Ora, no contexto de retrocessos que vivemos, sobretudo no
campo educacional, a Pedagogia Freireana se coloca como uma trincheira de
resistência contra uma educação que desumaniza. Mas o seu legado não pode se
restringir a frases soltas em materiais pedagógicos ou nos murais das escolas.
A Pedagogia Freireana precisa ser compreendida e colocada em prática pelos
educadores que assumem na prática docente uma concepção libertadora da
Educação. Sobretudo no âmbito da educação básica.
Estamos passando por mudanças significativas no campo
educacional com o avanço da implementação da
Base Nacional Comum Curricular na Educação Básica. Isso justamente num
momento pandêmico onde outras mudanças tiveram que ser aceleradas. Sobretudo
quanto ao uso da tecnologia. É nesse contexto, que a perspectiva educacional
Freireana precisa está mais presente do que nunca na Escola.
Paulo Freire sempre defendeu a necessidade dos educadores se
capacitarem de forma contínua para estarem mais preparados diante dos desafios
que surgem. Isso sem abandonar “a coerência com a nossa opção política”. Por essa
opção corre-se risco. Sobretudo por que “educação libertadora ou é aventura
permanente ou não é criadora.” Em suma, para Freire assumir o exercício docente
como uma busca permanente de criação e reinvenção exige da nossa parte a
coragem de assumir riscos.
É nessa perspectiva que nasceu o Projeto Dialogicidade – que
tem por objetivo aprofundar os conteúdos trabalhados nos Componentes
Curriculares da Área de Linguagens e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas no
Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a partir da seguinte
dinâmica: Ao receber as atividades dos estudantes, buscamos levantar falas
significativas. E a partir das falas significativas temas geradores que serão abordados
no formato de Podcast. E então compartilhado quinzenalmente no Google Sala de
Aula.
Acreditamos que isso contribui para que estabeleçamos,
minimamente, um diálogo entre educadores e educandos. Mesmo no formato de aulas
não-presenciais.
O diálogo é um elemento central na Concepção Pedagógica
Freireana – que parte do pressuposto de que ninguém está só no mundo. E se não estamos sós no mundo o respeito deve
prevalecer – sobretudo o respeito, ao direito do outro, a palavra. É esse
direito a palavra que queremos afirmar ao mostrar ao educando que ele está
sendo ouvido no momento que utilizamos a sua fala para planejar os nossos
episódios e aprofundar o conhecimento sobre determinado tema.
Com isso, através do Projeto Dialogicidade, e do nosso
compromisso com uma educação libertadora, celebramos o centenário do Paulo
Freire. Como deve ser celebrado, na nossa visão, na prática docente. Caso
queiram conferir essa aventura acessem o link (DIALOGICIDADE)
e confiram os episódios produzidos até agora.
Por
Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos
Humanos. Atualmente é Professor da Educação
Básica no CENSP-Lajeado.
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