segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Dialogicidade ou celebrando Paulo Freire como deve ser celebrado

Em 2021, nós que militamos por uma educação emancipadora, celebramos o Centenário do Mestre Paulo Freire. Essa celebração ganha força sobretudo após a fracassada tentativa, por parte de setores conservadores e liberais da nossa sociedade, de satanizá-lo. Agora, Paulo Freire e sua pedagogia ressurge com mais força diante da inercia daqueles que prometiam, mas nada de novo apresentaram.

Ora, no contexto de retrocessos que vivemos, sobretudo no campo educacional, a Pedagogia Freireana se coloca como uma trincheira de resistência contra uma educação que desumaniza. Mas o seu legado não pode se restringir a frases soltas em materiais pedagógicos ou nos murais das escolas. A Pedagogia Freireana precisa ser compreendida e colocada em prática pelos educadores que assumem na prática docente uma concepção libertadora da Educação. Sobretudo no âmbito da educação básica.

Estamos passando por mudanças significativas no campo educacional com o avanço da implementação da  Base Nacional Comum Curricular na Educação Básica. Isso justamente num momento pandêmico onde outras mudanças tiveram que ser aceleradas. Sobretudo quanto ao uso da tecnologia. É nesse contexto, que a perspectiva educacional Freireana precisa está mais presente do que nunca na Escola.

Paulo Freire sempre defendeu a necessidade dos educadores se capacitarem de forma contínua para estarem mais preparados diante dos desafios que surgem. Isso sem abandonar “a coerência com a nossa opção política”. Por essa opção corre-se risco. Sobretudo por que “educação libertadora ou é aventura permanente ou não é criadora.” Em suma, para Freire assumir o exercício docente como uma busca permanente de criação e reinvenção exige da nossa parte a coragem de assumir riscos.

É nessa perspectiva que nasceu o Projeto Dialogicidade – que tem por objetivo aprofundar os conteúdos trabalhados nos Componentes Curriculares da Área de Linguagens e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a partir da seguinte dinâmica: Ao receber as atividades dos estudantes, buscamos levantar falas significativas. E a partir das falas significativas temas geradores que serão abordados no formato de Podcast. E então compartilhado quinzenalmente no Google Sala de Aula.

Acreditamos que isso contribui para que estabeleçamos, minimamente, um diálogo entre educadores e educandos. Mesmo no formato de aulas não-presenciais.

O diálogo é um elemento central na Concepção Pedagógica Freireana – que parte do pressuposto de que ninguém está só no mundo.  E se não estamos sós no mundo o respeito deve prevalecer – sobretudo o respeito, ao direito do outro, a palavra. É esse direito a palavra que queremos afirmar ao mostrar ao educando que ele está sendo ouvido no momento que utilizamos a sua fala para planejar os nossos episódios e aprofundar o conhecimento sobre determinado tema.

Com isso, através do Projeto Dialogicidade, e do nosso compromisso com uma educação libertadora, celebramos o centenário do Paulo Freire. Como deve ser celebrado, na nossa visão, na prática docente. Caso queiram conferir essa aventura acessem o link (DIALOGICIDADE) e confiram os episódios produzidos até agora.

Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos.  Atualmente é Professor da Educação Básica no CENSP-Lajeado.

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