Sinceramente, sabíamos que isso aconteceria. É fácil derrotar inimigos que não existem como mamadeira de piroca, ideologia de gênero, doutrinação comunista nas universidade e etc, etc, etc. O problema é que a realidade exige de nós muito mais do que discurso. Pena que o Brasil tenha que ter perdido tantas vidas para descobrir isso.
Marx já nos dizia nas teses sobre Feuerbach: “É na prática que o homem deve provar a verdade, ou seja, a realidade e o poder do seu pensamento”. Isto é, o critério para determinar a verdade de um dado objeto é a práxis.
Para compreendermos melhor essa tese recorramos a Adolfo Sánchez Vásquez. De acordo com esse filósofo a tese II (cujo um trecho citamos acima)tem uma importância central pois “nos faz ver o papel da prática no conhecimento em uma nova dimensão: não só proporciona o objeto do conhecimento como também o critério de sua verdade (2011, p. 148).
A primeira consequência dessa tese é que é preciso sair da esfera do pensamento para poder fundar a verdade de um pensamento. Fora da prática não é possível determinar se uma ideia é verdadeira ou falsa. “Pois a verdade não existe em si, no puro reino do pensamento, mas, sim, na prática” (2011, p. 148).
Como isso se dá? A partir do seguinte ponto. Quando, fundamentados numa determinada ideia, nos propomos a algo e não alcançamos o resultado esperado. Então é por que essa ideia era falsa.
No entanto, Vásquez nos chama atenção para um ponto importante. Dizer que um juízo sobre determinado objeto é verdadeiro ou falso. O verdadeiro não significa êxito e o falso fracasso. “Se uma teoria pode ser aplicada com êxito é por que era verdadeira, e não ao contrário (verdadeira por que foi aplicada eficazmente)” (2011, p. 149). Desse modo, o êxito não é o que determina a verdade, apenas torna ela visível. Isto é, mostra que “o pensamento reproduz adequadamente a realidade” (2011, p. 149).
Outro aspecto para o qual o filósofo nos chama atenção é que a prática não fala por si mesma. Os fatos práticos precisam ser analisados. “O critério de verdade está na prática, mas só é descoberto em uma relação propriamente teórica com a própria prática” (2011, p. 149). Isso deve ser feito para que a prática se torne transparente. Com isso, percebemos uma unificação entre teoria e prática.
De acordo com Vásquez (2011), é possível perceber um duplo movimento. Primeiro: Da teoria a prática. E segundo: Da prática a teoria. Com isso Marx se distância tanto da concepção idealista como empírica. Ao propor uma relação intrínseca entre teoria e prática – a partir desse movimento de teoria a prática e da prática a teoria conseguimos entender o governo Bolsonaro.
Certamente, isso é uma discussão que o conjunto da população ignora. Mas o preço dos alimentos no supermercado não dá para ignorar. Não dá para ignorar o aumento do custo de vida e a desigualdade. Não dá para ignorar o vazio que aquela pessoa querida que morreu na pandemia de uma morte evitável deixou. Cabe a nós mostrar como essas expressões são consequência das ideias defendida pelo Presidente.
Desse modo, não podemos deixar de dizer, se a vida está difícil para o Bolsonaro. Imagina para quem votou nele acreditando nas suas falsas verdades. Mas nunca é tarde para acordar para realidade.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos.
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