Durante as escutas realizadas nas aulas do projeto de vida observamos que há uma quantidade considerável de estudantes que têm o “sonho” profissional ligado ao agro - que além de está na origem desses meninos e meninas, também estamos falando do motor propulsor da economia regional e nacional. E durante a aula-campo eles puderam vivenciar isso. Viram a grandeza desse setor através dos estandes de exposições. Das diferentes perspectivas profissionais que vão além da engenharia agronômica, o uso da tecnologia cada vez mais presente e a soluções sustentáveis tão necessárias no contexto de crise climática que vivemos.
A Agrotins é considerada a maior feira de tecnologia agropecuária da região norte do país, e que nesse ano chegou na sua 24ª edição - tendo como tema: Bioeconomia. Ou seja, economia da vida. É um tema interessante sobretudo quando analisamos que o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, sobretudo a partir do setor ruralista, tem como legado um rastro de sangue e devastação. Ou seja, uma economia de morte.
Acreditamos que essa mudança de paradigma é necessária, e a nossa crença nesse sentido está nas novas gerações que estão sendo formadas para atuar nesse setor. Mas já observamos algumas mudanças, por exemplo, durante nossa atividade foi possível ouvir na rádio Agrotins uma entrevista ao vivo com ninguém menos do que Narubia Werreria - Indigena, ambientalista e atualmente ocupando o cargo de Secretária dos Povos Originários e Tradicionais do Tocantins.
A aula-campo ocorreu de forma tranquila, com os estudantes tendo autonomia de circular conforme seus interesses. Posteriormente foi solicitado que fizessem um relatório da atividade, e de forma unânime todos ressaltaram como excelente. Pontuando os aspectos que mais chamaram atenção deles como o uso de recursos tecnológicos de última geração. Da nossa parte coube problematizar o espaço (ou a falta) da agricultura familiar e camponesa que é quem por exemplo garante uma alimentação escolar de qualidade.
Nossa avaliação da atividade também foi positiva. Creio termos alcançado o objetivo proposto.
Nós temos consciência da importância de atividades como essa para que os nossos estudantes, sobretudo do componente curricular de Projeto de Vida, possam vivenciar experiências que contribuíram para sua formação. No entanto não é fácil tirar um estudante da sala de aula. E digo isso não só pela questão estrutural, como transporte. Ou pelo impacto na rotina escolar. Mas pelo fato de que muitos acham que é um “passeio” – uma fuga da escola, da sala de aula. Quando na realidade a aula campo proporciona ao estudante exercer a técnica da observação, coletando dados a partir de uma determinada realidade que lhe permitirá aprofundar os estudos desenvolvidos em sala de aula. Ou seja, articular teoria e prática.
Outro aspecto não menos importante é notar que essas atividades também proporcionam a muitos estudantes acesso a lugares que nunca tiveram a oportunidade de conhecer (estamos falando de estudantes de escola pública localizada numa região periférica). Foi incrível ver nos rostos deles a alegria de estarem vivendo aquele momento. Imagino o quanto isso não marcará suas vidas.
Retornamos para escola, e depois para casa, extremamente cansados, pois pensa num clima que castiga. O sol do mês de maio no Tocantins no periodo vespertino é cruel. Mas o sorriso de satisfação no rosto deles mostrava que valeu a pena.
Pedro Ferreira Nunes – Especialista em Filosofia e Direitos Humanos. Atua como Professor da Educação Básica na Rede Estadual de Ensino do Tocantins no CEMIL Santa Rita de Cássia.
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