segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Resultado das eleições estaduais e as perspectivas para as eleições municipais de 2024 em Lajeado

A dinâmica eleitoral no Brasil faz com que haja uma articulação entre as eleições que ocorrem de dois em dois anos para escolha dos representantes políticos nos legislativos e executivos. De modo que quando termina um processo eleitoral já se está pensando no próximo. Ou melhor, cada campanha é feita pensando na próxima. Pois como a política no Brasil (a bem verdade, não só aqui) é feita a partir de uma perspectiva profissional, isto é, como um emprego. Quem está ocupando um cargo busca de todas as formas se manter e aqueles que não estão tentam ocupar. De modo que atuam mais numa perspectiva de se servirem do que servir a comunidade.


Enfim, toda essa reflexão introdutória é para dizer que o resultado das eleições estaduais nos dá alguns apontamentos para as eleições municipais. Diante disso o nosso objetivo aqui é buscar analisar o que podemos vislumbrar a partir desses resultados no município de Lajeado. Nesse sentido um primeiro aspecto que chama atenção é para um fato de que a eleição estadual pode ser vista como um termômetro de como a população está avaliando o grupo político que está no poder. Por outro lado, nos possibilita também ver a capacidade de articulação e força da oposição. Por sua vez, esses grupos políticos tem a oportunidade de avaliar suas táticas e rever as estratégias se se quiserem manter ou tomar o poder. Pois até as eleições municipais serão 2 anos onde tudo ou nada pode mudar.


Em Lajeado, na campanha eleitoral de 2022, vimos vários indivíduos ou grupos se colocando como força política. Nesse contexto três se destacaram: O prefeito Júnior Bandeira pela situação, naturalmente. E pela oposição, de um lado o ex-prefeito Tércio Neto e de outro Leidiane Mota.


Numa primeira análise podemos dizer que não houve um derrotado, já que tanto a situação como a oposição conseguiu eleger 01 ou mais dos nomes que estavam apoiando. No entanto ao aprofundarmos a análise, o grupo situacionista é o que tem menos a comemorar. Por exemplo, na disputa para deputado Estadual, o principal candidato (Cleiton Cardoso) apoiado pela gestão obteve 12,74% dos votos válidos no município. Ficando atrás de um dos candidatos apoiado pela oposição (Ivory de Lira), que obteve 17,56%. Se somado os votos obtidos por outro candidato apoiado pela oposição, a deputada Vanda Monteiro, que teve 12,28%, essa derrota aumenta mais ainda.


Além da votação dos três candidatos com maior votação no município – que eram aqueles que tinham a maior estrutura e investiram pesado para ter essa votação. É importante destacar outros nomes que não tiveram o mesmo apoio mas conseguiram votações expressivas como foi o caso da Janad Vacari, Cirilo Douglas e Cláudia Lelis.


Na disputa para deputado Federal o quadro anterior se repete. O deputado mais votado no município foi o Toninho Andrade (27,05% dos votos válidos) apoiado pela oposição. Enquanto que o Gaguim apoiado pela situação teve 14,71%.  Um ponto interessante nesse resultado é que ao contrário da disputa para deputado Estadual, os dois principais nomes da oposição (o Ex-prefeito Tércio e a Vereadora Lediane) defenderam o mesmo nome – o do Toninho Andrade. Na disputa para Assembléia Legislativa o primeiro apoiou o Ivory e a segunda a Vanda. 


Ainda sobre a disputa para a Câmara dos Deputados, é importante destacar a votação do Filipe Martins e do Eli Borges – ambos ligados as igrejas protestantes. Merece menção também a votação do Rubens Uchôa e dos petistas Celio Moura e Zé Roberto. 


Na disputa para o Palácio Araguaia a derrota da situação foi ainda maior. O candidato apoiado pela gestão (Ronaldo Dimas) obteve apenas 18,22% dos votos válidos. Enquanto Wanderlei Barbosa, apoiado pelos principais nomes da oposição, teve 71,57%. Sem falar na votação expressiva do Paulo Mourão (6,49%), que de longe, não teve a mesma estrutura que os dois principais candidatos tiveram. Mesmo assim teve uma boa votação. 


A disputa para o senado foi a única que a oposição não conseguiu triunfar sobre a situação. A candidata da oposição era Kátia Abreu que obteve 27,07% dos votos válidos. Mas a mais votada foi Dorinha que teve 57,59%. Essa votação no entanto foi mais o mérito da articulação das candidaturas de Wanderlei e Dorinha do que de um trabalho da situação como podemos ver a partir dos demais resultados.


No caso da disputa presidencial, tanto a situação como a oposição buscaram manter uma posição de certa neutralidade diante do embate entre Lula e Bolsonaro. De modo que tanto a derrota como a vitória de qualquer um dos candidatos, no caso do primeiro turno foi do petista que conquistou 52,55% dos votos válidos, não terá uma grande influência na disputa de poder local. Ou talvez não – uma vitória de Lula no 2° turno pode, num futuro governo petista, dar a Kátia Abreu  (que apoia o ex-presidente) uma posição no primeiro escalão – e isso certamente é positivo para oposição em Lajeado que a apoiou. 


Enfim, se o resultado das eleições estaduais pode nos dizer alguma coisa do contexto político local. É que para o grupo da situação o sinal de alerta foi ligado. Se o atual grupo no poder pretende continuar a frente da gestão municipal precisa rever a sua estratégia. Já a oposição por sua vez precisa analisar sua força num cenário de divisão e num cenário de unidade – num cenário de divisão a vantagem para situação diminui, já de unidade essa vantagem aumenta. De todo modo os dados estão lançados. Vejamos quem saberá fazer as melhores análises e por conseguinte as melhores jogadas para se apresentar com chances reais na disputa de 2024, tanto para o legislativo como para o executivo municipal. 


Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. 

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