quarta-feira, 15 de março de 2023

Hasta siempre Canisso!!!

Há uns dezoito anos encontrei com aquela figura nos corredores de um hipermercado fazendo compras acompanhado de um senhor (que aparentemente era seu pai). Não tive dúvida de quem era, apesar de não conhecê-lo pessoalmente. Canisso era um dos membros de uma das bandas que eu mais curtia na adolescência. E como um fã da banda era natural que eu conhecesse todos os seus integrantes. 

Uma coisa que me chamou atenção foi ver aquela figura que até então só tinha visto na televisão (tocando com sua banda) numa cena familiar fazendo compras num hipermercado. Num determinado momento ele passou ao meu lado e não me contive e perguntei: - Você é o Canisso do Raimundos? Ele muito simpático respondeu afirmativamente. Não me lembro mais o que disse. Acho que: - Sou seu fã. No que ele respondeu: - Obrigado. Daí continuei fazendo o meu trabalho e ele as suas compras.

Nesse tempo eu trabalhava como repositor de mercadoria num grande hipermercado na capital goiana. E sempre que podia não perdia a oportunidade de ir nos shows das bandas que eu só via pela televisão quando morava no interior do Tocantins. Não cheguei a ir num show dos Raimundos que nesse tempo não estava tão em evidência após a saída do Rodolfo. Mesmo assim continuava tendo a banda como uma das minhas preferidas. 

Enfim, me lembrei desse episódio ao saber do seu falecimento. Uma morte repentina – dessas que pega a todos de surpresa. A nós só resta lamentar a sua partida e celebrar a sua trajetória – e que trajetória. Canisso é certamente inspiração para muitos garotos e garotas que se aventura no baixo – uma posição considerada secundária numa banda – inclusive, segundo declaração dele, começou a tocar o instrumento por que foi o que sobrou. Mas o fez tão bem, que se tornou um ícone do instrumento ao lado de nomes como Champion  (do Charlie Brown Jr). Eu mesmo passei a apreciar o som do baixo com ele, o Flea (do RHCP) e o Achiles Rabelo (Tribo de Jah) – isso ainda no tempo do colegial quando eu, juntamente com alguns colegas, sonhava ter uma banda de Rock. 

Mesmo com a saída do Rodolfo não deixei de acompanhar os Raimundos. E sempre torci para que eles se reconstrucem. No entanto, com o passar dos anos já não era a banda que fazia minha cabeça. E com o posicionamento político do Digão então me distanciei mais ainda. Porém o Canisso continuava tendo minha simpatia, inclusive por deixar claro que o posicionamento do Digão não refletia a opinião da banda. Mas enfim, independente de qualquer coisa, o fato é que ao lado dos seus companheiros da Raimundos, ele deixa discos que são verdadeiros clássicos do rock nacional. E por isso não podemos deixar de celebrar o seu legado e lamentar sua partida, sobretudo pelo fato de que ele ainda tinha muito a nos entregar com o seu baixo. Hasta siempre Canisso.

Pedro Ferreira Nunes – é apenas um rapaz latino americano, que gosta de ler, escrever, correr e ouvir Rock in roll. 


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