Por Pedro Ferreira Nunes
Ao
contrario de 2010 quando tivemos apenas duas candidaturas ao governo do
Tocantins, neste ano teremos 5 candidatos. São eles: Sandoval Cardoso (SD),
Marcelo Miranda (PMDB), Ataídes Oliveira (PROS), Joaquim Rocha (PSOL) e Carlos
Pontengi (PCB).
Essa
mudança no cenário eleitoral tocantinense se deu pelas seguintes questões;
a-
Devido ao péssimo
governo de Siqueira Campos eleito em 2010, que não conseguiu manter a base de
apoio que o elegeu. Sem condições de concorrer à reeleição Siqueira pretendia
que seu filho Eduardo concorresse em seu lugar, tanto que o velho Siqueira
renunciou o mandato de governador para viabilizar a candidatura do filho. Porém
a baixa popularidade de Eduardo e a forte rejeição do seu nome pela base de
apoio do atual governo fez com que seu nome fosse preterido. Assim os Siqueiras
fazem um recuo estratégico, abrindo mão de disputar a atual eleição para apoiar
a candidatura de Sandoval Cardoso (SD) que é ex-presidente da assembleia
legislativa e atual governador do Tocantins, eleito indiretamente após á
renuncia do velho Siqueira.
b-
Se por um lado os
Siqueiras não fizeram um grande governo, por outro lado à oposição tradicional
também não teve capacidade de unificar-se para se colocar como uma força
alternativa ao Siqueirismo. Parte dos que hoje estão na oposição estavam na
base de apoio do governo Siqueira até pouco tempo atrás, como por exemplo, os
senadores Kátia Abreu e Ataídes Oliveira e o deputado Marcelo Lelis. Assim a
oposição terá duas candidaturas que será a de Marcelo Miranda (PMDB) que terá
Marcelo Lelis (PV) como vice e Kátia Abreu (PMDB) disputando o senado. A outra
candidatura é do senador Ataídes Oliveira (PROS) com o deputado Sargento Aragão
disputando o senado.
c-
A grande novidade
neste novo cenário são duas candidaturas do campo popular, algo que nunca
aconteceu na historia do Tocantins. O PSOL apresentou a candidatura do médico
Joaquim Rocha – é a segunda vez que o partido lança candidato ao governo do estado
nas eleições diretas. Já o PCB que disputa pela primeira vez uma eleição no
Tocantins lançou o nome do bancário Carlos Pontengi de Porto Nacional.
2-
Mais do mesmo
As
candidaturas de Sandoval Cardoso (SD), Marcelo Miranda (PMDB) e Ataídes
Oliveira (PROS) podem ser colocadas no mesmo pacote, como diz um velho deitado
– são tudo farinha do mesmo saco. Todos são representantes da velha politica
feita no Tocantins e que defendem o mesmo projeto de desenvolvimento para o
estado de favorecimento ao agronegócio exportador e aos megas empresários e especuladores.
Para o resto da população apenas migalhas.
Sandoval
Cardoso é o atual governador do estado, eleito indiretamente após á renuncia de
Siqueira Campos. Por tanto concorre à reeleição, além de contar com á maquina
do estado a seu favor, terá uma base de apoio de 17 partidos (SD, PR, PDT, PRB,
PSDB, PTB, PTC, PEN, PPS, PSB, PHS, PSL, PRTB, DEM, PP, PRP e PSC). Por tanto
não será fácil derrota-lo tal como imaginava alguns analistas. Por outro lado
Sandoval Cardoso pertence à base Siqueirista, que não lhe deixou uma herança
muito boa, podendo por tanto prejudicar a sua candidatura.
Marcelo
Miranda já foi eleito governador duas vezes, no entanto não conseguiu concluir
seu segundo mandato em 2006, pois foi cassado pela justiça eleitoral, mesmo
assim é bastante conhecido em todo o estado, é bem popular e lidera as
pesquisas – Terá muito provavelmente o apoio do PT nacional, pois é amigo de
Lula, além do PMDB, PV, PSD e parte do PR. Marcelo Miranda tem muitos problemas
na justiça eleitoral, em 2010 ganhou a disputa para o senado, mas não conseguiu
assumir. Essa pode ser mais uma eleição que ele poderá ganhar, mas não levará.
Já
Ataídes Oliveira do PROS é pouco conhecido pela maioria da população, sobretudo
no interior. Nunca concorreu a uma eleição majoritária, tornou-se senador ao
herdar a vaga do falecido João Ribeiro, de quem era suplente. Ataídes Oliveira
acredita que pode ser um novo Amastha (rico empresário que venceu a ultima
eleição para prefeitura de Palmas) no inicio da disputa Amastha estava atrás de
Luana Ribeiro e Marcelo Lelis, e ao final conseguiu vencer. No entanto é outra
eleição, onde dificilmente esse fenômeno se repetirá. Mas não podemos
subestimar a sua candidatura, pois estrutura financeira não lhe faltará como
também uma base de apoio considerável – PROS, PTN, PPL, PMN, PSDC, PC do B e PT
do B.
3-
O campo popular
PSOL-TO mais uma vez dividido!
O
PSOL-TO tal como em 2012 nas eleições municipais em Palmas, vai dividido
novamente. As brigas internas constantes faz com que o partido nunca se consolide
de fato no Tocantins - tornando-se tal como em outros estados uma alternativa
real para classe trabalhadora. O Médico Joaquim Rocha candidato ao governo do
estado, não é unanimidade no partido, foi um nome imposto pelo setor
majoritário, o que mais uma vez ocasionou numa divisão interna. Contrariando a
tradição democrática do PSOL não houve disputa de previas como em outros
estados.
Como
reflexo dessas disputas internas no inicio do ano um grupo de militantes deixou
o partido, onde já denunciava uma espécie de intervenção branca da direção
nacional do PSOL favorecendo um grupo que tem inclusive ligações com o prefeito
de Palmas, Carlos Amastha do PP. A atual direção majoritária no estado que é
bancada pela direção nacional tem conseguido enterrar o bom nome que o partido
tem a nível nacional no Tocantins - com decisões autoritárias, imposta goela
abaixo da militância, o PSOL no Tocantins não se diferencia muito dos partidos
da ordem, assim a candidatura do Médico Joaquim Rocha tende ao fracasso. Não só
pela falta de estrutura do partido, mas pela pouca capacidade do moderadíssimo
Joaquim Rocha, do candidato ao senado Elvio Quirino e dos oportunistas que o
rodeia de apresentar um projeto popular de transformação do modelo hegemônico vigente
no Tocantins.
PCB busca se consolidar no estadoe fortalecer a
luta da classe trabalhadora
Recém-criado
no Tocantins, o PCB parte para sua primeira disputa eleitoral no estado. O
candidato do partido será o bancário Carlos Pontengi e contará também com a
educadora popular Seissa como candidata ao senado. Até o momento a candidatura
do PCB é quem melhor tem se apresentado como uma real alternativa contra a
velha política que impera no Tocantins. Sem ilusões de que ganhará as eleições,
o partidão – irá denunciar as mazelas do modelo hegemônico vigente, defendendo
os direitos da classe trabalhadora e apontando para as necessidades de uma
transformação radical da sociedade que vivemos.
O
PCB também tem dito uma linha bastante importante de chamar os movimentos
populares para construir coletivamente o programa de governo que será defendido
por Carlos Pontengi.
Se
executar aquilo que esta planejando o PCB com certeza dará uma grande
contribuição na formação, organização e luta da classe trabalhadora
tocantinense, papel que até pouco tempo atrás defendíamos que deveria ser feito
pelo PSOL. No entanto acreditamos que o PCB tem total condição para tanto e,
portanto deve ser fortalecido por todos os militantes revolucionários que atuam
no Tocantins.
“Se os comunistas tem razão, então eu sou o louco mais
solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperança para o mundo.”
Jean-Paul Sartre
Pedro Ferreira Nunes
Poeta, escritor e educador popular
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