“... está ainda para nascer uma população que aplaude a perda de seus direitos, a restrição de suas aposentadorias e o aumento da idade mínima para receber benefícios previdenciários.”
Vladimir Safatle
A classe hegemônica com o apoio da grande mídia já definiu a sua prioridade – aprovar a reforma da previdência (apresentada pelo governo Bolsonaro no Congresso Nacional) que retira o pouco de direitos que temos. Se é assim, não podemos perder tempo. Devemos definir também a nossa prioridade, e a nossa prioridade não pode ser outra, se não derrubar essa reforma. Desse modo é hora de botar o bloco na rua em defesa da aposentadoria e da previdência social.
As Centrais Sindicais e outras organizações da classe trabalhadora deram o ponto de partida com a realização do Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Aposentadoria e da Previdência Social – que aconteceu no dia 22 de Março em todo o Brasil. No Tocantins ocorreram atos em várias cidades, entre elas: Arraias, Araguaina, Gurupi, Tocantinopolís e Palmas. Agora é necessário intensificar o processo de mobilização com a desconstrução do discurso hegemônico, tanto por parte do governo, do parlamento, dos empresários e da mídia – de que a reforma da previdência é necessária para “salvar o país da falência”.
Ora, sabemos que não é bem assim, sabemos que o que querem é retirar nossos direitos para manter seus privilégios. Foi por isso que fizeram à reforma trabalhista – que no discurso seria necessária para modernizar as relações de trabalho e gerar mais emprego – mas na prática nada disso ocorreu – o desemprego continua em alta e as relações de trabalho regrediram a níveis do século XIX. Agora o discurso é o mesmo, tanto que uma das principais figuras responsável pelo projeto da Reforma da Previdência do Governo Bolsonaro é o ex-deputado Rogério Marinho – que foi o relator da Reforma Trabalhista.
Por tanto os trabalhadores não devem ter ilusões quanto a esse projeto de Reforma da Previdência. Pois por trás de um discurso de “combate aos privilégios” o que existe de fato é um projeto que irá afetar, sobretudo os mais pobres, entre eles, aqueles atendidos pelo Beneficio de Prestação Continuada (BPC) que terão o salário reduzido de 1 (R$ 998,00) salário mínimo para R$ 400,00.
Mesmo assim a classe hegemônica e seus porta-vozes no governo e na mídia não pouparam esforços para tentar convencer o povo de que “abrir mão de direitos” conquistados as duras penas é um bom negócio – “é um sacrifício necessário para o bem de todos”. Óbvio, esquecem de dizer que para alguns poucos bem mais. Ou alguém em sana consciência acredita que um Paulo Guedes será afetado do mesmo modo do que um trabalhador rural?! Alguém em sana consciência aceita de bom grado, num país profundamente desigual, pagar a conta (abrindo mão de direitos) por conta de um suposto “déficit” na previdência, pelo qual não somos culpados?!
Ao contrário do que eles possam imaginar, o povo não é tão ingênuo assim, e já percebeu que esse negócio de se “sacrificar pelo bem de todos” é um tremendo engodo. E se havia alguma dúvida a esse respeito à proposta de reforma da previdência dos militares não deixa dúvidas. Até mesmo o líder do PSL (partido do presidente) delegado Waldir, não teve como esconder seu descontentamento com o projeto dos militares.
Mas apesar disso, apesar de toda a limitação de um governo que não cansa de dar exemplo do quanto pode ser mais medíocre do que esperávamos. Eles não recuaram e tentaram de todas as formas, inclusive a força – enfiar goela abaixo da população uma reforma da previdência que retira direitos do povo trabalhador – uma reforma da previdência, que segundo Guilherme Boulos, tem como objetivo maior “fazer uma transição radical de modelo: desmontar a Previdência pública, com suas três fontes de financiamento – trabalhador, empregador e Estado – e colocar em seu lugar o regime de capitalização, financiado unicamente pelos próprios trabalhadores e gerido pelos bancos privados”.
Ainda de acordo com Guilherme Boulos, se tal projeto for aprovado, “os efeitos contra os mais pobres” será devastador. Por tanto é fundamental nos organizar, mobilizar e lutar para que isso não ocorra. Por isso da importância do Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Aposentadoria e da Previdência Social – que como já era de se esperar foi completamente ignorado pela grande mídia – Mídia essa que tem feito uma campanha diária em defesa da reforma. Agora o Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Aposentadoria e da Previdência Social, deve se transformar em Mobilização Permanente. E nesse processo de mobilização permanente uma das tarefas é pressionar o parlamento (que está dividido) para votar contrário ao projeto de Reforma da Previdência Pública.
No Tocantins, até agora poucos parlamentares (dos 11 que nos representam no Congresso Nacional) se posicionaram ou a favor ou contra. Mesmo sabendo que historicamente os nossos representantes no parlamento não votam de acordo com os interesses do povo trabalhador (e se continuam assim, em grande medida, é por nossa culpa que continuamos os elegendo) não significa que temos que deixar de pressioná-los. Até por que ás entidades patronais tem feito isso já há algum tempo. De modo, que chegou à hora de deixar de ser apenas espectador e botar o bloco na rua.
Pedro Ferreira Nunes – é “apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”.
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