Quando achamos que chegamos no fundo do poço é que percebemos que o poço não tem fundo. Sobretudo quando falamos das figuras políticas desse estado. Quanta mediocridade camaradas, quanta mediocridade. A bola da vez - Siqueira senador. Isso mesmo, você não leu errado. Siqueira Campos (suplente de senador) assumiu a vaga após o afastamento de Eduardo Gomes.
Tudo não passa de um grande espetáculo já que na prática nada mudará para o povo tocantinense a não ser que sua presença no senado abaixa o nível político de representação do Tocantins que já não é lá essas coisas. Não ficará no senado por muito tempo, é verdade. Mas o suficiente para falar suas asneiras como a defesa da criação de mais estados e o combate a corrupção – asneiras por que combater a corrupção foi tudo o que ele não fez quando governou o Tocantins. E defender a criação de novos estados no momento político de redução da estrutura estatal é coisa de quem parou no tempo.
E Siqueira há muito tempo parou no tempo. Aja visto que no seu último mandato de governador – um mandato marcado por crises políticas, denúncias de corrupção e baixa popularidade – acabou por renunciar, saindo então pela porta de trás do Palácio Araguaia. Mostrando claramente a incapacidade politica de governar num contexto em que não tem o total dominio das forças políticas como no período da União do Tocantins (UT).
Esse é um episódio que não pode ser esquecido ainda mais por que há um esforço daqueles que buscam beatificar sua figura, de apagá-lo de nossas memórias. Assim também como seus mandatos anteriores, onde governava com mão de ferro perseguindo sem nenhum pudor qualquer um que se opusesse a sua poderosa organização política – UT. Um período marcado por uma visão paternalista do Estado.
Diante disso tem sentido a prefeita de Palmas – Cíntia Ribeiro – se referir a Siqueira como pai dos Tocantinenses . Pois é assim que ele se sente e assim que muitos o vêem. O que é lamentável pois o paternalismo nada tem de positivo. Em se tratando de política, se caracteriza pelo autoritarismo disfarçado pelo discurso da proteção. Mais ou menos assim: - faça o que eu mando que ti protejo. Ou ainda – Aos amigos as benesses do poder e aos inimigos o rigor da lei. Era assim que as coisas funcionavam no Tocantins nos governos Siqueira, sobretudo no auge da UT.
Mas isso tende a ser esquecido numa espécie de projeto de beatificação pelo qual Siqueira vem passando. O que ficou claro nas declarações de vários políticos locais e da repercussão na imprensa regional. Aliás, a repercussão em torno da posse de Siqueira no senado tanto por parte de políticos de diferentes partidos como dos veículos de imprensa regional mostra o quanto o paternalismo está arraigado na nossa cultura. Inclusive em figuras femininas como Cíntia, Kátia e Dorinha. Paternalismo que era uma das características da UT – que foi o berço político de muito dessas figuras – que carregam no seu DNA político essa característica paternalista.
Mas apesar de toda a repercussão (apenas a nível regional pois a nível nacional pouco ou nada se falou – o que mostra bem o peso político do velho Siqueira ) a maioria da população tocantinense não recebeu a notícia com o mesmo entusiasmo de alguns dos nossos representantes políticos. E o motivo? É por que, como já dissemos no início, efetivamente nada mudará para população no seu dia a dia. Agora para o velho Siqueira sim.
Para o velho Siqueira é uma espécie de volta por cima após ele ter deixado o Palácio Araguaia pelas portas do fundo ao renunciar o mandato de governador. Pois afinal de contas terminar a trajetória política como senador é muito diferente de terminar renunciando um mandato de governador. Num processo de beatificação não há desfecho melhor. Diante disso só nos resta resmungar: - eh Tocantins, eh Tocantins.
Por Pedro Ferreira Nunes - Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.
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