- Bom dia Daniel. E então,
esta melhor?
Daniel continuou como estava,
se quer moveu a cabeça para olhar para Patrícia. Ele sabia que estava morrendo,
ela também sabia que ele não teria muitos dias de vida, mesmo assim no fundo do
seu coração tinha a esperança que ele podia ser curado. O médico já havia lhe
falado, mesmo assim ela acreditava que ele ainda pudesse se curar, e se ele não
se curasse ela queria que pelo menos ele morresse tranquilo.
Daniel não conseguia
compreender todo o carinho e dedicação de Patrícia para com ele. Ele que já
tivera tantas paixões, por que a conheceu apenas naquele momento, naquela
situação onde ele já estava em estado terminal. Patrícia por sua vez já mais
podia imaginar que conheceria o grande amor da sua vida nos corredores de um
hospital. Foi amor à primeira vista. Mas ela já mais podia imaginar que aquele
jovem estava em um estado tão grave.
Nem ele mesmo podia imaginar,
era tão jovem, cheio de vida. Era tão envolvido com a militância política, com
a organização e formação de trabalhadores campesinos sem terra que deixara mão
de sua própria saúde. Pensava tanto nos outros que acabou se esquecendo de si
mesmo, assim quando descobriu a sua doença, essa já estava em estado avançado,
não havia como voltar atrás.
Mas Daniel não se arrependera
das escolhas que fizera e se pudesse voltar atrás faria novamente tudo outra
vez. Mesmo em uma situação tão difícil ele conheceu o grande amor de sua vida,
mas ele sabia que o relacionamento com Patrícia não teria futuro e tentou fazer
com que ela desistisse dele, no entanto ela foi incisiva.
- Já mais vou lhe abandonar.
Eu ti amo e sei que você vai sair dessa.
- Patrícia. Nós sabemos que o
meu fim está próximo, por que nos enganarmos? Faço lhe um ultimo pedido. Não me deixe morrer aqui, neste quarto frio, nesta cama fria, com esses
aparelhos sobre o meu corpo. Leve-me para minha terra, para minha casa é lá que
quero morrer, por favor.
Patrícia acreditava do fundo
de seu coração que Daniel podia se curar, mas se ele fosse se curar com certeza
não seria ali naquele hospital, pois cada dia quando ela chegava para visita-lo
o encontrava em uma situação pior. Assim ela pensava que talvez de fato fosse
melhor tirar Daniel dali, leva-lo para sua terra. Se lá morresse, morreria
feliz.
- Como fazer isso Daniel? Os
médicos não irão deixa-lo sair.
- Vamos fugir meu amor. Por
favor, este é meu ultimo desejo.
Era noite, Patrícia e Daniel
corriam pelas ruas, como duas crianças fugindo cada vez mais para longe do
hospital. Daniel abraçou-a fortemente e lhe deu um beijo apaixonado. Era uma
noite linda, o céu estava estrelado. Patrícia estava admirada, há muito tempo
que não via Daniel tão feliz. Seu corpo estava corado, corria sangue nas
veias, sim Patrícia pensava consigo – Daniel está curado.
Patrícia e Daniel seguiram
correndo pelas ruas da cidade - pela Avenida JK, pela Teotônio Segurado. -
Pulando, gritando em uma felicidade indescritível. Ao chegarem à margem do rio
Tocantins, na praia da graciosa. Abraçaram-se, beijaram-se apaixonadamente e
fizeram amor nas areias da praia, depois pularam na água e tomaram um gostoso
banho.
Por fim cansados adormeceram.
Patrícia adormeceu nos braços do seu amado. Quando os primeiros raios do sol
nasceram por trás da serra do Lajeado, Patrícia despertou-se e Daniel
continuava adormecido, dormia profundamente, eternamente com um sorriso nos
lábios.
Pedro Ferreira Nunes - Poeta e escritor popular tocantinense.
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