terça-feira, 1 de setembro de 2015

2º Festival de poesia ‘elitizada’de Palmas

A segunda edição do festival de poesia falada realizada pela prefeitura de Palmas poderia mudar de nome – em vez do atual, poderia passar a se chamar – festival de poesia elitizada. Um nome bem mais apropriado diante de uma burocracia exagerada para se inscrever e participar do evento.

É inegável a importância de um festival de poesia em um estado onde não há uma grande tradição literária. Onde os poetas e os amantes da poesia têm pouco espaço e incentivo para produzir e divulgar sua arte. Nesse sentido não há como negar a importância dessa rara exceção. Exceção mesmo já que não há no Tocantins e até mesmo no resto do Brasil um festival de poesia com uma premiação interessante.

Não que a premiação de mais de 27 mil reais seja o que dá importância ao festival, o importante é ter um espaço para os poetas e os amantes da poesia divulgar sua arte – e assim fortalecer a poesia feita no Tocantins, bem como despertar o gosto pela leitura de poesia em novos leitores e, por conseguinte formar novos poetas. Porém não podemos negar a importância da premiação que com certeza é um grande incentivo para os poetas tocantinenses produzir, publicar e divulgar suas obras.

Porém quem lê o edital do 2º festival de poesia falada de Palmas em vez de se sentir estimulado a participar logo se desanima. É tanto documento, tanta exigência, tanta burocracia que desmotiva qualquer um. Ora, para que tanta burocracia para se inscrever num festival de poesia falada? Para que tanta documentação? Até parece que vamos abrir uma firma. Os organizadores deste festival só podem esta com a cabeça no século passado. Se utilizassem minimamente os meios tecnológicos que temos hoje, 90% da burocracia existente no edital seriam evitadas.

Tanta burocracia só tem um sentido – elitizar o festival de poesia falada. Pois serão poucos que terão condições para correr atrás de tanta documentação para se inscrever. Nesse sentido poucos poetas populares, sobretudo no interior do Tocantins terão condição de participar. Pois conhecendo bem a realidade de quem faz poesia, sobretudo poesia popular, não tem condições estruturais para atender tantas exigências burocráticas.

A que serve um festival de poesia elitizada? Com certeza não é para fortalecer os poetas e muito menos a poesia feita no Tocantins. Quanto mais democrático for o festival melhor para a literatura tocantinense – pois só um festival verdadeiramente democrático possibilita o surgimento de novos poetas, sobretudo poetas populares como também novos leitores de poesia. Com este modelo de festival elitizado e burocratizado não conseguiremos fortalecer os poetas e a poesia feita no e do Tocantins.

Quem tiver saco para atender tanta burocracia boa sorte. Eu não tenho. E como protesto não irei participar do mesmo. Quem sabe numa futura edição?! Espero que nas próximas tenhamos um festival menos burocrático e mais democrático.

Pedro Ferreira Nunes

Poeta, escritor e educador popular

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