quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O processo de antirreforma agrária do PT, Dilma Rousseff e Kátia Abreu.

“Tô cagando pra vocês” – Diz Kátia Abreu sobre o protesto dos movimentos sociais a sua indicação ao ministério da agricultura.

*Por Pedro Ferreira Nunes

Ok, ok, não foram essas exatamente as palavras da nova Ministra da Agricultura do governo Dilma (PT). Em entrevista para o Jornal do Tocantins e Radio CBN quando questionada sobre as manifestações dos movimentos sociais a sua indicação para o ministério da agricultura a ‘nobre’ senadora Katia Abreu (PMDB) declarou que como ministra da agricultura o seu papel ‘é atender a quem tem terra, quem produz, é a estes que ela deve satisfação’. Já quem esta lutando por terra deve tratar com o ministério do desenvolvimento agrário. Por tanto para bom entendedor... O recado dela foi claro.

A missão de inserir a pequena agricultura na cadeia do agronegócio

Segundo Kátia Abreu a sua principal missão a frente do ministério da agricultura será de inserir a pequena agricultura (agricultores familiares e camponeses) na produção voltada para logica de mercado do agronegócio. Superando assim, a produção voltada para subsistência. Nesse sentido a nova ministra da agricultura ressaltou a importância da lei nacional de assistência técnica e extensão rural aprovada pelo governo que dará a possibilidade do sistema S entrar com força no campo brasileiro.

É por tanto a consolidação do processo de antirreforma agraria sob o governo Dilma (PT) denunciado com veemência pelos saudosos Dom Tomas Balduíno e Plínio de Arruda Sampaio. Que consiste em capitular a agricultura familiar e camponesa para logica de produção do agronegócio. O que vai totalmente contra a logica de produção defendida pelos movimentos populares do campo que defendem uma produção voltada para agroecologia, soberania alimentar e preservação ambiental.

Para Kátia Abreu não é necessário criar novos assentamentos, mas fazer os que já existem tornarem-se produtivos para que sejam inseridos no mercado, com a logica deste. No Tocantins este projeto tem se consolidado nos últimos anos com Kátia Abreu entrando em nome do governo federal em áreas de assentamento com o programa ‘Minha casa, minha vida rural’ e com o Pronatec Rural implementado pelo Sebrae.

Para consolidar o projeto de antirreforma agrária no Brasil, Dilma Rousseff não poderia escolher um nome melhor. Kátia Abreu comanda há vários anos a principal organização ruralista do Brasil, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), foi uma das principais articuladoras pela aprovação da reforma do código florestal que beneficia os grandes produtores, articulou uma CPMI no congresso nacional com o objetivo de criminalizar os movimentos de camponeses sem terra e ferrenha defensora do uso de transgênicos e agrotóxico na produção de alimentos.

Para senadora pobre deve comer sim alimentos produzidos com agrotóxico, pois sua produção é mais barata – é fato que isso pode gerar doenças graves, mas para nova ministra da agricultura o que importa é o lucro.

Financiada pela construtora OAS com um montante de 925.000.00 (empresa responsável pelo clube de empreiteiras que surrupiaram os cofres da Petrobrás nos últimos anos como aponta investigações da policia federal) na disputa por uma vaga ao senado. É também acusada de grilagem de terras de camponeses pobres no Tocantins, como aponta artigo escrito por Dom Tomas Balduíno em 2012. E processada no supremo tribunal federal por usar talões da CNA pedindo contribuição para agricultores para financiar campanhas eleitorais com o brasão da república.

Suplente de Kátia Abreu é ex-presidente do PT do Tocantins

Vários setores ligados ao PT protestaram com a indicação de Kátia Abreu (PMDB) para assumir o ministério da agricultura. No entanto tais manifestações não passam de farsa, é apenas jogo de cena para agradar os movimentos sociais que ainda tem ilusão no governo petista.

Pois tal intenção já estava explicita quando Kátia Abreu deixou o PSD para ir para o PMDB (partido que historicamente comanda o ministério da agricultura), segundo ela atendendo aos pedidos do vice-presidente da republica Michel Temer e a um projeto nacional. Como também a aproximação de Katia Abreu com o governo Dilma, inclusive sendo a porta voz dessa em áreas de assentamento no Tocantins e outros estados.

Mas, sobretudo pelo fato do primeiro suplente de senador de Kátia Abreu ser do PT, Donizete Nogueira é ex-presidente do partido no Tocantins. Por tanto esta muito claro que a direção do PT sabia muito bem da intenção da presidente Dilma de fazer de Kátia Abreu sua ministra da agricultura. Si omitiram isso, ou fizeram cara de surpresa foi pura e simplesmente por jogo de cena.

Fazer do Tocantins o principal ponto de logística do agronegócio brasileiro

A declaração também é da senadora e agora ministra da agricultura Katia Abreu. O Tocantins esta localizado em um território extremamente estratégico para o agronegócio brasileiro. É hoje o principal corredor de escoação da produção do campo brasileiro na região norte, nordeste e centro-oeste. O objetivo dos ruralistas é baratear este transporte com a conclusão da ferrovia norte sul, a duplicação da BR-153 e a construção da hidrovia Tocantins-Araguaia.

Por tanto o nome de Kátia Abreu para o ministério da agricultura, uma senadora de um estado que não tem grande força politica e econômica no cenário nacional não é mero acaso. Mas atende aos interesses de uma elite agrária que consolida e avança sua força no meio rural brasileiro. E que para tanto o Tocantins é extremamente estratégico.

A luta por reforma agrária continua. Na lei ou na marra!

Para nós militantes das causas sociais, que nos entrincheiramos no Tocantins na luta por uma reforma agrária de fato neste país. Não vemos motivos para festa. Não há o que comemorar pelo fato de Kátia Abreu ser a primeira tocantinense a ocupar um ministério ou por ser a primeira mulher ministra da agricultura do Brasil.

Não, não temos motivos para sentir orgulho de uma figura que não serve aos interesses do povo tocantinense, mas sim a uma pequena elite agraria. Kátia Abreu no ministério da agricultura deve ser encarado pelos movimentos campesinos que não se venderam e nem se corromperam como uma declaração de guerra do atual governo a reforma agrária.

Por tanto povos do campo, das águas e das florestas uni-vos!

“A reforma agrária radical é a única que pode dar a terra ao camponês”.
Ernesto Che Guevara


*Pedro Ferreira Nunes é Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.

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