A segunda edição do
festival de poesia falada realizada pela prefeitura de Palmas poderia mudar de
nome – em vez do atual, poderia passar a se chamar – festival de poesia
elitizada. Um nome bem mais apropriado diante de uma burocracia exagerada para
se inscrever e participar do evento.
É inegável a
importância de um festival de poesia em um estado onde não há uma grande
tradição literária. Onde os poetas e os amantes da poesia têm pouco espaço e
incentivo para produzir e divulgar sua arte. Nesse sentido não há como negar a
importância dessa rara exceção. Exceção mesmo já que não há no Tocantins e até
mesmo no resto do Brasil um festival de poesia com uma premiação interessante.
Não que a premiação de
mais de 27 mil reais seja o que dá importância ao festival, o importante é ter
um espaço para os poetas e os amantes da poesia divulgar sua arte – e assim
fortalecer a poesia feita no Tocantins, bem como despertar o gosto pela leitura
de poesia em novos leitores e, por conseguinte formar novos poetas. Porém não
podemos negar a importância da premiação que com certeza é um grande incentivo
para os poetas tocantinenses produzir, publicar e divulgar suas obras.
Porém quem lê o edital
do 2º festival de poesia falada de Palmas em vez de se sentir estimulado a
participar logo se desanima. É tanto documento, tanta exigência, tanta
burocracia que desmotiva qualquer um. Ora, para que tanta burocracia para se
inscrever num festival de poesia falada? Para que tanta documentação? Até
parece que vamos abrir uma firma. Os organizadores deste festival só podem esta
com a cabeça no século passado. Se utilizassem minimamente os meios
tecnológicos que temos hoje, 90% da burocracia existente no edital seriam
evitadas.
Tanta burocracia só tem
um sentido – elitizar o festival de poesia falada. Pois serão poucos que terão
condições para correr atrás de tanta documentação para se inscrever. Nesse
sentido poucos poetas populares, sobretudo no interior do Tocantins terão
condição de participar. Pois conhecendo bem a realidade de quem faz poesia, sobretudo
poesia popular, não tem condições estruturais para atender tantas exigências
burocráticas.
A que serve um festival
de poesia elitizada? Com certeza não é para fortalecer os poetas e muito menos
a poesia feita no Tocantins. Quanto mais democrático for o festival melhor para
a literatura tocantinense – pois só um festival verdadeiramente democrático
possibilita o surgimento de novos poetas, sobretudo poetas populares como
também novos leitores de poesia. Com este modelo de festival elitizado e
burocratizado não conseguiremos fortalecer os poetas e a poesia feita no e do
Tocantins.
Quem tiver saco para
atender tanta burocracia boa sorte. Eu não tenho. E como protesto não irei
participar do mesmo. Quem sabe numa futura edição?! Espero que nas próximas
tenhamos um festival menos burocrático e mais democrático.
Pedro
Ferreira Nunes
Poeta,
escritor e educador popular
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