Ninguém gosta de greve,
nem mesmo aqueles que a fazem. Pois ao contrario do que se pensa fazer greve
não é algo simples, não é simplesmente cruzar os braços. Mas requer envolvimento,
disposição, dedicação e sacrifício de toda categoria. Sobretudo, se pretende
que a greve seja vitoriosa.
Se ninguém gosta de greve,
se a greve prejudica a todos, tanto os que são atingidos diretamente, como
indiretamente. Por que então fazemos greve? Por que os governos e patrões não
nos dão alternativa. E a greve é, portanto o principal instrumento na luta dos
trabalhadores pelos seus direitos.
Sabemos de todos os
problemas que uma greve nas IFES acarretará no inicio do semestre para
estudantes e professores. No entanto temos total clareza da condição caótica
que se encontram as IFES Brasil afora, e agora diante do anuncio dos cortes no
orçamento, onde só na educação alcançará um montante acima de 9 bilhões o
governo não nos dá alternativa se não ‘cruzar os braços’.
Assim, na atual
conjuntura por que passa o país, onde um governo que tem como lema a educação
como prioridade, mas que na realidade retira recursos e sucateia as
Instituições Federais de Ensino Superior, além de tentar jogar nas costas do
trabalhador a responsabilidade por uma crise que não foi criada por eles, a
greve é mais do que necessária.
E se essas breves
linhas não servir de argumento para justificar as greves nas IFES, ou as
reportagens que mostram a situação deplorável nas instituições federais de
ensino superior Brasil afora, convidamos os tocantinenses a visitar o campus da
UFT em Palmas – encontraram salas sujas, um campus mal iluminado, banheiros
interditado por falta de manutenção, demissão da metade dos terceirizado, lanchonete
fechada, além do corte de bolsas permanência, pesquisas entre outros.
Além do fato de que em
vez de negociar com os professores e técnicos administrativos, o governo
simplesmente abandonou a mesa de negociações. Inclusive se negando a cumprir o
acordo firmado com a categoria na greve de 2012.
Lamentamos que mesmo
diante desse quadro caótico tenha professores e grande parte dos estudantes na
UFT que são contrários a greve. Que pensam apenas no seu umbigo e não na
educação como um todo. Pois essa greve tem como razão de ser, sobretudo, ao
discutir qual o modelo de educação queremos para o nosso país. E com certeza o
modelo de educação que defendemos não é o da ‘pátria educadora’ de Dilma e do
Mangabeira Úngue – que pretende transformar as universidades e escolas públicas
em escolas-empresas.
Lamentamos também a
ausência de um movimento estudantil na UFT compromissado com as causas populares.
Ao contrario, temos um diretório central dos estudantes e centros acadêmicos
mais preocupados em fazer festas do que discutir as questões fundamentais que
atinge as IFES e a sociedade como um todo.
Por exemplo, na
programação da calourada unificada, não houve um ponto para discutir a questão
da greve. Não houve um ponto para
discutir o corte no orçamento da área da educação. Não houve um ponto para
discutir a situação de total abandono do campus da UFT em Palmas. Não houve se
quer um ponto para se discutir o ‘’pátria educadora’’. Em resumo, não houve um
ponto para discutir a conjuntura nacional e os reflexos na educação.
Bem se ver como o
movimento estudantil na UFT esta sintonizada com os problemas que acontecem
hoje no país. É por tanto necessário lutarmos para construir um movimento
estudantil na UFT compromissado com o movimento popular. Um movimento
estudantil independente de governos e patrões. E radicalmente de luta por uma
educação pública, gratuita e de qualidade.
Esperamos que a greve nas
IFES possa ser o motor propulsor para desencadearmos uma greve geral no país.
Uma greve geral mais do que necessária, sobretudo após o ajuste fiscal que será
aprovado no congresso nacional que retira direitos dos trabalhadores como
também do anuncio do maior corte no orçamento da historia, cortes estes que
atinge ferozmente as áreas sociais.
É inaceitável que as
organizações da classe trabalhadora aceite sem resistir e questionar a adoção
do governo federal da cartilha do FMI. Não, não podemos ficar de braços
cruzados ante de tantos ataques aos direitos fundamentais dos trabalhadores.
Precisamos nos mobilizar para reverter nas ruas e na luta esses ataques.
Por fim, terminamos
dando o nosso apoio incondicional a greve nas IFES, em especial na UFT onde
atuamos. Por compreender a necessidade do movimento grevista como uma forma de
lutar contra o sucateamento da educação publica e a retirada de direitos dos
trabalhadores em geral. Fazemos também um chamado aos estudantes da UFT e
demais instituições públicas de ensino superior a apoiar essa luta.
Pedro
Ferreira Nunes – é estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
Bacharel em Serviço Social pela UNOPAR, Educador Popular e militante do
Coletivo José Porfírio.
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