Qual
a ética do discurso do Governo Michel Temer (PMDB)? Existe uma ética
no discurso do atual governo? Não estamos falando aqui dos casos de
corrupção, especialmente da operação lava-jato e todas as
denúncias que atola na lama o presidente Michel Temer até o
pescoço. Nosso objetivo aqui é analisar a ética do discurso do
governo Temer em relação ás reformas que ele tem levado acabo,
especialmente a previdenciária e a do ensino médio. Mais
especificamente o discurso por meio das peças publicitárias que
busca promover tais reformas.
Ao
analisar a contribuição do filósofo alemão Jurgen Harbermas a
cerca da ética do discurso, Reese-Schafer (2008) afirma que “a
ética do discurso busca dar à ética um fundamento racional através
do que os pressupostos da comunicação interpessoal permite
identificar os princípios morais realmente irrenunciáveis que devem
ser a base de toda convivência humana: o reconhecimento do outro, a
não-coação da comunicação e a disposição para solução de
problemas e a fundamentação de normas através do discurso livre e
igual”.
Não
é o que vemos, por exemplo, no discurso do governo Temer através
das peças publicitárias que buscam justificar a reforma do ensino
médio e a reforma da previdência. Enquanto na reforma do ensino
médio o governo usa a torto e a direito as estatísticas que apontam
que mais de 80% da população, especialmente os jovens, apoiam a
reforma do ensino médio. O mesmo não se vê quando se trata da
reforma da previdência, até por que se sabe que as pesquisas
apontam que menos de 10% da população apoiam essa reforma.
Logo
podemos concluir que quando favorece aos objetivos do governo, a
opinião da população é levada em consideração, como também
serve para justificar a continuidade do projeto, mesmo que haja
questionamentos. Por outro lado, quando a população é contrária
aos objetivos do governo, essa posição é completamente ignorada. E
pior, o governo tenta coagir a população fazendo terrorismo
psicológico, obrigando o povo a comprar o discurso do governo. É
isso que vemos na peça publicitária que promove a reforma da
previdência onde vemos a afirma que se a tal reforma não for feita
não terá dinheiro para pagar as aposentadorias futuramente. Com
isso o governo busca colocar pânico em quem já está aposentado,
obrigando-os a defender a reforma da previdência. Com medo de não
receber seu dinheiro no futuro trabalhador briga com trabalhador.
É.
Lamentavelmente parte da população acaba comprando esse discurso
antiético, é o que vemos no avanço da reforma trabalhista em
discursão no senado federal e na própria reforma do ensino médio –
onde o governo exibe com orgulho as estatísticas que apontam a
aprovação da população. Agora se utilizam da mesma tática para
tentar reverter à desaprovação pela população da reforma da
previdência. Recursos nesse sentido não têm faltado. Isso sem
falar na propaganda extraoficial feito pela grande mídia.
Para
Harbermas (1978) “de acordo com a ética do discurso, uma norma só
pode pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por
ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participante do discurso
prático, a um acordo quanto à validez dessa norma”. No caso do
governo Michel Temer e suas reformas o que há é um discurso
impositivo que tenta através da coação obrigar a população a
aceitar o projeto de desmonte do estado e usurpação dos direitos
sociais. Quando esse discurso não funciona, como temos visto no caso
especifico da reforma previdenciária, o governo não pensa duas
vezes em impor suas vontades através das forças de repressão
policial, incluindo as forças armadas.
Por
fim cabe destacar que do ponto de vista da moral o governo Michel
Temer tem agido conforme os interesses da classe que representa. Logo
ao afirmarmos que não existe ética no seu discurso não estamos
dizendo que não há moral. E fazemos essa afirmação para que a
população não se iluda a respeito de quais interesses esse senhor
representa. Esperar, portanto, que ele haja de forma contrária é
iludir-se. Cabe a nós resistir, e não comprar esse discurso
antiético que nada interessa para classe trabalhadora. Pois é um
discurso das classes dominantes que pretende continuar com seus
privilégios e regalias, enquanto o trabalhador é cada dia mais
espoliado e aleijado dos seus direitos fundamentais.
Pedro
Ferreira Nunes – É Educador Popular, Coordenador Geral do Centro
Acadêmico de Filosofia da UFT e militante do Coletivo José
Porfírio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário