quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Poema: Mercadão

Miracema do Tocantins  (Década de 1953)

  
Para Maria Lúcia, in memoriam

Quando passo naquela rua,
sinto uma dor no coração. 
Lembro da minha infância, 
lembro do mercadão.

Onde eu ia vender peixe,
para uns trocados ganhar.
Me divertia ouvindo os Xerente,
a sua língua falar.

Era um lugar animado,
muito especial.
Com suas cores e sabores,
e um clima fraternal.

Ficava na 1° de Janeiro,
com a rua Maranhão. 
No Centro de Miracema,
perto do Castenheirão.

Em nome da modernidade,
transformaram-no num shopping. 
Um crime contra um patrimônio, 
da velha Miracema do Norte.

Quanta mediocridade,
quanta falta de valor.
Destruir um patrimônio,
que o seu povo forjou.

Mas só o destruíram fisicamente,
não na nossa memória. 
Nela ele sobrevive, 
és parte da nossa história. 

Mas sempre que passo ali, 
não tem jeito não.
Lembro da minha infância, 
lembro do mercadão. 

Pedro Ferreira Nunes - Casa da Maria Lúcia. Lajeado do Tocantins. Verão de 2023.


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