanto parece que não irá parar. Olhamos um para o outro já sem esperança. Mas para nossa surpresa o ônibus para um pouco a nossa frente. Olhamos um para o outro, sorrimos e corremos para pega-lo. Enfim toda a nossa angustia torna-se alegria. Ao longo do caminho vamos percebendo que não era apenas nós que estávamos naquela angustia que não parecia ter fim. Muita gente estava esperando o ônibus para voltar para casa. Sempre que o ônibus parava num ponto para pegar mais um passageiro – Gritavam: – Aperta mais um pouco que aqui é igual coração de mãe, sempre cabe mais um.

É. Não foi um dia fácil para mim, no entanto após passar por todo aquele sufoco tudo parecia muito menos dramático do que fora de fato. Afinal de contas consegui fazer tudo que havia planejado, apenas com uma intensa carga de dramaticidade só por que vivi intensamente a experiência de passar por horas que parecem minutos e minutos que parecem horas.


Pedro Ferreira Nunes – Poeta e Escritor tocantinense.

Reflexão sobre o baixo nível de leitura no Tocantins

Biblioteca não é deposito de livros. Professor que não lê não ensina a ler e a importância da literatura regional no estimulo a leitura.

A escola que deveria ser um local de estimulo a leitura, sobretudo em um país onde há um baixo nível de leitura – em média o brasileiro lê apenas dois livros por ano. Percebemos o contrario como aponta o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Os resultados aponta que 50,99 dos estudantes estão abaixo do nível de leitura adequado. E se formos analisar á realidade regional percebemos que o Tocantins esta numa situação ainda pior.Ora, numa avaliação onde o Brasil ficou nas ultimas colocações, o Tocantins conseguiu o feito juntamente com outros quatorze estados de ficar abaixo da média nacional.

Isso mesmo, enquanto na média nacional em leitura o Brasil ficou com 407 pontos o Tocantins conseguiu apenas 376. O que o coloca entre os seis piores estados nesse quesito.Diante disso o que fazer para que a escola pública, sobretudo, ao contraio de desestimular, desperte o gosto pela leitura? Não são poucos os especialistas que se desdobram tentando responder essa questão, no entanto até o momento não se tem uma resposta pronta e acabada. Na nossa visão é preciso avançar em três questões para que a escola contribua para a melhora do nível de leitura: Primeiro – Professor que não lê não pode ensinar a ler. Segundo – Biblioteca não é deposito de livros. E Terceiro –a importância da literatura regional no estimulo a leitura.Precisamos avançar nessa compreensão, que parece simples, mas que na prática não é bem assim.

Na prática grande parte dos professores não lê. E não por que não querem ou não acham importante. Mas pelo fato de uma carga de trabalho excessiva que consome todo o seu tempo. No entanto um professor que não lê não tem nenhuma condição de despertar no estudante o gosto pela leitura. O que acontece é que esse professor que não lê é incapaz de trazer alguma novidade e assim se agarra a uma lista de leituras obrigatórias que ele também não lê. Assim ao invés de passar o hábito da leitura como algo prazeroso, o que se faz é obrigar o aluno a ler. Esse por sua vez finge que lê, mas nada entende. Certa vez um escritor no programa “Sempre um papo” da TV Câmara afirmou que “deveria ser considerado crime, alguém que não gosta de literatura dar aula de literatura”. Isso não saiu da minha cabeça, pois é de fato o que acontece na escola pública – professores que não entendem de literatura, que não lê –exigindo que o aluno se torne um leitor. Ora, esse professor que não lê a única coisa que conseguirá é assassinar o prazer da leitura.

Biblioteca não é deposito de livros

A biblioteca deveria ser um espaço de estimulo a leitura. Um ambiente que possibilite o encontro do estudante com o prazer de ler um bom livro. Mas na prática as bibliotecas mais se assemelham a depósitos de livros. Geralmente fica numa sala isolada, sem muito espaço, com uma formalidade excessiva e pouco convidativa. Com uma bibliotecária que passa um bom tempo organizando os livros, mas que é incapaz de conversar com os estudantes e lhes dá uma boa dica de leitura. Assim os estudantes só vão lá quando são obrigados a ler algum livro para fazer um trabalho.

Quando eu era estudante do ensino fundamental só vim descobrir que a escola tinha uma biblioteca e que lá se podia pegar livros emprestados para lê em casa quando estava na 5º série. E foi acidentalmente, entrei por acaso na biblioteca, por não querer participar da aula de educação física, ai a bibliotecária veio falar comigo e me indicou a leitura de um romance infanto-juvenil – “A ilha perdida”, da Maria José Dupré. E disse que eu podia levar para ler. Espantado questionei: Eu posso levar para casa? – Sim, claro. Você só precisa preencher a ficha. E desde então semanalmente eu ia até a biblioteca pegar um novo livro. Desde então as coisas não mudaram tanto, pelos lugares onde estudei, inclusive hoje na Universidade Federal do Tocantins, a biblioteca se assemelha mais a um deposito de livros do que um lugar de estimulo a leitura. E que muitas vezes parte dos alunos se quer sabe que existe.

É preciso, portanto, mudar essa realidade. É preciso ocupar as bibliotecas – lhes dá vida através de eventos literários – oficinas literárias, leituras coletivas, sarais, roda de conversa com poetas e escritores. É preciso transformar toda a escola numa biblioteca e não condicionar a coleção de livros apenas uma sala ou um lugar qualquer. Só assim as bibliotecas se transformaram num lugar atrativo e não num espaço que o estudante procura apenas quando tem que fazer algum trabalho. Ou pior, num deposito de livros.

A importância da literatura regional no estimulo a leitura

Além da compreensão de que professor que não lê não ensina a ler, de que biblioteca não é deposito de livros. Também precisamos nos atentar para importância da literatura regional no estimulo a leitura. Nesse sentido é preciso que as escolas incentivem e trabalhem a leitura de obras regionais. Essas obras no geral falam da realidade que os jovens estão inseridos e por tanto mais fáceis de serem compreendidas. A proposta aqui não é substituir a leitura de clássicos por obras regionais, pelo contrario, a leitura de obras regionais é apenas uma porta de entrada para obras clássicas da literatura brasileira e mundial. Trabalhar com escritores regionais também dá a possibilidade de uma interação entre escritores e leitores e, por conseguinte a desmitificação de que escrever é algo para “escolhidos”. Além do fato de que não há ninguém melhor para estimular a leitura do que o próprio escritor, que é antes de tudo um grande leitor.

Nessa linha é lamentável que o salão do livro tenha sido mais uma vez engavetado pelo Governo do Tocantins, pois “o salão do livro tem um papel importante na promoção da literatura, sobretudo a que é feita a duras penas no nosso Estado. Como também sendo um espaço de estimulo ao gosto pela leitura – conquistando novos leitores e estimulando o surgimento de novos escritores”. (Nunes, 2015).

Segundo Guevara (1959) “um povo que não sabe ler nem escrever é fácil de ser enganado”. O que nos faz questionar se os governos de plantão estão tão preocupados com o baixo nível de leitura dos estudantes. Já que esse baixo nível favorece justamente para que estes senhores permaneçam no poder. E se analisarmos a MP da reforma do ensino médio perceberemos que a ideia é manter as coisas como estão. Por tanto não tenhamos a ilusão de que ações tomadas de cima para baixo modificaram alguma coisa. Pelo contrário, a MP da reforma do ensino médio e o projeto da “escola sem partido” vem no sentido de piorar o que já é ruim – o nível de leitura. Pois não modificaram questões essenciais como Biblioteca não é deposito de livros, Professor que não lê não ensina a ler e a importância da literatura regional no estimulo a leitura.

Pedro Ferreira Nunes é – Poeta, Escritor e Educador Popular.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

NÃO A UHE MONTE SANTO! NÃO AO HIDRONEGOCIO! PELO FIM DA DESTRUIÇÃO DO RIO TOCANTINS E SEUS AFLUENTES!


Esta em curso mais um projeto de construção de uma Usina Hidrelétrica no Tocantins que impactará diretamente as comunidades tradicionais e o bioma da região. Trata-se da UHE Monte Santo um empreendimento que pretendem implementar no Rio do Sono, na cidade do Novo Acordo. O projeto encontra-se na fase de licenciamento ambiental que esta sendo conduzido pelo Naturatins.

A UHE Monte Santo é mais uma expressão do modelo de desenvolvimento que está em curso há vários anos no Tocantins. Um modelo de desenvolvimento baseado na destruição do patrimônio histórico, cultural e ambiental. E uma das vertentes desse modelo é o chamado hidronegócio – produção de energia para comercializar e não para atender a necessidade da população. Partindo dessa logica o que importa é o lucro e não os impactos socioambientais desses empreendimentos. Como exemplo, podemos citar a UHE Luiz Eduardo Magalhães (Lajeado) e a UHE Peixe Angical (Peixe).

O legado do hidronégocio no Tocantins

Água para vida ou para o lucro? Para o hidronégocio não há duvida – para o lucro. E os empreendimentos hidrelétricos construídos no Tocantins estão a serviço do lucro e não da vida. Basta ver o rastro de destruição ambiental e os impactos sociais que ficaram de legado para população atingida pela construção das UHE Luiz Eduardo Magalhães e Peixe Angical. O progresso prometido só deixou rastro de destruição, como por exemplo, diversas vezes os noticiários nacionais repercutiram a mortandade de peixes no rio Tocantins em decorrência da operacionalização das UHEs. Centenas de famílias tiveram que deixar suas terras e foram assentadas em terras inférteis, a produção nas vazantes do rio acabaram prejudicando a produção de alimentos na região – e se quer esses pequenos camponeses foram indenizados. A cada ano a quantidade de peixe diminui como também a diversidade de espécies. O que também tem diminuído é o volume de água do rio Tocantins, chegando ao ponto de quase se conseguir atravessar caminhando o trecho entre Miracema e Tocantinia.

UHE no Rio do Sono também afetará o Rio Tocantins

O Rio do Sono é o maior rio localizado inteiramente no território tocantinense. E que deságua no Rio Tocantins na altura do município de Pedro Afonso. Logo, se construído uma UHE no Rio do Sono, o Rio Tocantins também será impactado. E a situação critica do principal rio que banha o Estado tende a piorar. O que vemos, portanto é que após destruírem o principal rio do Estado – o rio Tocantins, agora querem destruir o segundo mais importante – o rio do Sono. E se a população não se mobilizar para dar um basta nesse modelo de desenvolvimento os rios do Tocantins continuaram sendo destruídos por essa burguesia agrária que governa o Estado.

Progresso e Desenvolvimento para quem?

Que progresso é esse que para existir precisa destruir o patrimônio histórico, cultural e ambiental? É a ordem capitalista que avança interior adentro. E que em busca de lucros exorbitantes não pensa duas vezes em destruir o patrimônio local. Esse é o progresso que defende os empreendedores e os defensores da UHE Monte Santo. Progresso que não serve aos indígenas, aos quilombolas, aos ribeirinhos e nem a maioria da população. Progresso que gera lucros para as elites enquanto migalhas são jogadas para o resto da população. Já sobre o desenvolvimento prometido basta ver a realidade dos municípios onde foram construídas a UHE Luiz Eduardo Magalhães e Peixe Angical – pouca coisa mudou a não ser os casos de corrupção que pipocam a cada dia e também o aumento da criminalidade e da pobreza. Os serviços públicos são precários e o desemprego expulsa anualmente centenas de pessoas de sua terra natal. Além de tudo isso a responsabilidade social com a comunidade por parte dos empreendedores é nula. Por exemplo, no município de Lajeado, não existe nenhum projeto de educação ambiental patrocinado pela multinacional portuguesa (EDP/Investco) que hoje controla a UHE Luiz Eduardo Magalhães.

População de Novo Acordo se Mobiliza contra a UHE Monte Santo

Ao contrario de anos atrás, sobretudo, quando da construção da UHE Luiz Eduardo Magalhães no município de Lajeado – que a hidrelétrica foi enfiada goela abaixo da população sem nenhuma resistência. Sobretudo pela falta de informação dos impactos socioambientais que atingiriam a região. A realidade agora é outra – o que ficou latente na audiência realizado pelo Naturatins no ultimo dia 23 de novembro em Novo Acordo. Que contou com uma grande participação popular – a população se mostrou bastante preocupada com os impactos da construção da UHE Monte Santo. O que é de extrema importância, pois só a mobilização popular pode barrar esse projeto. Nesse sentido não podemos ter nenhuma duvida quanto ao papel do Naturatins nesse processo. Pois o Naturatins no Tocantins existe justamente para homologar os interesses das elites agrárias e correr atrás de pescador – logo, se a população na se mobilizar, o Naturatins vai com certeza liberar a licença ambiental para construção da UHE Monte Santo.

Abaixo-assinado contra a UHE Monte Santo

E a população da região esta mostrando que vai ter mobilização e resistência. Foi nesse intuito que o abaixo-assinado contra a UHE Monte Santo foi criado. Abaixo-assinado para o NATURATINS, IBAMA, Governo Estadual, Governo Federal e Supremo Tribunal Federal. A população contraria a UHE Monte Santo denuncia: “A construção da UHE Monte Santo ocasionará muitos malefícios ao ecossistema, a população ribeirinha local e todos atingidos diretos e indiretamente pela edificação da usina prevista para ser construída no Rio do Sono”.

O texto do abaixo-assinado chama atenção para o fato de que a região faz parte do Jalapão que é um importante patrimônio brasileiro e também para os impactos socioambientais – tanto na flora e na fauna como também no modo de vida dos ribeirinhos. Por fim, denunciam o estudo realizado pela empresa que fez a consultoria ambiental: “Consideramos que o estudo apresentado pela empresa que fez a consultoria ambiental não apresenta de forma integral as características que fundamentam a obra”. O que não nos surpreende, pois essas empresas servem na verdade para maquiar a realidade. O que eles mostram não passa nem perto do que de fato ocorrerá. Diante disso nós do Coletivo José Porfírio nos somamos aos que se colocam contra esse empreendimento, bem como conclamamos a todo o povo tocantinense a se somar a essa luta. Luta que não é apenas daqueles que serão impactados diretamente. Mas de todos os tocantinenses que não concordam com esse modelo de desenvolvimento que coloca o lucro acima da vida. Por fim convocamos a todos a assinarem o abaixo-assinado e a compartilha-lo amplamente. Enviem mensagens contrarias a construção da UHE Monte Santo para os órgãos de fiscalização ambiental para que não liberem a licença ambiental e para os governos. Vamos todas e todos gritar juntos – Não a UHE Monte Santo! Água para vida, não para o lucro! 

Acesse o abaixo-assinado no link: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR96097 

Pedro Ferreira Nunes

Coletivo José Porfírio

Lajeado-TO, Lua Nova. Inverno de 2016.

Pescador

Tem sua politica:

A vara e a isca.

O peixe

Tem sua boca

Para cuspi-la”.

Dom Pedro Casaldáliga



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Poema em homenagem ao comandante Fidel Castro

Ao Comandante Fidel Castro

Eu confesso
Chorei
Chorei ao saber
Que tu se foi.


 Chorei como
Se tivesse perdido
Um pai, um irmão, um amigo.


Eu chorei
Confesso
Ao ler o comunicado
Da tua partida camarada.
Foi como tivesse levado uma facada
Como se uma parte de mim fosse arrancada.


Sei que merece repousar
Dessa longa caminhada
E que de onde estiver
Continuará a nos guiar.
Pois tua marca indelével
Já mais irá se apagar.

Mas é difícil saber
Que tu se foi camarada
Mesmo sabendo que uma hora
Essa hora ia chegar.
Tento não chorar
Mas não dá pra segurar.


Dizem: - Morreu o ultimo revolucionário!
À esquerda esta acabada.


Besteira, baboseira
Dos que se apressam a apagar.
A apagar
O que não pode ser apagado.
A enterrar
O que não pode ser enterrado.
A exterminar
O que não pode ser exterminado.


Foste um grande homem
Que errou e acertou
Pois sendo humano
Como poderia não errar?


Mas os acertos foram maiores
Por isso é tão amado
E também odiado.


E quando vemos
Quem comemora sua morte
E os que lamentam.
Vemos que trilhaste
Pela senda verdadeira.


Os tempos estão difíceis
Comandante
Para nós revolucionários.
Que teu exemplo nos guie.


Será mais uma estrela no céu
Ao lado do Che, do Camilo e do Almeida
Agora e sempre
Sempre a brilhar.


Aqui continuaremos
Pois é preciso continuar
Guiados por teu exemplo
A história nos absorverá.

Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lucia. Lajeado-TO, Lua Minguante, Inverno de 2016.

Assista ao vídeo do poema declamado: https://www.youtube.com/watch?v=JqojyxtoRfU&feature=youtu.be

Intolerância Religiosa: O Papel da Educação no Processo de Desconstrução da Visão Hegemônica a Cerca das Religiões Afro-Brasileiras.

Adriana C. Bezerra, Francisco Laércio A. de Holanda,
Pedro F. Nunes e Wesley S. da Silva.

Introdução

Quando falamos em intolerância religiosa é inegável que os adeptos das religiões de matrizes africanas são os que mais sofrem violência no Brasil. Por exemplo, levantamento realizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR) aponta que mais de 70% de casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado entre 2012 e 2015 são contra praticantes de religiões de matrizes africanas. No Tocantins essa realidade não é muito diferente, foi o que sentimos na visita a dona Romana em Natividade – que nos relatou casos de intolerância partindo da própria família – como, por exemplo, o afastamento de seus irmãos que não concordam com sua crença. Já no Brasil os casos de intolerância religiosa contra religiões de matrizes africanas são rotineiros e não raramente descabam para violência. No entanto o levantamento desses dados ainda é muito deficitário. Diante desse problema, nosso objetivo nesse breve artigo é refletir como a educação pode contribuir para descontruir a visão hegemônica racista e preconceituosa em torno das religiões de matrizes africanas. Para tanto nos utilizaremos do artigo “Religiões afro-brasileiras e violência” da Professora Drª em Teologia Irene Dias de Oliveira e outros trabalhos.

Religiões afro-brasileiras e violência

É inegável a hegemonia do cristianismo na sociedade ocidental. Tal hegemonia se construiu em torno de uma concepção de que “o Cristianismo era a única religião verdadeira e superior ás demais”. (Oliveira, 2011; 16) No entanto essa concepção de dona da verdade e de superioridade não é exclusiva do Cristianismo, encontramos essa afirmação em religiões como o Judaísmo e o Islamismo. Tal fato mostra segundo Oliveira (2011) “o espirito de intolerância, de absolutismo, de exclusivismo e da certeza de que cada uma, a seu modo, é detentora exclusiva da verdade”. E é a partir dessa concepção que percebemos uma legitimação da violência contra aqueles que não seguem determinados dogmas. Não são poucos os exemplos na história que aponta guerras em nome de deus. Aliás, na América Latina, Deus foi utilizado para justificar a catequização dos índios e a escravidão dos negros. Violência que persiste nos dias atuais, por exemplo, na invasão de templos neopentecostais nas aldeias indígenas e na satanização de religiões de matrizes africanas. Nessa linha Oliveira (2011) ressalta que a violência que os praticantes dessas religiões sofrem é, sobretudo, uma violência simbólica. E ainda que “a violência destrói não só o corpo, mas o espirito também”. E essa violência não é contra uma religião simplesmente ela se desdobra para o “não reconhecimento da alteridade, das diferenças e da desvalorização dos direitos individuais, sociais, civis culturais e econômicos de uma etnia”. (Oliveira, 2011; 18). É por isso que é visto como um insulto à utilização de um símbolo cristão em determinados ambientes, como por exemplo, numa parada gay, já a utilização de um termo preconceituoso como “chuta que é macumba” é visto com normalidade.
Não há como falar em intolerância religiosa no Brasil e não falar da situação do negro na nossa sociedade. O negro ao longo da nossa história não era visto como um ser humano, mas sim como um animal, logo tudo que vem de um ser inferior não presta. Nessa linha Oliveira (2011) destaca que “a tese escravagista entendia que os negros eram desprovidos de inteligência e que não possuíam alma. De outro lado, com a abolição os negros foram condenados à imobilidade social, travando as possibilidades educacionais e econômicas e trazendo prejuízos acumulados ao longo do milênio”. Diante dessa afirmação é necessário apontar a contribuição das ciências, em especial da antropologia nos seus primórdios, na defesa e promoção dessa tese. Toda essa negação do negro como cidadão ao longo de nossa história tem seus resquícios até os dias atuais. “... Sabemos que a “invisibilidade” não é reconhecida nem discutida. A história narrada na escola é branca, a inteligência e a beleza mostradas pela mídia também o são, os cultos religiosos são frequentados pela maioria branca”. (Oliveira, 2011; 18). Por mais que se negue, e ressalvado pequenos avanços é inegável que vivemos sobre uma ditadura branca – fundamentada numa concepção eurocêntrica da sociedade. Onde a família tradicional, a mídia, a escola e a religião desempenham um papel central. Se fosse diferente por que então uma politica de cotas? A politica de cotas, que diga se de passagem sofre bastantes ataques por parte das elites brancas, é justamente a prova de que não existe igualdade na sociedade. E não é raro á utilização de princípios religiosos para justificação do desrespeito as diferenças e a intolerância. E o que resulta dai é claramente um processo de discriminação, o racismo e o preconceito. Segundo Oliveira (2011) “o preconceito e o racismo são, portanto, atitudes ou modo de ver certas pessoas ou grupos raciais, enquanto a discriminação é a ação ou o comportamento que prejudica as pessoas”. O povo negro não só sofre com o racismo e o preconceito na nossa sociedade, como também, e como consequência disso sofre com a discriminação. Isto é, tudo aquilo que vem da cultura negra não é valorizado e muito menos respeitado. Pelo contrário, busca-se exterminar para que não influencie negativamente o modelo hegemônico fundamentado numa sociedade de brancos e para brancos.
Ora, mas justamente a religião que prega a salvação e a paz, o amor e a harmonia utiliza-se da violência para se impor. E tal imposição não é característica apenas do Cristianismo, não nos esqueçamos dos horrores que o Estado Islâmico tem feito no Iraque e na Síria. E o que os seus aliados tem feito no continente Africano. Segundo Oliveira (2011) a impressão muitas vezes é de que as religiões só conseguem impor-se fazendo uma lavagem cerebral no convertido – desenraizando-o de seu universo familiar, cultural e religioso. Sendo assim nos somamos a Oliveira (2011) nos questionando a cerca do papel da religião – se como algo que mantem ou que busca erradicar a alteridade. Diante dos exemplos acima concluímos que na realidade as religiões não estão preocupadas com a alteridade. E tal fato se reflete no aumento de casos de intolerância religiosa não só no Brasil como em todo o mundo. Intolerância que se concretiza não apenas através da violência simbólica, mas também através da violência explicita como apedrejamento, decapitação e destruição de templos. Nesse sentido é necessário avançarmos para uma compreensão de que “as diferenças, longe de constituírem motivo para a discriminação, à violência e a exclusão, são motivo de riqueza, de aprendizagem de novos saberes, de troca de experiência e nos conduzem cada vez mais para a abertura e o acolhimento do “desconhecido”, do diferente, eliminando, assim, as barreira que nos tornam intolerantes e nos levam a ver no diferente um inimigo contra o qual lutar e manter distância”. (Oliveira, 2011; 22). Mas isso só será possível se as religiões em vez de negar a alteridade – buscar a sua manutenção. E não só no discurso como temos visto no último período por parte da Igreja Católica, mas através de ações concretas.

O Papel da Educação no Processo de Desconstrução da Visão Hegemônica a Cerca das Religiões Afro-Brasileiras.

No Brasil não dá para negar a visão hegemônica cristã que se afirma como a verdadeira e superior às demais. Visão que descamba para um processo de intolerância contra todas as demais, porém são as religiões de matrizes africanas que mais sofrem com os preconceitos e discriminações advinda dessa hegemonia crista. E tal fato ocorre não apenas pelo principio religioso como também por uma questão politica. Por isso é ainda mais difícil descontruir através da educação essa visão hegemônica a cerca das religiões Afro-brasileira. Pois a escola muitas vezes reproduz a violência simbólica que vemos na sociedade. Os filósofos franceses Bordieu e Passeron desenvolvem o conceito de violência simbólica. Sendo que para estes pensadores “a escola não exerce necessariamente a violência física, mas sim a violência simbólica, mediante forças simbólicas, ou seja, pela doutrinação que força as pessoas a pensarem e agirem de determinada forma, sem perceberem que legitimam com isso a ordem vigente”. (Aranha, 1993; 41).
O problema da escola na nossa sociedade não é nem tanto o que se ensina, mas, sobretudo o que se omite, por exemplo, em relação à situação do racismo, do preconceito e da discriminação – e esse silêncio contribui para intolerância. Logo se faz necessário superar esse modelo de escola que apenas reproduz a visão hegemônica – o que só será possível com a superação do modelo de sociedade vigente. Por isso que a luta por uma educação transformadora e não dogmática deve ser feita conjuntamente com a luta pela superação da sociedade capitalista. E essa luta contra hegemônica perpassa pela desconstrução do racismo, do preconceito e da discriminação que atinge, sobretudo, a população afrodescendente e a sua cultura. Uma luta que deve ser travada no cotidiano, pois não devemos abrir mão da alteridade nas nossas praticas pedagógicas. Pois uma educação que discriminação não é educação, mas uma aberração que não pode ser de forma alguma aceita com normalidade.

Referências Bibliográficas
Aranha, Maria Lucia de Arruda. Filosofando: Introdução à filosofia. 2. Ed. rev. atual. –São Paulo: Moderna, 1993.
Oliveira, Irene Dias de. Religiões Afro-brasileiras e Violência. Ciberteologia – Revista de Teologia & Cultura – Ano VII, n.35. 2011.

Puff, Jefferson. Por que as religiões de matriz africana são principal alvo de intolerância no Brasil? Disponível em bbc.com. Acesso em: 20 de Outubro de 2016.
*Trabalho apresentado à disciplina de Antropologia Cultural, do curso de Filosofia e Teatro da Universidade Federal do Tocantins. 

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

RESENHA: Nem tudo é relativo – A questão da verdade. De Hilton Japiassu.



“Uma vida sem interrogação e sem paixão não merece ser vivida.”
Hilton Japiassu

O maranhense de Carolina Hilton Japiassu, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), licenciado em filosofia pela PUC/RJ, com mestrado e doutorado em Grenoble na França. E com estudos avançados na área de epistemologia em Estrasburgo também na França. Dedica-se desde 1968 ao estudo da epistemologia área na qual é uma autoridade reconhecida internacionalmente. Influenciado por Jean Piaget e Barchelard. Já escreveu diversos livros, entre eles: Nascimento e Morte das Ciências Humanas, Introdução ao Pensamento Epistemológico, Introdução a Ciências Humanas, Um Desafio da Filosofia, Interdisciplinaridade e patologia do saber entre outros.

Em “Nem tudo é relativo – A questão da verdade”, Hilton Japiassu tece uma critica veemente ao relativismo e os defensores de tal teoria que tem crescido vertiginosamente no último período. Especialmente, após a década de 1970 com a derrocada das ideias de esquerda e a consolidação da hegemonia neoliberal.
Com uma linguagem objetiva e clara, uma defesa apaixonante das ciências, do universalismo e da razão, claro, sem deixar de apontar alguns problemas que deve ser superado pelo conhecimento científico, especialmente o ocidental. Japiassu denuncia o risco do pensamento relativista e o dogmatismo a que isso pode nos levar. Sem abrir mão da polêmica e de uma critica consciente e consequente, aliás, o que segundo ele deve ser o papel de todo intelectual – não aceitar a naturalização das coisas, pois se não acabamos nos tornando justificadores da ordem estabelecida e nos somando aqueles que querem enterrar os conflitos sociais e politico – o que caracteriza a conjuntura atual. Partindo dai Japiassu faz uma forte critica a sociedade atual marcada por um conformismo generalizado e por sujeitos passivos (teleconsumidores). Como também por uma arte modernista de museu, que cultua o vazio politico e onde “os filósofos de televisão” buscam dá sentido ao insignificante

Em Nem tudo é relativo – A questão da Verdade. Japiassu também irá abordar a disputa entre racionalistas e relativistas, apontando as contradições do discurso de ambos. Pois mesmo sendo um defensor do racionalismo Japiassu não deixa de reconhecer alguns problemas que devem ser superados por esse pensamento. No entanto é no relativismo, como aponta o próprio nome do seu livro, que ele descarrega sua metralhadora giratória de criticas.

No primeiro capitulo do livro Hilton Japiassu mostra a onda relativista identificada como o pensamento pós-moderno – que se caracteriza pela negação da universalidade, da ciência com um conhecimento universalmente valido, e a verdade sendo reduzida ao que se ajusta ao dado sistema de crenças. Segundo o pensamento relativista nem a lógica nem a evidência desempenham um papel importante na construção do conhecimento. Dai que para Japiassu o relativismo deve ser entendido como determinismo social. O autor aponta que até 1970 a critica dos relativistas era em cima da ideologia dominante, dai para frente voltou-se para ciências. E dai surge a posição relativista de que a universalidade das ciências é uma ilusão – o que Japiassu vai refutar com veemência – questionando a questão da neutralidade absoluta, da negação da razão, e da ditadura da razão.  Japiassu alerta os riscos tanto do relativismo positivista baseado na tradição de Augusto Comte como do relativismo perspectivista dos Nietzchenianos, aliás, o relativismo perspectivista acaba desembocando no niilismo. Dai que para Japiassu não dá para pegar o pensamento relativista totalmente como verdadeiro, especialmente o que afirma que a ciências deve ser considerada como um conto de fadas. 

Hilton Japiassu não faz uma defesa cega das ciências. Muito pelo contrario, ele aponta com clareza os seus limites. No entanto para ele só pode haver ciência racional e só pode haver razão universal – o que confronta com as afirmações relativistas.

No segundo capitulo do livro “Nem tudo é relativo – a questão da verdade”. Hilton Japiassu vai abordar “o relativismo em questão”. Onde ele começa reconhecendo o fato de que o pensamento relativista nos ajuda a romper com o velho racionalismo. O qual ele ver como um problema para a busca da verdade. Japiassu afirma que não há como relativizar a razão sem racionalizar a relatividade. Logo para ele falta ao relativismo um pouco mais de ceticismo. Partindo desse pressuposto Japiassu vai apontar oito pontos que deve ser pensados para superarmos tanto o relativismo como o velho racionalismo;

1-      O risco do cientificismo que busca converter a ciência numa religião;
2-      A racionalidade cientifica precisa se tornar critica e autocritica;
3-      A necessidade de confrontar-se com outras culturas;
4-      Superar a ideia de que o racionalismo ocidental é o racionalismo universal;
5-      A necessidade de superar o relativismo cultural;
6-      Afirmar o relativismo como uma teoria intolerante;
7-      Não aceitar e fazer a critica ao etnocentrismo;
8-      Ao negar o eurocentrismo e o etnocentrismo tomar cuidado para não cair no relativismo irracionalista.

Em Nem tudo é relativo – A questão da verdade. Japiassu abordará a necessidade de se fazer uma critica consciente e bem fundamentada. Não se pode rejeitar, mas também não se pode aceitar tudo. É preciso ter autocritica. Nesse sentido Japiassu vai concluir seu livro descarregando uma artilharia de critica ao relativismo quando este tem por fim cair no ceticismo, que acaba por rotular erroneamente as diferenças entre ocidente e oriente e acaba caminhando para o irracionalismo – um caminho que pode levar a justificação de dogmatismos. Para Japiassu não dá para aceitar a fabula de uma sociedade sem conflitos defendida pelos relativistas. O autor de Nem tudo é relativo – a questão da verdade deixa claro que sem criticas a sociedade não evolui. Para os relativistas, segundo Japiassu, numa sociedade não há espaço para contestadores, logo pode se afirmar que os relativistas são conformistas, e os indivíduos em tal sociedade são privatizados. O que é contestado com veemência pelo autor.  Por fim para Japiassu não é aceitável a negação da universalidade pelos relativistas. Pois é fato que algumas coisas nos transcendem independente de nossas crenças e cultura. Logo para ele a aceitação do universal esta na afirmação do que o outro não nos é estranho logo é possível à comunicação.

Podemos classificar o livro Nem tudo é relativo – a questão da verdade, de Hilton Japiassu como um manifesto, uma apaixonante defesa da razão, da racionalidade, da ciência e do conhecimento cientifico. É um livro corajoso, que não tem medo de criticar, de polemizar, de buscar dialogo sem abrir mão de suas posições, que, diga-se de passagem, estão bem fundamentadas. Tal obra precisa ser reverenciada especialmente em um período onde aqueles que ousam levantar a voz contra a ordem estabelecida, contra o status cos são simbolicamente violentados. Diante da exposição empolgante de Hilton Japiassu em Nem tudo é relativo – a questão da verdade. Devemos nos perguntar a que serve tal teoria? Uma teoria que rejeita a critica, os conflitos sociais e prega a existência de uma sociedade perfeita. Que privatiza o individuo e nega completamente o conhecimento cientifico. Não neguemos algumas contribuições desse pensamento pós-moderno, mas não nos deixemos enganar – nem tudo é relativo.

Esse debate colocado por Hilton Japiassu neste livro deve ser travado, não só no âmbito da academia, mas na sociedade como um todo. Aliás, é um erro que vem sendo cometido no ultimo período pelos intelectuais, não transpor os debates para além dos muros da universidade, a forma acessível da escrita de Japiassu contribui para que mais pessoas tenham acesso a esta discussão. E no período de crise que vivemos é fundamental travarmos tal debate. 

“Uma vida sem interrogação e sem paixão não merece ser vivida” – essa frase emblemática escrita por Japiassu na introdução do seu livro fala por si mesma. Mesmo em uma conjuntura difícil, onde a mediocridade permeia todos os campos da sociedade – seja na politica, na economia, na cultura. Não podemos abrir mão de exercer o nosso papel de questionar, de criticar, de subverter a ordem estabelecida. Pois como escreveu o grande poeta alemão Bertold Brecht – não aceiteis o que é de habito como natural, pois nada é impossível de mudar.

Pedro Ferreira Nunes – Estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins

Referência Bibliográfica

JAPIASSU, HILTON. Nem Tudo é Relativo – A Questão da Verdade – São Paulo: Editora Letras & Letras, 2000.


*Trabalho apresentado à disciplina de Leitura e Produção de Textos Científicos. Do Curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins. Revisado para o blog “Das barrancas do Rio Tocantins”.

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