Eu, um estudante do ensino médio no interior tocantinense, acompanhava com interesse, através dos meios de comunicação, o conflito. Desde o atentado as torres gêmeas em 11 de Setembro que passei a acompanhar com maior interesse questões políticas internacionais. Cursava o ensino médio a noite e quando chegava ligava a televisão e ia assistir o Jornal da Globo.
Entre os personagens daquele episódio Al-Sahhaf – o então Ministro da Informação Iraquiano e Porta-Voz do Governo Sadan Hussein – me chamou atenção. Aliás, de todos que acompanhavam a cobertura da mídia. Primeiro por que ele era o único do Governo que dava as caras. Mas sobretudo pelo fato de que suas declarações iam totalmente contra os fatos. Isso fazia dele uma figura um tanto cômica mesmo diante do seu ar sério e uma fala sempre em tom ameaçador.
Diante disso lhe deram a alcunha de “Ali, o cômico”. O porta-Voz de um Governo em queda livre. Mas que ele insistia em dizer ser uma fortaleza.
Brasil, 2021. Olha só, temos o nosso Al-Sahhaf. Das tantas figuras medíocres que compõem esse governo. Onyx é o que mais se assemelha a figura de Al-Sahhaf, sobretudo quando analisamos a sua atuação na entrevista coletiva para tentar negar as acusações envolvendo o caso Covaxin. Ou suas declarações no Twitter como: “Sobre a covaxin: Pra atacar o Presidente vale qualquer coisa, vindo de qualquer um. Mais uma vez a verdade acaba com as narrativas e mentiras. Vamos entrar no 31° mês de governo sem corrupção. Isso incomoda demais.”
Não meus caros, não riam, não é uma piada. É uma declaração do Secretário Geral da Presidência da República do Governo Bolsonaro. Tal como Al-Sahhaf, as declarações de “Onyx, o cômico” não condiz com os fatos. Ele, assim como os seus pares vivem numa realidade paralela. Tenta mostrar força de um Governo que cheira a cadáver. Aí de nós, aí de nós. Seria cômico se não fosse trágico.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos.