A conjuntura atual não tem nos dado muito tempo para
sentarmos e fazermos uma analise conjuntural mais aprofundada. Isso não é tão
ruim, sobretudo por que significa que as ações práticas tem nos demandado mais
atenção. E sem duvidas é melhor agir do que ficar teorizando. No entanto não
poderia deixar de tecer mesmo que de forma breve alguns comentários a cerca de
questões conjunturais que muito nos incomoda, especialmente as questões
regionais que são muitas vezes secundarizadas diante de uma conjuntura nacional
cada vez mais caótica.
Não questiono esse fato, pois nós mesmos estivemos
no ultimo período nos dedicando a construção da greve geral quase que 24 horas
por dia bem como nas articulações para o fortalecimento do movimento estudantil
revolucionário e de luta na Universidade Federal do Tocantins. E agora
voltaremos as nossas energias mais uma vez para o Fora Temer e por diretas já!
Mas claro, em nenhum momento deixamos ou deixaremos de esquecer do nosso
quintal.
Nessa linha faremos aqui uma breve analise dos cinco
primeiros meses da administração do Tércio Neto (PSD) a frente do executivo
municipal de Lajeado. Depois comentaremos o projeto de lei que cria o feriado
municipal do “Dia dos pobres” no município. Após essa analise local partiremos
para questões regionais como a liberação da licença ambiental para construção
da UHE Monte Santo no Rio do Sono. E partindo dai falaremos da questão
ambiental no Tocantins – a necessidade da continuidade da luta contra a UHE
Monte Santo. Relacionando com essa questão ambiental falaremos do cinismo como
a marca do governo Marcelo Miranda (PMDB). E por fim, concluiremos falando sobre
o cenário politico regional – articulações e alianças para 2018. Especialmente,
o posicionamento da senadora Kátia Abreu que tem nos chamado atenção como também
de setores do PT, do PC do B e do PSOL.
1-O
velho vestido de novo
O que falar dos 5 primeiros meses da administração
do Tércio Neto (PSD) a frente do executivo municipal de Lajeado? O que tem sido
feito de diferente em relação à gestão anterior? O que foram as obras
inauguradas durante o aniversário da cidade no último dia 05 de maio (Quadra
poliesportiva, 5 casas populares, campo de futebol e torre telefônica na zona
rural) se não obras que foram deixadas pela gestão anterior quase concluídas? O
que a atual gestão tem feito se não manter a mesma estrutura e o mesmo programa
de governo da gestão anterior? Aliás, tem sim algo de diferente. Uma equipe de
comunicação/marketing muito atuante – que tem feito enorme barulho nas redes
sociais. Mas que certamente não moram e nem vivem a realidade dos lajeadenses,
pois se não, não estariam falando tanta besteira. Mas no final das contas são
pagos para isso – maquiar a realidade. No entanto, nesses 5 meses de
administração, o que está claro é o que sempre dissemos – Que essa
administração seria mais do mesmo – uma continuidade da gestão anterior, isto
é, o velho transvertido de novo.
2- Projeto
de lei tenta criar o feriado do “Dia dos pobres” em Lajeado
Enquanto isso na Câmara de Vereadores de Lajeado o
Vereador Adilson Mascarenhas (PTB) apresentou um projeto de leis criando o
feriado municipal do “Dia dos Pobres” a ser comemorado em outubro. Agora os
pobres de Lajeado não tem do que reclamar, pelo contrário, devem ter orgulho de
serem pobres, ainda mais agora que terão um dia para comemorar o orgulho de ser
pobre. E assim em vez de combater a pobreza, se aprovar esse projeto de lei, a
Câmara de Vereadores de Lajeado vai esta indo na contramão, pois instituir o
dia do pobre não é combater a pobreza, mas sim aceita-la. Ora essa. Se os
vereadores querem fazer alguma coisa pelos pobres do Lajeado, por que não
aprovam um projeto de leis diminuindo seus salários e destinando esse recurso
para projetos comunitários?! Por mais nobre que pareça, esse projeto de lei só
mostra uma coisa – que ao invés de encarar os problemas de frente, o que se
esta tentando é joga-lo para baixo do tapete. Ai, de nós, ai de nós. É muita
mediocridade, é muita mediocridade por parte desses que se dizem representantes
do povo.
3- Naturatins
libera licença ambiental para construção da UHE Monte Santo
O Naturatins cumprindo o seu papel de homologador
das demandas do hidronegócio e do agronegócio no Tocantins liberou a licença
ambiental para construção da Usina Hidrelétrica Monte Santo no Rio do Sono – na
divisa das cidades de Novo Acordo e Rio Sono. Logo se vê que em nenhum momento
o governo Estadual através do seu órgão de “proteção ambiental” levou em
consideração a população que nas audiências públicas na sua grande maioria se
posicionou contra a construção da UHE e nem o fato de que o projeto apresentado
pela empresa responsável pelo empreendimento apresentava de forma clara quais
seriam os impactos ambientais na região, denuncia apresentada pelo movimento
local contra a construção da UHE Monte Santo.
4- A
Luta continua: Não á UHE Monte Santo!
É preciso ressaltar que quando entramos nessa briga
e denunciamos a construção da UHE Monte Santo. Já havíamos alertado que não nos
iludíssemos quanto ao papel do Naturatins.
...
não podemos ter nenhuma duvida quanto ao papel do Naturatins nesse processo.
Pois o Naturatins no Tocantins existe justamente para homologar os interesses
das elites agrárias e correr atrás de pescador – logo, se a população não se
mobilizar, o Naturatins vai com certeza liberar a licença ambiental para
construção da UHE Monte Santo. (Nunes, 2016)
Não deixemos aqui de reconhecer a belíssima
mobilização feita pela população através do Comitê Popular Contra a Construção
da UHE Monte Santo. Mesmo com essa mobilização o Naturatins liberou a licença
ambiental. O que não quer dizer que tenhamos que dá essa luta como perdida.
Continuemos mobilizados, pois a luta continua. Gritemos – Não a UHE Monte
Santo.
5- O
cinismo como marca de Governo
Ao mesmo tempo em que o governo Marcelo Miranda
através do Naturatins aprova uma licença ambiental para construção de mais uma
Usina Hidrelétrica no Tocantins – impactando de forma irreversível o nosso
bioma. Realiza uma feira agropecuária com o tema “Água, sustentabilidade de
vida”. Ora, a construção de mais uma UHE vai justamente na contramão da
utilização sustentável dos recursos hídricos do Tocantins. Isso mostra muito
bem a característica desse governo – o cinismo. Isso mesmo, não há algo melhor
para caracterizar o governo Marcelo Miranda se não o cinismo. E não fazemos
essa afirmação diante dessa questão isolada. É só analisar as atitudes e ações
desse governo diante de várias questões como as greves no serviço público, o
caos na saúde, o ajuste fiscal, os casos de corrupção entre outros. Essa
questão especifica, é apenas mais um dos muitos exemplos que mostra o cinismo
como marca desse governo. Ora o tema da Agrotins deveria ser: Água,
mercantilização da vida! Pois é de fato o que esse governo a serviço do
agronegócio e do hidronégocio faz.
6- -
É golpista, mas não larga o osso
A militância de uma
corrente interna do PT no Tocantins não abre mão de acusar o PMDB de partido
golpista. No entanto recusam-se a deixar os cargos que ocupam no governo
Marcelo Miranda (PMDB). Chegam inclusive ao extremo de defender um governo
indefensável – vendo avanços que não existem. O que dá para perceber é que
esses burocratas estão mais preocupados com seus cargos do que propriamente com
o sucateamento do partido no Estado, que nas ultimas eleições municipais, por
exemplo, conseguiram eleger apenas dois prefeitos. Para manter a coerência no
discurso o rompimento do PT com o PMDB deveria ter ocorrido há muito tempo. Mas
só agora percebemos esse movimento, já quase no apagar das luzes desse governo,
mesmo assim, com resistência. Já que parte da militância recorreu à direção do
partido nacionalmente para continuar usufruindo das regalias do poder.
7- O
malabarismo teórico do PC do B
Recentemente o PC do B
no Tocantins soltou uma nota política justificando o seu apoio à
pré-candidatura de Carlos Amastha (PSB) ao governo do Tocantins em 2018. Tentam
fazer todo um malabarismo teórico para justificar o injustificável. Chegando
inclusive a afirmar que se trata de uma candidatura progressista. Sinceramente
não sei de onde eles tiram tanta criatividade. O fato é que não dá para levar a
sério um partido que tal como o PT afirma que a presidenta Dilma sofreu um
golpe. Mas faz parte de uma gestão onde os dois principais partidos (PSB do
prefeito Amastha e PSDB da vice Cintia Ribeiro) estavam diretamente envolvidos
na defesa do impeachment de Dilma Rousseff. E que se caso o megaempresário vier
a ser eleito governo do Estado, esse megaempresário que o PC do B diz ser a
alternativa progressista para o Tocantins, quem assumirá a prefeitura da
capital será o PSDB. Ora, senhores, dizei-me, que tática é essa de
fortalecimento da classe trabalhadora?
8- Os
efeitos dessa tática
A tática do PC do B do
Tocantins tem o seu lado positivo, por exemplo, tem atraído um bando de
oportunistas que estavam em outros partidos encantados pela possibilidade de
terem um quinhão no loteamento de cargos num possível governo Amastha. Quem se
deu bem nisso foi o PSOL, pois as figuras que deixaram o partido para irem para
o PC do B, incluindo a ex-presidente e o secretário geral da sigla no estado,
mais prejudicavam do que contribuíam para construção e fortalecimento do
PSOL-TO. A tática do PC do B do Tocantins é uma ótima oportunidade para os
oportunistas que vivem buscando um atalho para alcançar seus objetivos. Que vão
para o PC do B ou para o PT. E Deixem os partidos de luta para aqueles que
lutam.
9- Por
outro lado
É triste ver que um
partido de referência a nível nacional como o PSOL, com figuras como Glauber
Braga, Marcelo Freixo, Renato Roseno, Chico Alencar, Ivan Valente, Jean Willis,
Luiza Erundina, Edimilson Rodrigues entre outros, em terras tocantinenses tem
servido apenas como trampolim politico para diversos bandos de oportunistas que
hora e outra tomam o partido. Tal fato não ocorreria se setores do partido a
nível nacional não bancasse esses oportunistas. Por tanto, em ultima analise, a
responsabilidade pela falta de credibilidade bem como de crescimento do PSOL no
Tocantins não é dos oportunistas que hora e outra chegam à direção do partido
no estado. Muito pelo contrário, a responsabilidade é do setor majoritário do
PSOL Nacionalmente que banca esses oportunistas em detrimento da militância
verdadeiramente de esquerda, coerente e consequente. Que é minoria, mas não
mancha o nome do partido.
Por fim não poderíamos
deixar de comentar a nova imagem que a senadora Kátia Abreu tenta construir,
isto é, de um político progressista, e com isso tem inclusive flertado com
ideias de esquerda. Critica ferrenha do governo Marcelo Miranda – que ela
ajudou eleger. De Michel Temer – que a trouxe para o PMDB. E uma das principais
vozes contra a o impeachment de Dilma Rousseff – de quem foi ministra da
Agricultura. Entrando assim em rota de coalizão com setores mais radicais dos ruralistas
e da direita tradicional. Kátia Abreu que outrora fora uma das parlamentares preferidas
da revista Veja, tida como uma grande liderança da direita a nível nacional,
eleita pelos movimentos ambientais como a miss motosserra, principal
financiadora do MATOPIBA, agora tenta mudar sua imagem. Ora, o que uma
pretensão politica não faz com alguém. A radical Kátia Abreu posa agora de boa
moça. Tudo para obter apoio a sua pretensão de se candidatar ao governo do
Estado. E não faltaram oportunistas que se dizem de esquerda que caíram nesse
engodo.
11- Pela
construção de uma verdadeira alternativa de esquerda no Tocantins
De acordo com Netto
(2013) “A crise contemporânea do mundo do capital abre para nós uma
oportunidade concreta de, exercitando a crítica radical, fomentar a
reconstituição e a renovação de uma cultura política socialista”. Sabemos que
não é uma tarefa fácil, especialmente no Tocantins, onde não temos uma tradição
de lutas da esquerda revolucionária. No entanto não podemos abrir mão de
exercitar a crítica radical, seja a quem quer que seja, sobretudo a setores que
se dizem de esquerda, mas que estão a serviço da direita. Como bem mostramos
nos exemplos acima. Além da crítica radical devemos esta de forma incondicional
nas lutas da classe trabalhadora no campo e na cidade. É na luta que nos
tornaremos referência. Esse é com
certeza o caminho para construirmos uma verdadeira alternativa de esquerda no
Tocantins.
Pedro
Ferreira Nunes – é Educador Popular, Bacharel em
Serviço Social, faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia
da UFT e Milita no Coletivo José Porfírio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário