O Debate que aconteceu nesta
terça-feira (19/08), promovido pela Rede Bandeirante entre os candidatos ao
governo do Tocantins Eula Angelin (PSOL), Carlos Potengy (PCB), Luiz Claudio
(PRTB), Ataides Oliveira (PROS), Marcelo Miranda (PMDB) e Sandoval Cardoso
(SD). Foi decepcionante, sobretudo por que nos mostrou uma enorme pobreza de
ideias e de projetos que superem o modelo hegemônico vigente há anos no
Tocantins e que atendam minimamente os anseios da população.
Saúde
e corrupção são os principais temas do debate
O caos na saúde pública do
Tocantins e a corrupção foram os temas preferidos dos candidatos. No entanto
nenhum teve a capacidade de apresentar propostas para melhorar a saúde e muito
menos combater a corrupção. Por um lado enquanto o atual governador candidato a
reeleição Sandoval Cardoso (SD) defendia a sua gestão dizendo que esta fazendo
e irá fazer muito mais, os outros denunciavam a má gestão e os desvios de
dinheiro como as principais causas do caos na saúde.
Um gritava eu não tenho
compromisso com o mal feito, outro dizia eu também não, precisamos combater a
corrupção. Mas concretamente nada era apresentado.
Sandoval
Cardoso x Marcelo Miranda
O falso debate entre os dois
principais candidatos ao governo do Tocantins mostrou o que já havíamos
afirmado anteriormente, que ambos são ‘farinha do mesmo saco’. Ambos defendem o
mesmo projeto para o Tocantins. ‘Você já foi da base do Siqueira também’ disse
Sandoval para Marcelo e este respondeu ‘Você também já foi da minha base quando
eu era governador, os problemas do meu governo também recaem sobre você’. Troca
de farpas e acusações – você fez isso, você fez aquilo. O outro respondia –
você também fez, você também estava lá.
A tática de Sandoval é
claramente desviar a sua imagem dos Siqueiras, mesmo ele afirmando que ‘não
cospe no prato que comeu’, o fato é que ter o Siqueira como aliado neste
momento trás mais ônus do que bônus para o candidato.
Já Marcelo Miranda toda frase
que dizia começava com a palavra mudança, mas o que ele chama de mudança é
apenas procurar melhorar o que já existe e fazer o que ele já fez
anteriormente. Segundo ele de um jeito melhor. Isso não é mudança, isso é
continuísmo. Carlos Potengy respondeu-o muito bem quando lhe disse que se não
houver mudanças estruturais, não há mudanças.
Marcelo também teve que
responder várias perguntas sobre a sua situação jurídica e os desvios de
dinheiro público durante o seu mandato. O que ele procurou negar, dizendo que
fez e fará mais e que o povo lhe apoia como mostra as pesquisas. Por fim o
debate entre Marcelo x Sandoval foi um jogo de empurra-empurra para saber quem
mais destruiu o Tocantins. Ao final podemos afirmar que ambos.
Ataides
Oliveira e Luiz Claudio
Ataides Oliveira e Luiz
Claudio mostraram que não são alternativas de projetos, mas apenas de nomes
para o governo do Tocantins. Em um dado momento Luiz Claudio afirmou – Não
queremos mudanças, queremos renovação. Para eles tudo se resume a má gestão e a
corrupção. Ataides Oliveira mostrou a sua visão empresarial quando perguntado
por Carlos Potengy sobre proteção social respondeu dizendo que era preciso
desenvolver o estado economicamente – acabar com a corrupção, desinchar a maquina
pública, desenvolver a economia ai então pensamos no social. Bem se vê a
prioridade do candidato. Já Luiz Claudio, falou, falou, falou e não disse nada
além de bater e assoprar em Marcelo Miranda e Sandoval Cardoso.
Eula
Angelin e Carlos Potengy
Eula Angelin foi um desastre
total no debate, mostrando um completo despreparo e sem nenhuma condição de
defender as bandeiras do partido que representa. Por exemplo, a candidata defendeu a
meritocracia como a base do seu governo (a meritocracia é uma bandeira dos
governos da direita), em vez de fazer uma pergunta sobre os problemas sociais
do estado a candidata preferiu questionar Marcelo Miranda sobre sua situação
jurídica. Disse que o estado precisa de livre iniciativa e justiça social de
fato, resgatando o lema da União do Tocantins na década de 90, esquecendo-se de
que livre iniciativa é uma bandeira da direita e que não combina com justiça
social. Concordou com a politica de infraestrutura de Sandoval Cardoso e
defendeu o governo Amastha (PP) em Palmas, como um modelo de transformação. A
candidata disse nas suas considerações finais da necessidade de fazer uma
mudança de fato, mas foi incapaz de apresentar como fazer tais mudanças e que
mudanças são essas, espero que não sejam as mesmas que Amastha tem feito na
capital.
Já Carlos Potengy fez boas
intervenções como sobre a necessidade de conscientizar e organizar a classe
trabalhadora para que a mesma tenha através de conselhos e assembleias
populares uma maior participação no governo, defendeu o desenvolvimento
descentralizado, criticou o excesso de secretarias e o inchaço da maquina
pública, combate a corrupção e a busca para que o Tocantins se desenvolva de
fato.
No entanto Potengy ficou muito
aquém do que esperávamos, pois perdeu a oportunidade de pautar questões
importantíssimas para o conjunto da classe trabalhadora tocantinense. Por
exemplo, quando questionado pelo candidato Luiz Claudio sobre a politica de
habitação Potengy perdeu a oportunidade de defender uma reforma urbana de fato
no Tocantins que combata a especulação imobiliária e o déficit habitacional. A
pergunta feita por Potengy a Luiz Claudio sobre empreendedorismo foi um
desperdício, o candidato deveria ter aproveitado a oportunidade para fazer uma
pergunta sobre o modelo agrícola hegemônico no Tocantins, educação, segurança
pública entre outros temas bem mais fundamentais.
A
esquerda perdeu a chance de apresentar um modelo alternativo ao que esta em
curso no Tocantins há vários anos
Nenhuma candidatura em
especial as da esquerda assumiu as bandeiras que o movimento popular
tocantinense levou as ruas no ultimo período. Várias questões fundamentais não
foram pautadas como, por exemplo, o modelo agrícola hegemônico no Tocantins
pautado na monocultura, no uso abusivo de agrotóxico, na devastação do meio
ambiente, na mão de obra escrava. Não se pautou a situação da educação no
estado, isso que recentemente os professores fizeram uma greve heroica
denunciando a situação da educação. Não se pautou a segurança pública, a
cultura, os direitos humanos em um estado onde os índices de violência contra
as mulheres são alarmantes. Não se pautou o monopólio nas empresas do
transporte coletivo, a redução das tarifas. Não se pautou a grilagem de terras,
os crimes cometidos contra camponeses. Não se pautou a privatização através de
parceria público privada na educação, na saúde, na segurança pública entre
outros. Não se pautou as tarifas abusivas de energia elétrica e água.
Por ingenuidade ou
inexperiência as candidaturas da esquerda não foram para o enfrentamento, estavam
tímidas, recuadas, amedrontadas. Até de forma ingênua deixaram as candidaturas
da direita usa-las. Mas nem tudo esta perdido, até por que foi apenas o
primeiro debate. Esperamos que nos outros que virão possamos ter debates mais
ricos e com propostas concretas e de fato viáveis que venham de encontro aos
anseios do povo tocantinense.
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