Por Pedro Ferreira Nunes
Era madrugada fria. Os
pelotões de soldados em marcha vasculhavam todos os cantos da cidade. O som da
batida dos tambores marcava o marchar das tropas. As ruas da cidade estavam
desertas e escuras. Ao contrario de poucos minutos antes das tropas adentrarem
na cidade.
Em poucos minutos tudo era
correria e tiros - O corpo dele ainda se encontrava estendido no meio da praça,
solitário sob o próprio sangue e crivado de balas. O vento frio zunia como uma
canção melancólica, o belo luar desaparecerá sob as nuvens, o céu estrelado se
extinguiu.
Não haviam matado um
terrorista, bandido ou reacionário. Era apenas um jovem sonhador, um poeta que
com seus versos melódicos encantava serpentes. Não foi o único que tombara sob
o fogo das metralhadoras e fuzis das tropas golpistas. Homens, mulheres e
crianças banharam aquela madrugada com sangue.
Mas ele era apenas um poeta,
um jovem poeta que tentava através dos seus versos, despertar o amor e o fogo
revolucionário escondido dentro dos corações de todos os filhos da classe
trabalhadora. Fora perseguido como um cão, executado como um monstro. Agora
como um troféu seu corpo ensanguentado e crivado de balas era exibido em praça
pública.
É alta madrugada e o dia
parece que demorara nascer. O povo daquelas bandas enfrentaram dias tenebrosos
sob o jugo dos fascistas golpistas. Não será fácil. Muitos tombarão, outros tantos serão
torturados, alguns exilados.
Mas nada será como aquela
madrugada, a madrugada em que o encantador de serpentes foi morto brutalmente.
Sem julgamento, sem condenação, sem se quer cometer qualquer crime. Fora morto
sem explicação. Seria, no entanto seus versos clamando o amor e chamando a
revolução?
Não, não foi por nada que o
mataram, sabiam do seu fervor revolucionário e de como era perigoso para os
golpistas aquele encantador de serpentes e, sobretudo seus versos. Por isso foi
caçado como um cão e morto como um monstro.
Mataram um poeta, um jovem
poeta. No entanto seus versos não serão esquecidos, ecoaram nos quatros cantos
daquela cidade sendo declamado de boca em boca e fazendo com que o povo se
organize, se desperte e lute contra o exercito golpista.
O jovem poeta que fora morto
naquela madrugada sangrenta já mais será esquecido, tornou-se um Martim e seu
exemplo guiara o exercito popular que se formará através da leitura dos seus
versos, continuando assim a luta por seus ideais. E enfim chegará o dia em que
o exercito popular de encantadores de serpentes triunfarão sob os golpistas-fascistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário