- Você veio né? Pensei que não viria. Me disse que não gostava de carnaval!
- Achei também que não viria. Bom, não é que não gosto de carnaval, não gosto desse carnaval aqui. Mas como dizem – si não tem tu, vai tu mesmo.
- Preciso conversar contigo.
- De novo Luna? Não já conversamos tudo que tínhamos que conversar da última vez?! O que você tem pra me dizer hoje de diferente? Vai se divertir com teus amigos que vou me divertir com os meus. Outro dia quem sabe não conversamos?
- Como assim? Que conversar outro dia que nada!!! Quero conversar contigo agora e vamos conversar agora!!!
- Me desculpe, mas hoje não estou afim. Vim aqui para me divertir, só para me divertir.
- John. Quero conversar contigo agora. Você escolhe ou aqui no meio da multidão ou num lugar mais tranquilo.
- Ok, ok. Não precisa dar pití no meio do povo.
- Não estou dando pití. Apenas quero conversar contigo.
- Vamos lá.
John percebeu que Luna já havia tomado muita cerveja. Aquele jeito agressivo não era muito comum da parte dela, sobretudo com ele. Por tanto não era bom como se diz por aqui “cutucar onça com vara curta”.
- Por que você não me procurou mais. Se eu soubesse que tú viria, eu viria contigo para o carnaval.
- Luna a gente não tem mais nada meu. Siga a tua vida e eu sigo a minha.
- Como assim a gente não tem mais nada. Que nada meu!!! Eu que digo quando termina e só termina quando eu quiser. Gritou Luna apontando o dedo para o rosto de John.
- Pô meu não precisa gritar aqui. Ora se eu não quero tú vai me obrigar a ficar contigo?
- Não quero saber. Só sei que você não vai me usar e me jogar fora. Nós só vamos terminar quando eu quiser terminar contigo. Você tá achando o que? Que sou um brinquedo? Eu ti mato. Eu acabo com tua vida.
- Acho que você bebeu de mais hoje. E desse jeito não dá pra conversar mesmo. Você esta querendo briga e eu não sou de briga.
- Se você não quer briga então não fica me esnobando, me tratando como um lixo.
John sorriu gostosamente, como se tivesse si divertindo com aquela situação:
- Você tá louca meu. Você não precisa disso, pode ter o homem que quiser a teus pés. Pra quer insistir numa estória que já deu o que tinha que dá há muito tempo?!
De repente o estado de espirito de Luna mudou. Ela tomou consciência de que não havia razão para agredir John daquela forma. Não seria através de violência que ela o convenceria a ficar com ela, pelo contrário, conhecendo o John como ela conhecia sabia que aquela postura dela só o afastaria mais.
- Não faça isso comigo. Não seja cruel John.
Percebendo que Luna havia se acabado John lhe passou um sermão:
- Ora, onde você está com a cabeça para me ameaçar de morte? Não estou acreditando nisso. Você só pode está maluca.
- Eu gosto de ti John, eu ti amo. Você sabe que sou incapaz de fazer qualquer coisa de mal contigo. Me desculpe pelo que eu falei, mas não me deixe, não me deixe.
John não falou mais nada, Luna também ficou em silêncio. Ele não sabia o que dizer, ela também já não sabia o que falar. Ela seguiu para um lado e ele foi para o outro – não falaram mais uma palavra se quer. John foi para casa, trancou-se no seu quarto, preparou uma dose de conhaque com gelo, preparou um tabaco, fez um cigarro e fumou enquanto ouvia uma velha canção na voz de Osvaldo Montenegro.
“Quem vai dizer ao coração, que a paixão não é loucura, mesmo que pareça insano acreditar, me apaixonei por um olhar, por um gesto de ternura, mesmo sem palavra alguma pra falar, meu amor à vida passa num instante, e um instante é muito pouco pra sonhar.”
John não tinha dúvida, aquela fora a última vez que conversara com Luna. Ela não o procuraria mais, ele também não. Tudo havia acabado naquela noite de carnaval, com aquela discussão. Tudo não, pois ele continuaria amando-a. Pois como dizia a canção “quando a gente ama, simplesmente ama’’.
Por Pedro Ferreira Nunes – um rapaz latino americano que gosta de ler, escrever, correr e ouvir Rock in Roll.
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