terça-feira, 10 de novembro de 2020

Alguns comentários sobre a reta final das eleições no Tocantins

Caminhamos para reta final das eleições no Tocantins, pois ao contrário de outros Estados, independente da distância entre o primeiro e segundo colocado não teremos segundo turno, já que nenhum município tocantinense possuí mais de 200 mil eleitores. Até agora nenhuma grande surpresa que contrarie as análises que venho fazendo desde 2019 sobre o cenário político-partidário tocantinense. O que não é nada bom pois significa um cenário de estagnação – de mais do mesmo.

Em Palmas

Cinthia Ribeiro (PSDB) caminha para sua reeleição com apoio de forças tradicionais da política tocantinense e figuras como o Ex-Governador Siqueira Campos. Nenhum candidato da oposição tem conseguido mostrar força suficiente para derrota-la. Alguns analistas creditam isso no fato de haver muita fragmentação na oposição. De modo, que se houvesse unidade da oposição em torno de uma única candidatura a eleição de Cinthia Ribeiro não seria tão fácil assim. Sinceramente não vejo sentido numa unidade da oposição unicamente para derrotar a atual prefeita. Essa unidade só teria sentido se fosse  construída em torno de um projeto comum de cidade e não unicamente pelo poder. Esse projeto comum não existe, de modo que seria forçoso colocar num mesmo palanque grupos com discursos contrários. O PSB do Andrino/Amastha fez isso com Vicentinho e Katia Abreu e deu um belo tiro no pé. 

Em Araguaína e Gurupi

Na segunda e terceira maior cidade do Tocantins os candidatos apoiados pelas atuais gestões caminham para triunfar. É aquela história, uma gestão bem avaliada pela população,  é um poderoso cabo eleitoral que dificilmente deixa de eleger um sucessor aliado da gestão. E esse é o caso de Dimas (Podemos) em Araguaína e de Laurez (PSDB) em Gurupi – duas gestões bem avaliadas pelos seus munícipes. Nesses municípios são os pupilos políticos desses atuais gestores que lideram – Wagner Rodrigues (SD) e Gutierres Torquato (PSB). A lógica seguida pela população é que esses candidatos vão dar continuidade ao projeto de governo em curso nesses municípios. Mas não é isso que geralmente acontece. E o que não faltam são exemplos na política tocantinense que corroboram com o que estou falando. Só para pegar um exemplo mais recente Amastha e Cinthia Ribeiro. O fato é que se Wagner e Gutierres (se eleitos) pretendem ter uma vida longa como gestores precisaram mostrar personalidade própria e se afastarem dos seus padrinhos políticos. Até mesmo se opor dependendo das circunstâncias. 

Em Porto Nacional e Paraíso 

Juntamente com Palmas, Araguaína e Gurupi. Porto Nacional e Paraíso formam as cinco cidades com maior eleitorado no Tocantins. Na velha Porto a família Andrade tenta retornar ao poder, para tanto terá que derrotar o atual prefeito Joaquim Maia (MDB) – candidato a reeleição. Um ponto interessante nessa disputa é o apoio de figuras do MDB ao candidato da família Andrade. Justamente o que falamos que aconteceria, sobretudo se falando do Senador Eduardo Gomes. De todo modo, a população de Porto caminha para eleger um projeto que todos conhecem bem. Já em Paraíso o cenário é o mesmo de Araguaína e Gurupi. Isto é,  o candidato favorito é o candidato apoiado pelo atual prefeito – Moisés Avelino (MDB) que é bem avaliado pela população local.

Miracema e Lajeado

Não são duas cidades que tem um grande peso no cenário político tocantinense. Mas não poderia deixar de falar delas: por uma questão afetiva em relação a Miracema. E por Lajeado ser o lugar onde moro. Em Miracema o cenário é o que apresentamos num artigo “Conjuntura política em Miracema: Rupturas, Realinhamentos e Ressentimentos”. Quando olhamos a disputa eleitoral entre Saulo Milhomem (PP) e Camila Fernandes (MDB) vemos como o ressentimento tem dado o tom da campanha. Não é de hoje que esse afeto tem tomado conta da política miracemense. Talvez o resultado das eleições possa contribuir para que isso diminua, já que enquanto não houver uma resposta oficial acerca do assassinato do Prefeito Moisés Costa, isso não será totalmente superado. Em Lajeado tem se confirmado o que apontamos no artigo “Lajeado: Análise do resultado da eleição suplementar e perspectiva para 2020”. O resultado dessa eleição dependeria do sucesso da atual gestão e da capacidade de manter as alianças construídas no pleito suplementar. Como isso não aconteceu temos uma eleição bastante disputada entre o atual prefeito Júnior Bandeira  (MDB) e o Vereador José Edival (PSC). Ao contrário do que dizem, a eleição de José Edival não significa uma renovação,  mas o retorno de um grupo que comandou o município até a cassação do mandato do ex-prefeito Tércio Neto. Se a opção for pelo Júnior Bandeira a opção é pela continuidade da gestão iniciada em Dezembro de 2019. E também por um estilo de governo bastante conhecido já que o Bandeira administrou a cidade entre 2000 e 2008.

Alguma conclusão 

Apresentamos aqui o cenário apenas em alguns municípios Tocantinenses.  Nos demais a situação não é muito diferente. A população escolherá entre continuar ou retornar a um projeto de governo conhecido – pois é preciso ter claro que eleger um nome diferente não é eleger um grupo político diferente e muito menos um projeto de governo.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins. 

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