Estudantes de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
Qual
a origem e a natureza dos afetos? Antes precisamos saber – O que
são afetos? E a natureza? O que é a natureza? O que são o desejo
(cupiditas), a alegria (laetitiae), a tristeza (tristia)? Como
podemos amar e odiar? Aliás, o que é o amor? Existe o livre
arbítrio? Trazemos conosco a alegria e a tristeza? Mente e Corpo são
substâncias distintas? Somos por natureza – invejosos e propensos
ao ódio e a inveja? Eis os problemas que o filosofo holandês de
origem judaica Baruch Spinoza se propõem a refletir na sua obra
clássica “Ética demostrada em ordem geométrica” mais
especificamente, na terceira parte – “Sobre a origem e natureza
dos afetos”.
Spinoza
busca a partir de uma perspectiva racionalista explicar os afetos e
ações do homem. Ele nos dirá que tal fato é possível pela
existência de leis e regras universais da natureza. Logo é preciso
tratar da questão dos afetos de forma racional, sendo assim não há
método melhor do que o geométrico. Para tanto Spinoza afirma que é
preciso que ações e apetites (appetitus) sejam vistos como linhas,
planos e corpos. Partindo dai Spinoza definirá o que é afeto –
são afecções do corpo que aumentam ou diminuem, ajuda ou limita a
potência de agir do corpo. Que pode ser por causa adequada ou por
causa inadequada. Dependendo da causa agimos por ação ou por
paixão. Para Spinoza, mente e corpo não são substâncias
distintas, pelo contrário, ele se coloca duramente contra a
concepção dualista de Descartes – da separação entre espirito e
matéria. Para Spinoza, mente e corpo são unos, modos da mesma
substância. Aliás, para este autor existe apenas uma substância
que é Deus – que também pode ser chamado de natureza (Deus sive
natura). Logo quando agimos por causa adequada, agimos de acordo com
a natureza. Já quando agimos por causa inadequada padecemos. Para
este autor existem três afetos primários que são o desejo
(cupiditas), a alegria (laetitiae) e a tristeza (tristia) a partir
daí advém o amor, o ódio, a esperança, o medo e etc. O contato
entre estes afetos geram outros afetos. E pelo fato do corpo humano
ser constituído de muitos indivíduos de natureza diversa somos
afetados de diversos modos. Nessa linha Spinoza diz que nos
esforçamos por promover o que nos conduz a alegria e nos esforçamos
por afastar ou destruir ao que conduz a tristeza.
Spinoza
ressalta a natureza invejosa do homem que o torna propenso ao ódio e
a inveja. Propensão que é afirmada pela educação familiar. E que
tem sido levado ao extremo na sociedade capitalista em todos os
sentidos. Mas não tiremos conclusões precipitadas de que se trata
de uma concepção determinista. Spinoza busca sempre ressaltar a
diversidade de afetos, de objetos e de desejos. Logo a conclusão que
podemos tirar é que há uma multiplicidade de possibilidades
resultante dos conflitos que é o que caracteriza a realidade.
Spinoza
subverteu o pensamento dominante de sua época, não abriu mão de
defender o que acreditava, mesmo que isso resultasse em perseguição,
sobretudo do campo religioso. Foi acusado de heresia e até mesmo de
ateísmo. Mas sobreviveu, e seu pensamento influenciou grandes nomes
como Karl Marx, Nietzsche e Freud, e continua influenciando diversos
pensadores que a cada dia descobre uma nova potência na filosofia de
Baruch Spinoza. Nessa obra especifica é importante olharmos para
questão ética e moral. Para Spinoza não existe moral ou imoral,
não existe bem ou mal, o que existe são corpos e suas potências
(conactus) que ao entrarem em contato diminui ou aumenta, ajuda ou
limita a potência de agir. Logo a realidade se torna um jogo de
forças que busca afirmar o ser através da potência.
Referência bibliográfica
SPINOZA, Baruch. Ética Demostrada em Ordem Geométrica - Terceira Parte “Sobre a Origem e a Natureza dos Afetos”. Tradução: Roberto Brandão. Disponível em minhateca.com.br. Acesso em: 25 de Março de 2017.
*Resumo para apresentação no Seminário da disciplina de Fundamentos de Ética, do 5° período do Curso de Filosofia.
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