quarta-feira, 26 de março de 2014

Conto: E ai. Vamos brincar?

Por Pedro Ferreira Nunes


Ele seguia por aquelas ruas com certo receio. Nunca havia andado por ali, mas as historias que havia ouvido sobre aquele local não era animadoras. O bairro era conhecido por toda á Palmas como território de traficantes e prostitutas com altos índices de violência. Mesmo com todas essas informações ele decidiu conhecer o local.

As ruas estavam desertas apesar de não ser tarde da noite. Ele entrou em uma pequena viela e viu dois bares. Decidiu entrar no primeiro. Havia apenas um homem com duas mulheres numa mesa tomando cerveja e o atendente no balcão. Ele sentou em uma mesa e pediu uma cerveja. Logo uma mulher aproximou-se dele e perguntou se podia sentar-se com ele.

- Tudo bem. Pode ficar a vontade.

- Você não é o tipo de pessoa que anda por aqui.

- De fato. É a primeira vez que ando por esses lados.

Ela não era uma mulher bela. Se ele a visse na rua com certeza não chamaria a atenção dele. Estava longe do padrão de beleza que a sociedade nos impõe. Era negra e gorda. No entanto a sua simpatia era cativante e no decorrer do bate papo que iam tendo ele ia tendo cada vez mais uma forte atração por ela.

- E ai. Vamos brincar hoje?

- Sim, vamos. Mas tomemos mais umas cervejas antes.

- Que bom.

Enquanto iam tomando cervejas iam conversando animadamente. Ele quis saber de onde ela era, qual era a sua historia, quanto tempo estava naquela vida. Ela respondeu a todos os questionamentos dele com muita tranquilidade.

- Eu sou baiana. Estou apenas a 6 meses nessa vida, comecei quando o meu casamento chegou ao fim. Dai deixei o interior da Bahia e vim morar em Palmas. E você de onde vem, o que você faz?

Ele também respondeu os questionamentos dela. Não escondeu a sua identidade tal como muitos homens fazem quando se relacionam com uma prostituta. Ela lhe passava tanta confiança e tranquilidade que ele ficou totalmente à vontade.

- Vamos lá então. Se não eu fico bêbado e não dou conta de nada. Rs.

- Sim, vamos! Rs.

Na cama ela mostrou toda a sua experiência fazendo com que ele ficasse relaxado e conseguisse o que havia ido procurar ali. Ele por sua vez não teve do que reclamar.

- E então, você gostou?

- Sim, foi muito bom. Quanto é o programa?

- Trinta reais.

- Agora eu tenho que ir. Muito obrigada.

- Obrigada você. Volta tá?!


- Sim, eu volto. Tchau.

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