não estou acusando ninguém.
apenas conto o que vi,
apenas conto o que senti...”.
Inocentes
A cassação pela terceira vez de um mandato eletivo de Marcelo Miranda (02 mandatos de governador e 01 de senador) pegou a todos de surpresa. Pois nem o mais otimista dos otimistas dos seus adversários ou o mais pessimista dos pessimistas dos seus aliados acreditava. Seja no meio político ou no jurídico, seja entre analistas ou jornalistas da área. E se quem acompanha diariamente esse processo não esperava imagine a população. Agora diante desse novo cenário só nos resta perguntar: E agora Marcelo? E agora Tocantins? Quem perde e quem ganha com a cassação do governador emedebista?
A cassação do atual mandato do governador Marcelo Miranda não foi recebida com nenhum entusiasmo pela maioria da população tocantinense. Mesmo diante de uma gestão marcada pelo descaso com a execução de políticas públicas que atenda ao bem comum. Ora se a população (sobretudo dos grandes centros) tem avaliado tão negativamente o governo Marcelo Miranda por que não comemorou sua cassação? Pelo fato de perceber que se tem alguém que ganha com a cassação do governador emedebista. Este alguém não é o povo. Mas sim o grupo politico que se apoderará da máquina pública estadual para fazer o mesmo que o então governador Marcelo Miranda vinha fazendo, mas agora em beneficio de si.
Seguindo essa linha é importante analisarmos o que fez o presidente da assembleia legislativa Mauro Carlesse (PHS) – sim, ele mesmo. O deputado que virou noticia no cenário nacional por ser preso em decorrência ao não pagamento de pensão alimentícia nos idos de 2015. Ao assumir provisoriamente o governo estadual, sem perda de tempo Carlesse mudou todo o alto escalão da administração pública.
Tais mudanças se deram com o objetivo de melhorar a qualidade da administração pública e dos serviços públicos prestados a população? Engana-se quem compra esse discurso. O objetivo de Carlesse e seu grupo de sustentação política é permanecer à frente do executivo estadual. Pois, não nos esqueçamos, mesmo antes da cassação de Marcelo Miranda, o deputado Mauro Carlesse se apresentava como pré-candidato ao governo. Logo, não deixará de utilizar a máquina pública para alcançar este objetivo.
Aliás, essa não é a motivação apenas de Carlesse, mas também dos outros que se colocam como candidatos. Pois o discurso recorrente é de que quem tiver a máquina pública estadual na mão em outubro terá vantagens sobre os demais adversários. Portanto seria arriscado não disputar as eleições para o mandato tampão (com previsão de acontecer no mês de junho).
Como se vê, o debate politico até o momento tem se resumido em torno da questão: O que o meu grupo político pode ganhar ou perder participando ou não desse processo? Á nós resta questionar: E o povo, aonde entra o povo? Como fica a educação, a saúde, a geração de emprego, a cultura, a preservação do meio ambiente a segurança pública entre outras questões.
O que fica evidente para nós é que a preocupação destes senhores e senhoras não é apresentar um projeto de melhoria da qualidade de vida da população, mas sim apoderar-se da máquina pública para atender a seus próprios interesses e dos seus respectivos grupos de sustentação política.
Com isso estou querendo dizer que Marcelo Miranda não deveria ter tido o seu mandato cassado? Não, muito longe disso. No entanto não dá para engolir uma justiça que leva quase quatro anos para julgar uma ação impetrada ainda na campanha eleitoral de 2014. Se tivéssemos falando de um país sério Marcelo Miranda depois de ter sido cassado duas vezes não deveria se quer ter sua candidatura homologada e quanto mais assumir o governo do Tocantins e ficar 3 anos e 3 meses usufruindo das benesses do poder.
E agora a população que já teve o coro tirado nesses 3 anos e 3 meses de governo Marcelo Miranda (MDB) com aumento de impostos e retirada de direitos. Mais uma vez vai pagar a conta com a realização de duas eleições estaduais num curtíssimo período de tempo. E o pior é saber que independente de quem ganhar as coisas não mudaram muito. Ou talvez até piore.
Ainda nos resta algumas palavras sobre as questões: E agora Marcelo? E agora Tocantins? Para Marcelo Miranda resta pousar de vitima e continuar tentando reverter a sua situação jurídica. Se não conseguir reverter é só tirar umas férias e usufruir dos “benefícios” que conseguiu na ultima gestão. E quando tiver a oportunidade novamente se candidatar correndo o risco de ser eleito e, por conseguinte cassado novamente. Já o Tocantins continuará nas mãos de sanguessugas políticos, das velhas oligarquias, ainda que estas se apresentem como novidades.
Pedro Ferreira Nunes - é Educador Popular e Graduando do Curso de Filosofia da UFT. Também milita no Coletivo José Porfírio e faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico Professor José Manoel Miranda.
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