Ontem
foi encontrado no chapadão, na região da fazenda tamanca o corpo do famigerado
raposão, o maior ladrão de galinhas de Lajeado. Seu corpo estava crivado de
balas.
Quem
havia cometido tal crime? Quem havia dado cabo da vida de tão terrível
delinquente? Já mais saberemos, muitos devem está dando graças a deus, um ser
sem eira e nem beira não fará falta, ninguém virá reclamar por justiça, a
policia fará muito pouco para descobrir quem cometera tal crime.
Raposão
não tinha pai, não tinha mãe, irmãos, mulher e filhos muito menos. Raposão se
quer tinha nome. Era conhecido por todos pelo seu famoso apelido. Apareceu do
dia para noite no Lajeado, vindo não se sabe da onde, e indo para lugar algum.
Gostava de tomar uma cachacinha e para tirar gosto uma galinha frita, já para
tirar a ressaca gostava de caldo de galinha ou gemada. Como não criava
galinhas, por que não pegar as dos vizinhos?
Ele
não era muito dado ao trabalho, gostava de pescar de vez enquanto, apenas o
suficiente para fazer algum trocado para poder comprar a cachaça. Já o que
comer ele arranjava em qualquer lugar, não tinha casa, morava onde desse.
Reza
a lenda que certa vez raposão estava pescando na beira do rio, em uma área que
era proibida. Quem se arriscava a pescar por aqueles lados devia ter o maior
cuidado, pois poderia ser pego pela policia ambiental. Como na boca da noite
não estava bom para pegar peixe, raposão decidiu dormir, é quando de repente
alguém o acorda.
-
Deixa eu dormir rapaz, pois a hora boa de pegar peixes é mais de madrugada.
-
Levanta seu vagabundo!!!!!
Raposão
pensava que era seus companheiros de pescada que estavam lhe acordando, mas na
verdade era a policia ambiental. Pobre raposão, nesse dia sofreu nas mãos dos
policiais, que por aqui não tem boa fama junto ao povo por ser extremamente
arrogante e violenta, sobretudo se você é alguém sem eira e nem beira tal como
era o raposão.
Mas
raposão era conhecido mesmo pelo seu delito predileto, roubar galinhas, não era
para vender, era apenas para comer, raposão adorava comer galinha e tomar uma
cachacinha, o problema é que raposão não criava galinhas, roubava-as, era
odiado por isso. Já havia sido preso, apanhado bastante da policia, já havia
inclusive sido obrigado a pagar pelas penosas que roubava, mesmo assim ele não
abandonava esse oficio.
No
entanto agora o raposão estava morto, alguém havia matado o terrível
delinquente, provavelmente alguém que havia sido vitima dos seus crimes. Mas
será que era para tanto? Merecia o raposão pagar com sua vida o terrível crime
que cometia?
Ah
quem se importa com isso, uma criatura sem eira e nem beira. Agora as galinhas
de Lajeado viveram em paz, pois o famigerado raposão – O maior ladrão de
galinhas da cidade encontrou seu fim, seu triste fim.
Pedro Ferreira Nunes é poeta e escritor tocantinense.
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