quarta-feira, 6 de abril de 2016

Alguns breves comentários sobre a conjuntura politica


Caros camaradas, vamos para mais uma rodada de breves comentários sobre a conjuntura politica, no melhor estilo punk – breve como um soco no estomago.
Sobre o Impeachment de Dilma Rousseff
Que o governo Dilma Rousseff não tem nenhuma condição de continuar a frente do país acho que não é segredo para ninguém, e ninguém em sana consciência ousa defender o atual governo. Aliás, nem mesmo o PT defende com veemência o governo da presidenta Dilma, como bem aponta os documentos aprovados no ultimo congresso do partido onde fazem duras criticas a politica econômica do governo. Com isso o processo de impeachment contra Dilma parece ser irreversível.
A saída do PMDB do governo Dilma
Sobretudo agora com a saída do PMDB de forma oportunista da base do governo. No entanto esse oportunismo não se revela só agora – em que o partido vislumbra “tomar” o poder. Mas desde que formou a aliança com o PT. Uma aliança que se deu não com base num programa comum de governo, mas na distribuição e ocupação de cargos públicos. Por tanto não é de se admirar que um partido que entrou de forma oportunista nessa aliança, saia da mesma forma.
O governo em desespero
Aliás, o que me causa estranheza é a surpresa de lideres do PT com a saída do PMDB da base do governo. Ora, é muita ingenuidade esperar fidelidade do PMDB. É obvio que isso iria acontecer em algum momento. É obvio que o PMDB pularia do barco quando estivesse afundando. Fez isso em todos os governos anteriores (Sarney, Collor e FHC). Por que agora seria diferente?!
Não vai ter golpe?
Enquanto isso os poucos que ainda defendem o governo Dilma se agarram a essa palavra de ordem. O que mostra que o governo já não tem nenhum argumento para salvar sua pele e tenta se fazer de vitima. Mas a população já não cai nessa. Basta ver as pesquisas que mostram a crescente desaprovação do governo como também o numero de manifestantes nas manifestações de apoio a Dilma e Lula.
O impeachment é a saída?
É fato que Dilma Rousseff não tem nenhuma condição para continuar a frente do governo até 2018. E não adianta se fazer de vitima dizendo que tal processo se trata de golpe ou que é preciso respeitar o voto. Não, isso já não cola mais. Por outro lado não nos iludamos, não será o impeachment de Dilma que resolverá a crise politica e econômica do país. Aliás, se Dilma cair, dá até náuseas pensar quem está na linha sucessória do governo – Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
O sujo falando do mal lavado”
O que também me causa náuseas é a comissão que esta responsável por analisar o processo de impeachment de Dilma. Nada mais, nada menos do que 28 deputados envolvidos na operação lava jato. Ora, é fato que com o congresso nacional que temos, com figuras como Eduardo Cunha e Renan Calheiros – não há legitimidade de condenar Dilma pelos crimes que a maioria deles cometeram. A não ser que todos sejam punidos igualmente – todos devem perder seus mandatos sem exceção. Começando pela presidenta e seu vice. E pelos presidentes da câmara e do senado.
Qual a saída então?!
Em uma discussão na Universidade Federal do Tocantins um professor disse que a saída é colocar Lula, FHC e Sarney para sentarem juntos e buscarem uma saída. Não, vocês não leram mal, é isso mesmo. A proposta do professor é conciliação, resolver as coisas por cima – isto é, vamos deixar as coisas como sempre estiveram, como sempre foram. Se não perderemos nossos privilégios. Lembrei-me de uma frase que diz que intelectuais gostam de revolução desde que elas aconteçam bem longe deles.
A saída é à esquerda – unificar a luta do povo trabalhador do campo e da cidade
Ao contrario do professor, acreditamos que a saída é pela esquerda – de baixo para cima e não de cima para baixo. É da capacidade de mobilização e unificação das organizações de luta da classe trabalhadora. Inclusive da capacidade dos trabalhadores que ainda tem ilusão no Lula e no PT de se desfazer dessa influência. É por esse caminho que conseguiremos sair dessa encruzilhada em que estamos.
Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

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