terça-feira, 31 de março de 2020

Literatura tocantinense: Pedro Tierra e o seu Porto submerso.

“Tocantins: veia aberta num brejal
que se derrama pelo cerrado vasto
e reconfigura a estampa da paisagem...”.
Pedro Tierra 

Lá pelos idos de 2009 ganhei um livro de poesia com poemas de um tal Pedro Tierra. Pelo nome pensei se tratar de um poeta espanhol ou de algum país latino-americano de língua espanhola. Mas qual foi a minha surpresa ao descobrir que aquele tal Pedro Tierra era do Tocantins – mais precisamente da cidade de Porto Nacional – “uma cidade com janelas olhando para o rio Tocantins”, escreveu em certa feita o poeta.

Nesse tempo eu morava em Goiânia e fiquei a me questionar por que nunca havia visto no Tocantins (sobretudo na escola) falarem de um poeta daquela envergadura. Hoje, novamente morando no Tocantins, percebo que Pedro Tierra tem tido algum reconhecimento – tendo recebido importantes homenagens como o título de Doutor Honores Causa da Universidade Federal do Tocantins  (UFT). Mas creio que esse reconhecimento ainda é bastante aquém do que ele merece por sua importante contribuição a cultura literária nacional.

Pedro Tierra é na verdade o pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva (1948) – que escreveu  os poemas que comporiam o seu primeiro livro na prisão  (Poemas do Povo da Noite, 1977) durante a ditadura militar. Tierra fora preso por sua militância no movimento estudantil lutando contra a repressão do regime militar. Mas se o objetivo dos militares era silencia-lo o resultado foi outro – através da poesia, Tierra fez ecoar pelo mundo “o grito de liberdade preso na garganta” (Aos fuzilados da CSN, Garotos Podres) dos presos políticos nos porões da ditadura no Brasil – o seu primeiro livro foi publicado primeiro na Itália (1977) e depois na Espanha (1978). E no Brasil quando publicado em 1979 se tornou uma referência para os presos políticos e para os movimentos de luta pela redemocratização do país.

Os poemas do Pedro Tierra se assemelham a preces (talvez por influência da sua formação católica). O que contribuia para manter acesa a chama da esperança no coração daqueles que lutavam contra a ditadura militar: “Prossigo, ainda que a presença do inimigo, a vigiar meus sapatos molhados na rua sem trânsito, me devolva a impressão de ter regressado, aos primeiros dias de treva...”. (Campo de flores, 1974 – do livro Poema do Povo da Noite). Foi portanto na militância política, na luta contra a ditadura militar que Hamilton Pereira da Silva se tornou Pedro Tierra. E Pedro Tierra forjou a sua poesia – como o ferreiro forja o ferro transformando-o em instrumentos diversos. E dessa labuta vieram outras obras como “Água de rebelião” (1983), “Inventar o fogo” (1986) “A palavra contra o mundo” (2013) e “Porto submerso” (2005) que é a obra que enfocaremos aqui – e se trata daquele livro que disse lá no início – onde fui apresentado a poesia de um tal Pedro Tierra. 

Em “O Porto Submerso” (Pedro Tierra que sempre teve uma militância política ativa no campo da esquerda e acabou se radicando em Brasília – onde inclusive por duas ocasiões foi Secretário de Cultura) retorna a suas origens para falar da sua terra natal – á velha Porto Nacional – que já não é a mesma da sua infância. “Piranhas devoram o baú de lembranças/ nos quartos dos fundos dos casarões.../ Algumas paredes ruíram/ sobre os sonhos acalentados na infância:/ não resistiram talvez ao assédio da umidade/ a essa flor que próspera nos pântanos/ forçando os precários alicerces de tudo/ ao abandono de tantos anos...”. Diz o poeta no poema que dá título ao livro. 

Mas ao buscar no baú de lembranças a memória da sua infância ele não deixa de falar da nova Porto Nacional – onde o velho rio Tocantins, que antes via da janela de sua casa, já não é o mesmo – suas águas já não seguem livremente como antes da construção da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães: “Ao primeiro olhar o rio assume as feições/ De lagoa. De útero. Misteriosa oficina de vida/ Melhor, um avesso de útero:/ vai devorando ilhas/ que se opõem à sua placenta corrosiva./ Dissolve areias e memórias... Tocantins: veia aberta num brejal/ que se derrama pelo cerrado vasto/ e reconfigura a estampa da paisagem... O rio teima em se manter-se rio corrente:/ uma veia de esmeralda líquida e retesa/ varando o ventre do lago,/ feito alma submersa/ e luminosa a lhe dar sentido/ Vencido, o rio se abranda em barros e silêncios...”. Diz o poeta no poema “Barragem”.

Do seu baú de lembranças da infância ele trás poemas como “Querosene” que é um belo retrato dos causos interioranos e do seu povo. “Nunca se soube/ se por fome/ sede/ ou pura danação./ Foi apanhado/ estendido sobre o ladrilho da taverna/ mamando querosene/ na torneira do tambor./ adquiriu desde então/ um tom esverdeado,/ guenzo/ e uns olhos iluminados/ como se tivesse tragado as nascentes da lua./ Os meninos da rua lhe atiravam fósforos/ para conferir se acendia,/ querosene. Eis aí um poema belo, simplesmente belo. Mas o que é o belo? Nos questiona Sócrates. 

Não desviemos o rumo da prosa, deixemos as filosofadas para depois. Voltemos á poesia – não que poesia e filosofia estejam em campos opostos como acreditam uns. E Pedro Tierra mostra isso de forma magistral em vários poemas do seu “Porto submerso”, entre eles “trama”, onde reflete sobre a vida: “E se o corpo é uma canoa/ de madeira amarga/ e terna,/ a alma é um rio agudo/ com dedos de água/ e fuga,/ a marca dos meus roteiros./ dedos sábios de rendeira/ tecem os fios incontáveis/ a trama do meu destino...”. Em “Os bilros” o poeta também filósofa sobre a vida: “Na dança dura do dia/ entre os dedos da rendeira/ Os bilros trançam nos fios/ a renda da vida inteira... Nessa trama dos aflitos,/ nessa dança dos contrários/ a renda tece a rendeira/ na ponta escura dos bilros...”. Já em “Os impossíveis” o poeta reflete sobre a poesia: “Poesia é assim:/ Os impossíveis./ é quando prevalece/ a vontade da palavra...”.

Pedro Tierra também nos faz viajar pelo cerrado com suas riquezas e seus encantos em poemas como “Buriti”: “Em Palma Verde de buriti,/ tranço um balaio de versos/ para tentar uma última vez.../ recolher os milagres das chuvas...”. No poema “Concerto para jacumã e remo”: “Mergulho o remo/ e remo sem rumo/ sem pauta/ sem porto algum/ que me recolha ao fim da madrugada./ jacumã é lugar de partida./ e de chegada...”. No poema “Mirindiba”: “...Entre raizes/ (Mirindiba fruta humilde/ nutrindo peixe celestes...)...”. E no poema “Paus d’arcos”: “Paus d’arcos./ Agosto./ cerrados./ o pau d’arco/ desata os laços/ do tempo que se despede,/ mas permanece contido/ na cortina que protege o tronco/ contra os açoites da seca...”.

E como não poderia ser diferente Pedro Tierra não deixa de denunciar através dos seus versos o avanço da destruição do cerrado pelo agronegócio: “...o trabalho dos homens organiza o cerrado./ Organiza desertos transgênicos de soja./ desertos verdes de soja./ desertos secos de soja,/ desertos.” Lamenta o poeta no poema “Carvoeiros”. E também no poema “Carvão” onde diz: “... meus olhos cansados/ miram a tarde que morre/ e registram ruínas de árvores/ que exigem o silêncio da alma/ como catedrais tombadas./ Ardem os ossos das árvores:/ o Verde derrotado,/ o fulgor da labareda,/ a palha, a cinza, antigas certezas/ pulverizadas,/ a potassa exposta à viração./ a busca feroz do carvão”. Mas o poeta não perde a esperança – sabe que o cerrado é resistência,  sabe que o cerrado é vida: “- O cerrado sabe seus atalhos.../ a promessa de vida que no ovo lateja,/ o trabalho de vida que no ovo lateja,/ o disparo de vida interrompida no ovo/ adia a vida que pulsa nos seus guardados:/ a vida sabe,/ a vida se esquiva para prosseguir...”.

Essa pequena amostra creio dar conta de sintetizar todos os poemas do livro apresentado, por tanto fiquemos por aqui. Não sem antes ressaltar que na minha opinião como leitor – se esse livro (O Porto submerso) não é o maior clássico da literatura tocantinense, está entre eles sem dúvida. De modo que nós tocantinenses não podemos deixar de reconhecer e prestar as devidas reverências a esse poeta e escritor – e a maior reverência que podemos fazer a um poeta e escritor é ler e discutir sua obra – e aqui não estou falando apenas do livro “O Porto submerso”.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins. Também se arrisca a escrever poemas entre outras coisas.

***

Referências 

Tierra, Pedro. O Porto submerso. Brasília: Edição do autor, 2005.

Tierra, Pedro. Quem sou eu. Disponível em: http://pedrotierracultura.blogspot.com/?m=1. Acesso em: 30 mar. 2020.

Revista Prosa Verso e Arte. Pedro Tierra – poemas. Disponível em: https://www.revistaprosaversoearte.com/pedro-tierra-poemas/. Acesso em: 30 mar. 2020.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Byung Chul Han e Slavoj Zizek: Duas perspectivas para o mundo pós-pandemia de COVID-19.

Á Loyane Marques.

Ruas desertas, transporte público parado, comércio vazio, escolas fechadas – todo mundo entrincheirado em suas casas para combater o inimigo invisível. É, parafraseando uma canção do velho Ozzy  – estamos  “num trem maluco saindo dos trilhos”. Mas sair dos trilhos as vezes é bom, sobretudo quando esse trilho está nos levando para o precipício. Por outro lado essa saída dos trilhos pode ser apenas uma ilusão – acreditamos estar escapando do precipício quando na verdade rumamos mais aceleradamente para ele.

Para onde estamos indo com a crise imposta pela pandemia de COVID-19? Quem escapar da morte tem a fome e a miséria a sua espreita. Fala-se muito em solidariedade e cooperação para que o trem maluco que estamos não saía dos trilhos. Mas esses valores há muito tempo foram esquecidos dando lugar a competição de todos contra todos. E agora esperam que do dia para noite todos se tornem solidários e cooperativos? Santa hipocrisia, santa hipocrisia. O que não poderia ser diferente, não é verdade?! Afinal de contas a hipocrisia é um dos elementos que compõe a moral burguesa – essa classe de abutres que se alimenta da desgraça para continuar dominando – dominando até quando? Será que a crise atual nos dá possibilidade para destrona-lá juntamente com seu modo de produção nefasto? Ou continuaremos sob seu domínio com uma espoliação ainda maior?

O filósofo Sulcoreano (radicado na Alemanha) Byung Chul Han e o Esloveno Slavoj Zizek nos ajudam a refletir sobre essas questões, apontando diferentes perspectivas. Enquanto Zizek, com um tom otimista, enxerga uma possibilidade de ruptura, que nos levará a um outro modelo de sociedade. Byung Chul Han, num tom mais pessimista (alguns diriam, realista), dirá que após a pandemia o que teremos é um capitalismo mais pujante. Ambos concordam num fato – é preciso mudar, pois não podemos continuar submetidos a ordem hegemônica do capital. Como essa mudança ocorrerá, quem serão os autores dela e o modelo de sociedade que emergirá daí, não há acordo. No final o que temos é um belo debate entre dois pesos-pesados da filosofia na atualidade. 

Para Zizek essa crise pode ter o seu lado
positivo a medida que ela nos proporciona “a pensar uma sociedade alternativa, uma sociedade para além dos Estados-nação, uma sociedade que se atualiza nas formas de solidariedade e cooperação global”. Ele defende “que não podemos seguir pelo mesmo caminho que viemos até agora”, de modo que se faz necessário “uma mudança radical”. Zizek alerta, “não estamos lidando apenas com ameaças virais – outras catástrofes já estão surgindo no horizonte ou mesmo acontecendo: secas, ondas de calor, tempestades fora de controle, etc. Para todos esses casos, a resposta não é o pânico, mas o trabalho árduo e urgente para estabelecer algum tipo de coordenação global eficiente”.

O filósofo esloveno lamenta que seja necessário uma catástrofe para que repensemos as características básica da sociedade que vivemos. Que só a partir daí tenha surgido uma solidariedade global em torno de ações do cotidiano para evitar o avanço do vírus  (que é algo real e não virtual). Uma solidariedade que é necessário se fortalecer pois é preciso aceitar  que “a ameaça veio para ficar. E “Mesmo se a onda passar, ela reaparecerá em novas formas – quiçá bem mais perigosas”.

Zizek chama atenção para reação dos mercados como uma reação para manter o modelo econômico atual que busca um crescimento desenfreado acima de tudo. De acordo com ele isso reafirma a necessidade de mudança para “alguma forma de organização mundial que consiga  controlar e regular a economia”.  Por fim, Zizek propõe um comunismo reinventado “com base na confiança nas pessoas e nas ciências”.

Byung Chul Han por sua vez não é tão otimista assim. Para ele “após a pandemia, o capitalismo continuará com ainda mais pujança. E os turistas continuarão pisoteando o planeta”. Ao invés de solidariedade e cooperação poderemos ter uma sociedade mais policiada digitalmente tal como já ocorre hoje nos países asiáticos, em especial a China. Aliás, ele ressalta que ao contrário do que pensa Zizek, o vírus não destruirá o capitalismo e nem mesmo o regime político chinês – “a China poderá agora vender o seu Estado policial digital como um modelo de sucesso contra a pandemia”. 

O filósofo Sulcoreano questiona a tão propalada cooperação e solidariedade no contexto atual. A esse respeito ele diz: - “a solidariedade que consiste em guardar distâncias mútuas não é uma solidariedade que permite sonhar com uma sociedade diferente, mais pacífica, mais justa”. Por isso ele enfatiza que “nenhum vírus é capaz de fazer a revolução. O vírus nos isola e individualiza. Não gera nenhum sentimento coletivo forte” e “de alguma maneira, cada um se preocupa somente por sua própria sobrevivência”. 

Para Byung Chul Han o capitalismo destrutivo precisa ser freado, mas não é o vírus que fará isso, e sim a razão. É a razão que pode colocar limite a um mercado financeiro que não conhece limite tanto é assim que o pânico atual não é por medo do vírus mas “o medo a si mesmo”. Para o filósofo Sulcoreano “o crash poderia ter ocorrido também sem o vírus” e  “talvez o vírus seja somente o prelúdio de um crash muito maior”.

 Nesse contexto Byung Chul Han é enfático ao defender que não “podemos deixar a revolução nas mãos do vírus. Precisamos acreditar que após o vírus virá uma revolução humana. Somos nós pessoas dotadas de razão, que precisamos repensar e restringir radicalmente o capitalismo destrutivo, e nossa ilimitada e destrutiva mobilidade, para nos salvar, salvar o clima e nosso belo planeta”.

Bom, eis aí de forma breve alguns pontos da argumentação dos dois filósofos acerca das perspetivas para o mundo pós-pandemia de COVID-19. Para uma compreensão ainda maior indico a leitura completa dois textos utilizados como referência para escrever essas linhas. O texto do Slavoj Zizek você encontra no Blog da Boitempo (link:https://blogdaboitempo.com.br/2020/03/12/zizek-bem-vindo-ao-deserto-do-viral-coronavirus-e-a-reinvencso-do-comunismo/) e o Texto do Byung Chul Han no site do El país (link: https://Brasil.legais.com/ideas/2020-03-22/o-coronavirus-de-hoje-e-o-mundo-de-amanha-segundo-o-filosofo-byung-chul-hab.html). Boa leitura e boas reflexões.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins. 

sábado, 21 de março de 2020

Poema: Carta a uma amada

Você se lembra,
de quando nos conhecemos,
na rua da pequena cidade,
onde morávamos?
Eu um adolescente metido a punk,
e você um tanto hipponga.

Apesar das nossas diferenças,
ou talvez exatamente por isso.
Eu me interessei por ti,
e você por mim.

Você se lembra
do nosso primeiro beijo,
deitados naquela rede,
na área da sua casa?
Alta madrugada,
só eu e você.

E da nossa primeira transa?
Quando terminamos,
fiquei um tanto pensativo num canto.
E você sorrindo enquanto fumava um cigarro.
sempre que terminavamos de transar,
você fumava um cigarro.

Você ainda fuma?
Ainda lembra de mim?
Já me perdoou,
por eu ter partido
sem se despedir?

Espero que sim,
pois afinal de contas,
foi o melhor a se fazer.
Eu e você nunca seríamos,
felizes juntos.

Desejo que esteja bem.
Aonde quer que esteja,
e com quem quer que esteja.
Eu também estou bem.
Eu também estou bem.

Por Pedro Ferreira Nunes - Poeta e Escritor Popular

segunda-feira, 16 de março de 2020

COVID-19: Esperança e Medo.

“Não há Esperança sem Medo, nem Medo sem Esperança”.
Baruch Spinoza

A medida que o novo coronavírus (Covid-19) avança por diversos países do globo, avança também o Medo. Aliás, o Medo chega antes, em grande  medida, por um excesso de informação que ao invés de informar, desinforma. E de medidas governamentais tomadas de forma improvisada. Mas o Medo não anda sozinho. Ele sempre vem acompanhado da Esperança – o problema é quando o Medo se torna desespero. E isso ocorre quando não há mais Esperança (há sempre alguém que aposta nisso, que lucra com isso).

Quem nos ajuda a compreender melhor a relação entre Medo e Esperança é o filósofo holandês Baruch Spinoza (1632-1677) na sua célebre obra publicada no ano da sua morte – “Ética demonstrada à maneira dos Geômetras” – onde ele define a Esperança como uma “Alegria inconstante, originada da idéia de uma coisa futura ou passada, cuja ocorrência duvidamos até certo ponto”. E o Medo por sua vez como “uma Tristeza inconstante, originada da idéia de uma coisa futura ou passada, cuja ocorrência duvidamos até certo ponto” (2014, p. 65).

Por essas definições percebemos uma ligação entre esses dois afetos que tem como característica a dúvida acerca de algo que aconteceu ou acontecerá – dúvida que leva a uma inconstância dos afetos de Alegria e de Tristeza, já que não há uma certeza se aquilo pelo que se espera irá de fato acontecer. Por outro lado também não há uma certeza de que não vai acontecer. É por isso que para Spinoza (2014, p. 57) “não há Esperança sem Medo, nem Medo sem Esperança”. Analisemos essa afirmação a partir da crise com o novo coronavírus.

Há a Esperança de que se controle a expansão do novo coronavírus,  tanto através de ações individuais, como um maior cuidado com a higiene pessoal. Como também com medidas coletivas, como suspensão das aulas nas escolas e a realização de eventos públicos. Mas como não há certeza que essas medidas serão suficientes, essa Esperança vem acompanhada do Medo. A partir dai o Medo pode prevalecer. Mas se isso acontecer, ele também trará consigo a Esperança de que mesmo num cenário difícil possa acontecer um milagre e assim todos voltariam a vida “normal”.

De acordo com Spinoza  (2014, p. 65) “quem depende da Esperança, tem dúvida sobre a ocorrência da coisa e também imagina algo que exclui a existência futura de tal coisa; nesta medida ele também se entristece. Consequentemente, quem depende da Esperança, teme que a coisa não aconteça. Por outro lado, quem tem Medo, isto é, quem tem dúvida da ocorrência daquilo que odeia, também imagina algo que exclui a existência de tal coisa e, portanto também se alegra e, consequentemente tem esperança que a coisa não ocorra” (2014, p. 65). Em suma, por um lado temos Esperança que se descubra uma forma de controle do avanço do novo coronavírus e isso nos alegra, mas como nada garante que esse controle de fato funcionará, nos entristecemos.

Para Spinoza (2014, p. 57) “qualquer coisa pode ser, por acidente, causa de Esperança e de Medo”. Sendo que as “coisas que são por acidente causa de Esperança e de Medo são chamadas de bons ou maus presságios. E como estes presságios são causa de Esperança e Medo, são também causa de Alegria e Tristeza”. Quando é causa de Alegria, amamos. E quando é causa de Tristeza, odiamos. Em ambos os casos “nos esforçamos, seja para empregá-los como meios para as coisas que esperamos, seja para removê-los enquanto obstáculos ou causas de Medo”. Esse esforço faz parte da natureza humana que é constituída de tal forma “que facilmente acreditamos nas coisas que esperamos e dificilmente acreditamos nas coisas que tememos” (2014, p. 57).

Essa é uma característica, que segundo Spinoza, nos leva a acreditar em discursos supersticiosos. No caso da pandemia da COVID-19 temos coisas nesse sentido como: isso é “coisa de satanás”, “invenção da mídia”, “arma para matar militante anticomunista”, entre outros.

Mas há o elemento que Spinoza denomina de flutuações da alma – que faz com que um afeto se transforme em outro – assim como o Amor pode se tornar Ódio, a Esperança pode se tornar Medo.

No caso do novo coronavírus é possível perceber claramente essa flutuação de afetos – da Esperança para o Medo – a medida que a realidade vai se impondo com os casos de contaminação acontecendo cada vez mais próximos de nós e os números de óbitos aumentando. E do Medo para Esperança – quando buscamos agir racionalmente diante dessa situação.

E ai está um ponto importante, pois dependendo de como agimos podemos ir da Esperança para Segurança ou do Medo para o Desespero – o que ocorre, segundo Spinoza, “quando é removida a causa da dúvida sobre a ocorrência da coisa em questão” (2014, p. 65). E se tratando da COVID-19, quando isso ocorrer, e cedo ou tarde ocorrerá, a Esperança dará lugar a Segurança. Mas, por outro lado também pode ocorrer o contrário – podemos ir do Medo ao Desespero. E isso precisamos evitar pois o Desespero nos faz agir de forma irracional. E agir irracionalmente é tudo que “líderes supersticiosos”, “mercadores da saúde” e as elites econômicas esperam de nós, pois assim poderão lucrar mais e mais e mais.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.

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Referência:

Spinoza, Baruch. Ética demonstrada a maneira dos geometras. Tradução: Roberto Brandão. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/6574573/93539070-baruch-spinoza-etica-demonstrada-a-maneira-dos-geometras-pt-br/18. Acesso em: 15 Mar., 2020.

terça-feira, 10 de março de 2020

Quem tem medo da Filosofia?

“A verdadeira função social da Filosofia consiste na crítica do estabelecido”.
Valério Rohden 

Essa questão feita por Valério Rohden em 1979
(durante a fase final da ditadura militar) voltou á tona nos últimos anos no Brasil. Sobretudo a partir da proposta de reforma do Ensino Médio no governo de Michel Temer (MDB), onde se propunha entre outras coisas a retirada do ensino de Filosofia como disciplina obrigatória da grade curricular. Com a chegada do Sr. Jair Bolsonaro a presidência da república essa questão volta com força sobretudo com os ataques do governo a universidade pública, em especial os cursos de humanas, e em particular os cursos de Filosofia.

Rohden foi um filósofo brasileiro referência no pensamento kantiano – traduziu do alemão as três críticas desse filósofo e presidiu a Sociedade Kant Brasileira. Também presidiu e foi um dos fundadores da ANPOF (Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia).   Gradou-se em Filosofia em 1960 e o doutorado com livre-docência pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul ocorreu em 1976. Já o pós-doutorado foi na Universidade de Munster (Alemanha). Rohden desenvolveu pesquisas em diversas universidades em países como Alemanha, França, Itália e no Brasil – onde atuou como docente na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e na Universidade Luterana do Brasil. Além de traduzir, também escreveu diversas obras entre elas: “Interesse da razão e liberdade” (1981), “Kant e a instituição da paz” (1997) e “Filosofia, liberdade e conhecimento...” (1999).

Em “Quem tem medo da Filosofia?” Rodhen chama atenção para as prevenções que se tem com a Filosofia. Ele se questiona do por que dessas prevenções se no Brasil a Filosofia não tem grande relevância, como dizem seus críticos. Ora, se a Filosofia é tão irrelevante assim, a ponto de ser retirada da grade curricular do segundo grau, por que o Estado persegue os professores, afastando-os? Não há ai uma contradição? Questiona Rohden.

“O Estado arroga-se o direito de julgar quem é bom ou mau em Filosofia, afastando aqueles que julgou serem maus, justamente aqueles que na verdade eram bons. Parece que a base desse procedimento reside num medo à Filosofia: numa hostilidade que sempre houve contra ela, e que parece traduzir-se sob a forma de um medo ao pensamento e à crítica” (1984, p. 3). 

É a partir dessa reflexão que surge o questionamento acerca de quem tem medo da Filosofia e por quê. Para refletir sobre essas questões o nosso filósofo recorrerá a três textos de diferentes autores: “Crítica da razão tupiniquim”  do Roberto Gomes, “Teoria tradicional e teoria crítica” do Max Horkheimer e “Schopenhauer como educador” do Friedrich Nietzsche. A esse respeito, Rohden nos diz:

“Refletindo sobre esses textos consegui detectar três diferentes centros de medo, cada um assumindo suas conotações próprias: I. O Medo do próprio filósofo: medo de expor-se; II. O Medo da opinião pública: medo da crítica; E III. O Medo do Estado: medo da verdade” (1984, p.4). Vejamos cada um deles.

I. O Medo do próprio filósofo: medo de expor-se;

Rohden identifica esse medo – o medo de expor-se – a partir do que expõem Roberto Gomes em “Crítica da razão tupiniquim”. Trata-se de um medo do próprio filósofo “porque uma vez expostos e nus não teriam o que mostrar para além do seu formalismo exterior de terno e gravata”. Isto é, reproduzir discurso academicista de autores europeus. Ele salienta que se expor significa colocar-se sob o julgo da opinião pública e estar preparado para arcar com as consequências que daí advém. Por saber disso nossos filósofos preferem se silenciar. E assim, nas palavras do próprio Rohden, “em termos rigorosos seriam, pois, filósofos “mudos”, ou loquazes mas sem pensamento – enfim uma forma estranhíssima de seres que propriamente não falariam e nem pensariam. Sua expressão seria falsificada por uma retórica dominada por categorias assimiladas e repetidas, sem nenhuma mediação de pensamento e de meio” (1984, p. 4). Ao invés de assumir uma posição e se arriscar a ela, independente das consequências, preferem se esconder atrás de uma suposta “isenção e da ‘objetividade’– que tudo concilia, dissolvendo as oposições e não radicalizando nada” (1984, p. 5). Em suma, para Rohden, nossos filósofos tem medo de assumir uma posição e de se desligar da cultura européia. 

II. O Medo da opinião pública: medo da crítica; 

Rohden, ainda a partir do Roberto Gomes, identifica o medo da crítica a partir de uma análise das características culturais do brasileiro. Ele salienta que “o decantado espírito de conciliação e tolerância típico do brasileiro facilmente converte-se no seu oposto, ou seja, no fanatismo de quem não admite uma posição diferente da sua” (1984, p. 5). Nosso filósofo diz que isso é consequência da falta de convivência racional e democratica. Essa falta faz com que sejamos incapazes de conviver e dialogar com alguém que pense diferente de nós. O curioso, ressalta Rohden, é que conseguimos conviver com autores e obras distintas. Mas, citando Gomes, “ao nível social, divergir é crime. Discordar é subversão. Perguntar já é um hábito de desobediência. Isso no país do jeitinho, do homem cordial, do carnaval eterno” (1984, p. 5). Isso leva a uma ausência de consciência crítica – que por sua vez gera intolerância, sectarismo, o partidarismo estéril, a repressão, a censura, o irracinalismo e à autoritarismo políticos. “Em tal contexto a Filosofia não tem condições para exercer-se e cumprir sua missão” (1984, p. 5).  E qual é essa missão? Para responder essa questão Rohden recorrerá a Horkheimer – e a partir daí afirmará que “a verdadeira função social da Filosofia consiste na crítica do estabelecido”. Para Rohden “é como crítica,  e não por alguma outra utilidade mais imediata, que a Filosofia desempenha uma função social” (1984, p. 6). 

Ainda de acordo com nosso filósofo: “O conflito da Filosofia com a sociedade deriva dos seus princípios imanentes: A Filosofia afirma a liberdade das ações humanas, reivindica a necessidade geral da crítica, opõe-se a tradição, à resignação e lança luz sobre hábitos tão arraigados que parecem naturais. A defesa desta dimensão da Filosofia levou Sócrates à morte, e por esta dimensão ela mantém até hoje uma relevância originária” (1984, p.6).

III. O Medo do Estado: medo da verdade.

É a partir de Nietzsche que Rodhen definirá esse terceiro medo – o medo da verdade por parte do Estado. “O Estado tem medo de homens que fazem verdadeira filosofia. Tais homens, pela sua própria estatura de pensamento e de homens, não servem ao Estado, e ele não os favorecerá, ou seja, não favorecerá a verdadeira Filosofia” (1984, p. 7). Mas para dar uma aparência de que presa pela verdade e pela Filosofia o Estado favorece alguns filósofos, claro apenas aqueles dos quais ela não teme. Busca convencer a opinião pública de que esses são os bons filósofos, obriga-os a ensinar e a falar mesmo quando não tem nada a dizer e “compromete a Filosofia a fazer o papel da erudição, de produzir repensadores e pós-pensadores de pensadores anteriores” (1984, p. 7). E com isso ao invés de contribuir para fortalecer o pensamento filosófico enfraquece-o afastando os estudantes que darão graças a Deus por não serem filósofos.

“Se com essa erudição só se aproveita uma educação para a prova – que leva os estudantes a suspirarem ao fim do semestre com um ‘graças a Deus que não sou filósofo, mas cristão e cidadão do meu Estado’ – então devemos dar também razão a Nietzsche ao perguntar: ‘e se esse suspiro profundo fosse justamente o propósito do Estado, e a educação para a Filosofia, em vez de conduzir a ela, servisse somente para afastar da Filosofia?’” (1984, p. 8).

Que fazer?!

Rohden propõe a seguinte estratégia para combater esses medos. Primeiro, em relação ao medo no filósofo, ele defende o desenvolvimento do pensamento autônomo e crítico da realidade. Segundo, em relação a opinião pública, ele propõe mostrar o seu engano, mas mostrando também como a Filosofia está ao seu lado. Em terceiro, em relação ao Estado, ele defende a desmistificação das falsas legitimações, procurando desenvolver uma política verdadeira e exigindo do Estado o direito à liberdade do exercício público e ilimitado do pensamento.

Para concluir 

Primeiro ponto, não é de agora que a Filosofia no Brasil é vista como algo inútil que deve ser retirada da grade curricular de ensino e que os filósofos (dignos desse nome) sejam desqualificados e perseguidos. Segundo, passado 40 anos da publicação desse texto, podemos dizer que as reflexões levantadas pelo filósofo Valério Rohden continuam válidas pois as prevenções com a Filosofia permanece e por conseguinte os medos que daí advém – os filósofos ainda não superaram o medo de exporem-se, a opinião pública não superou o medo da crítica, e o Estado o medo da verdade – ainda que já não estejamos mais numa ditadura militar, que tenhamos conseguido manter a obrigatoriedade do ensino de Filosofia no Ensino Médio e de termos conseguido ampliar os cursos superiores nessa área. Por isso não podemos deixar de questionar: Quem tem medo da Filosofia? Ousamos responder: Quem tem medo da crítica, do debate, do contraditório. Que esse medo seja por parte do Estado (que busca manter a ordem dominante) é até compreensivo – o que não significa dizer que temos que aceitar. Mas quando falamos em nível social aí é um problema. E mais problemático ainda é quando esse medo está  em nós. 

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins. 

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Referência 

ROHDEN, V. Quem tem medo da Filosofia?. In Introdução à Filosofia. Universidade Católica de Pernambuco – Departamento de Filosofia. Subsídios Didáticos – Fascículo I. Recife, 1984. Pág. 3-8.

quarta-feira, 4 de março de 2020

A questão do fornecimento de água em Lajeado: Hora de pensar na municipalização do serviço.

De repente, não mais do que de repente os moradores de Lajeado deixaram de receber em suas casas a fatura do serviço de fornecimento de água pela ATS (Agência Tocantinense de Saneamento) – que suspendeu, sem maiores esclarecimentos para população, a leitura dos hidrometros. Apesar disso, o fornecimento de água,  bem como o serviço de manutenção da rede, manteve-se em funcionamento. No entanto, isso não deixava de causar preocupação para população sobretudo diante da falta de informação por parte da empresa responsável pelo fornecimento de água. 

Por que a leitura dos hidrometros e por conseguinte a confecção das faturas haviam sido suspensas? Como seria a cobrança da água consumida pelos moradores? Quando seria essa cobrança? Eram questões para as quais não se tinha respostas. 

Passado alguns meses, de repente, não mas do que de repente os moradores voltaram a receber as faturas (retroativas) do serviço de fornecimento de água. Mas com um detalhe – como não havia sido feito leituras dos hidrometros mensalmente como se deve fazer – o valor era baseado na média de consumo de cada unidade consumidora. Mas pela falta de informação e esclarecimento por parte da ATS muitas famílias deixaram de pagar essas faturas – E não sem justificativa, pois num contexto de falta de informação e desorganização por parte da empresa responsável pelo fornecimento de água, quem garantia que aquelas faturas de fato eram oficiais. Além do fato de que sem a leitura não era possível afirmar que aquele valor que estava sendo cobrado era o que havia sido consumido. 

Mas a ATS, não abriu mão dos meses de fornecimento de água que ela deixou de fazer a leitura. E assim quando o serviço se normalizou muitas famílias foram surpreendidas com uma dívida considerável (sobretudo para condição socioeconômica da maioria da população da cidade).

E assim chegamos ao contexto atual. Nesse contexto para ATS  o máximo que se pode fazer é parcelar a dívida em até 18x sem juros e multas. Mas isso na verdade é o mínimo sobretudo diante de um problema que não foi causado pela população. É o mínimo pois não leva em consideração uma questão central – quem garante que o valor que está sendo cobrado dos consumidores reflete de fato o que foi consumido já que não houve leitura dos hidrometros? A população não poderia ser penalizada por um problema que ela não criou. Ela não deveria pagar por um serviço de excelência se o que recebeu foi mau serviço.

Ora, a obrigação da ATS é fornecer aos consumidores as faturas (mensalmente nos seus domicilios) do quanto cada unidade consumidora consumiu de água para que a partir daí os consumidores possam cumprir as suas obrigações que é quitar seus débitos ou questionar se observar algo errado. Mas sem informação na fatura como saberão se estão sendo cobrado por aquilo que de fato consumiram?!

O fornecimento de água, a manutenção e a melhoria da rede de abastecimento  é fundamental. Mas também é fundamental a clareza (através de informação) tanto da qualidade da água como do consumo pela população. Pois é através dessas informações que os moradores saberão se estão pagando pelo serviço que de fato está sendo prestado.

Ainda na gestão da prefeita Márcia Reis havia sido aprovado na Câmara de Veradores do município a concessão do fornecimento de água para a ATS. No entanto, por negligência do poder público local e do governo estadual (que controla a ATS) esse processo não foi oficializado. E isso foi o que levou aos problemas que relatamos no início. Só após todos esses problemas é que resolveram a questão. Agora oficialmente a ATS é a concessionária do abastecimento de água em Lajeado. 

Mas se o problema da concessão foi resolvido,  para muitas famílias só está no início. Pois agora além do consumo regular terão que pagar os meses retroativos. E repito mais uma vez, por um problema que não foi culpa delas. E se não foi culpa delas o justo seria cancelar essa suposta dívida. Mas é óbvio que a ATS não fará isso e nem as autoridades políticas do município – talvez só se a população se mobilizasse e buscasse o Procon, o Ministério Público, a Defensoria Pública e até o Poder judiciário. No entanto não se vê disposição para que isso ocorra.

Como não há disposição para o enfrentamento por parte da população de Lajeado, um caminho alternativo é retomar a discussão sobre a municipalização do serviço de fornecimento de água em Lajeado – a cidade tem a matéria prima, tem os equipamentos e tem mão de obra qualificada. Desse modo por que não assumir a gerência do serviço? Quais são os pontos positivos e negativos nesse sentido? É hora da população lajeadense pensar nessas questões sobretudo pelo fato de ser ano eleitoral (onde se elegerá quem governará a cidade nos próximos quatro anos). O que, no entanto, não impede a população de pressionar as autoridades locais para que exija a melhoria da prestação do serviço de fornecimento de água pela ATS enquanto esta for a empresa concessionária do serviço no município. 

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.