Uma certa noite no meu quarto peguei um caderno para fazer algumas anotações acerca de um texto de filosofia que estava lendo. De repente ao folhear esse velho caderno caiu um pedaço de papel com o seguinte recado: “Estou afim de ti. Me liga” e um número de telefone. A dose de vaidade que existe em todos nós, como escreveu certa vez Ernesto Che Guevara, me deixou bastante envaidecido. Saber que existia uma criatura interessada por esse ser recalcitrante. Quem seria? Alguma aluna? Não podia ser por que aquele caderno eu não costumava levar para escola. Ora, quem teria e como teria conseguido colocar aquele recadinho naquele caderno? Ligar eu não iria. Ainda mais diante da possibilidade de ser uma aluna minha. Pois eu teria que manter total distância. Ora, não havia nenhuma possibilidade deu me relacionar com uma aluna, fosse quem quer que fosse. Mas eu queria saber quem era. Foi então que me veio na cabeça a ideia de salvar o número na agenda do meu celular – se o número fosse do whatsapp talvez eu pudesse descobrir. E não é que deu certo?! De fato eu descobri quem era. Não era nenhuma aluna, mas de uma colega da faculdade. Aquele caderno eu usava na faculdade e aquele recadinho tinha sido colocado ali há alguns anos (no mínimo uns três para ser mais exato – que foi quando eu havia terminado o curso). E só agora que eu estava encontrando. Não pude deixar de sentir raiva de mim. Como eu não percebi aquele recado antes, naquela época. Eu certamente teria ligado, teríamos ficado e quem sabe mais. Pois se ela era afim de mim, eu era muito afim dela. Era. Era é passado. E se é passado não volta. As oportunidades passam e se não aproveitamos o momento, só nos resta lamentar. Caralho!
Por Pedro Ferreira Nunes – Um rapaz latino americano que gosta de ler, escrever, correr e ouvir rock in roll.
Nenhum comentário:
Postar um comentário