O governo Marcelo
Miranda (PMDB) vem empurrando desde o inicio do seu mandato a discussão sobre o
pagamento da data base e outros direitos para os servidores públicos estaduais.
Após desmarcar varias reuniões com os sindicatos dos servidores, enfim o
governo apresentou uma proposta com uma mensagem clara – é pegar ou largar.
Isto é, que queira ou que não queira os servidores teriam que acatar a proposta
do governador .
É obvio que os
sindicatos pressionados pela base não tiveram outra saída se não recusar
prontamente a chantagem do governo. Pois a tal proposta apresentada não passava
de uma falta de desrespeito com os trabalhadores ao propor parcelar o
vencimento dos mesmos. A justificativa é sempre a mesma, o estado passa por uma
crise financeira e não tem como pagar os servidores. No entanto não faltam
recursos para contratar irresponsavelmente pessoal inchando a máquina pública.
Crise
no funcionalismo público estadual do Tocantins II
Diante da pressão do
funcionalismo público com manifestações e ameaça de greve – o governo não teve
alternativa se não recuar mais uma vez, tal como fez no inicio do ano, e
declarar que está aberto ao dialogo. Ora, mas o governo não havia dito
anteriormente que não dialogaria mais com os servidores? Que a proposta apresentada era a possível e
que, portanto deveria ser acatada por bem ou por mal pelos sindicatos? Nos
resta perguntar até quando os servidores públicos estaduais terão paciência com
o governo Marcelo Miranda (PMDB), já que o mesmo vem enrolando a categoria
desde o inicio do seu governo. Chegamos já na metade do ano e até agora Marcelo
Miranda continua fazendo o que bem quer, enquanto isso os sindicatos ficam
apenas na ameaça.
A
luta na educação
Já os servidores da
educação perderam a paciência com o governo e decidiram sair do campo da ameaça
e partiram para luta concreta. E seguindo o exemplo dos servidores da educação
do Paraná, de São Paulo, do Pará, de Goiânia bem como das instituições federais
de ensino superior decidiram entrar em greve. O ideal seria um movimento
unitário dos servidores públicos estadual do Tocantins, o que já havíamos
apontado ao fazermos um balanço da greve da policia civil no inicio do ano. Os
policiais civis fizeram uma greve de mais de 30 dias, mas por varias questões,
entre elas, o isolamento. A greve acabou chegando ao fim sem vitórias concretas
para categoria. Ao contrario, a falta de direção, ou uma direção ruim, acabou
trazendo mais ônus do que bônus para categoria.
Portanto os servidores
da educação, o comando de greve e o Sindicato dos Trabalhadores na Educação do
Tocantins – SINTET precisa fazer uma avaliação profunda bem como traçar táticas
e estratégias para que a mesma não caia no isolamento e acabe tendo o mesmo
destino da greve dos policiais civis.
A
luta da educação II
Nesse sentido para que
a educação não repita o fracasso da greve da policia civil é necessário
continuar o dialogo com as demais categorias do serviço público estadual que
não entraram de greve nesse primeiro momento, mas que poderão
fazer mais a frente. Outra questão é que a base da categoria precisa se
envolver e não deixar tudo na mão do sindicato. O movimento precisa de unidade
e força para enfrentar os ataques do governo, as sabotagens, a criminalização,
a possível judialização entre outras questões.
O fato da educação
estadual ter entrado em greve foi um avanço, sobretudo por que a direção do
sindicato vacilou em vários momentos não passando nenhuma segurança para base.
Assim chegamos até a duvidar que a greve fosse declarada. Porém felizmente,
graças à pressão da base, a greve foi deflagrada. E para aqueles que dizem que
o movimento foi precipitado – dizemos – que os servidores da educação tiveram
paciência de mais. Pois há seis meses que o governo só promete e não cumpri o
prometido, ao contrario, apresenta propostas absurdas que não podem ser aceitas
de forma alguma pela categoria.
A
pátria educadora de Dilma Rousseff e Mangabeira Úngue
Aliás, falando sobre
educação o que tem se debatido bastante no ultimo período é o artigo intitulado
de pátria educadora (mesmo slogan do governo federal), escrito pelo ministro do
governo Dilma Rousseff – Mangabeira Úngue. O tema foi até o assunto debatido no
programa brasilianas.org da TV Brasil, apresentado pelo economista Luiz Nassif
na ultima segunda-feira (01/06) com especialistas da Unicamp e da UNB.
Professores da UFT também já haviam tocado no tema dias antes da deflagração da
greve.
A questão não é simples
e requer um debate mais aprofundado, o que pretendo fazer em um artigo
posteriormente, mas não poderia deixar de tocar em uma questão do artigo que me
deixou bastante indignado, sobretudo como educador popular. O fato de que para
Mangabeira Úngue o problema da educação brasileira não é o descaso do poder
público, uma grade curricular ultrapassada, a falta de estrutura, profissionais
desmotivados e mal remunerados entre outras questões. Pasmem, para o ministro o
problema são os alunos, os alunos pobres – que tem a capacidade de aprendizagem
reduzida. Por isso o governo deve criar duas modalidades de ensino, na pratica
a ideia é criar no ensino público a escola do pobre e a escola dos ricos.
Mangabeira Úngue tenta tirar das costas do estado e jogar nas costas dos
estudantes a responsabilidade pela péssima qualidade do ensino.
Eleições
2016 em Palmas
A cada semana surge um
novo nome como pré-candidato a prefeitura de Palmas. Já temos Carlos Amastha
(PSB) que é o atual prefeito da capital e concorrerá a reeleição, Raul Filho
ex-prefeito de Palmas que acabou de se filiar ao PR, Sargento Aragão do PEN,
Gaguim do PMDB e Marcelo Lelís do PV. Além de outros nomes que tem declarado
ter intenção de disputar o pleito eleitoral rumo ao paço municipal da capital.
Essas movimentações e
articulações são normais um ano antes das eleições, e é fato que muito desses
que se declaram como pré-candidatos a prefeitura de Palmas não serão. Por tanto
tais movimentações nada mais são do que táticas para obter vantagens e venderem
o passe mais caro na hora de compor as coligações.
Contra
reforma politica no congresso nacional
Alguém tinha alguma
duvida que a reforma politica em discussão no congresso nacional encabeçada
pelo presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha traria alguma coisa de
progressista? Doce ingenuidade, o que se viu na verdade foi uma contra reforma,
como sempre, os nobres deputados tal como no código florestal conseguiram
piorar o que já era ruim.
Como por exemplo, na
votação que oficializou o lobby empresarial no congresso ao aprovar o
financiamento privado das campanhas. Fato que só aconteceu após manobra
rasteira do presidente Eduardo Cunha. Ou da clausula de barreira que penaliza
as minorias, apoiada inclusive pelos deputados de partidos progressistas como o
PSOL.
Aonde
vamos parar...
Sinceramente não sei,
mas o fato é que os ataques de patrões e governos aos direitos dos
trabalhadores não cessaram. E o pior é que não conseguimos vislumbrar á curto
prazo alternativas para reverter tal quadro. Portanto nunca foi tão necessário
construir uma frente de luta unitária das organizações da classe trabalhadora
de norte a sul do país para que nas ruas e na luta consigamos reverter estes
ataques.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.