quarta-feira, 16 de outubro de 2013

POEMA

Destruição ambiental

Cortaram os pés de pequi
Destruíram os buritis.
Acabaram-se os tucuns
E também os muricis.

Não tem macaúba
Mangaba não há.
Não tem mais baru
E nem jatobá.

Cajuí já não tem
Tá difícil de achar.
Até mesmo as mangabas
Conseguiram acabar.

Só vejo soja e cana
Por todo o nosso cerrado.
Florestas de eucalipto
No resto pasto pra gado.

Até quando ficaremos
Parados e de braços cruzados.
Vendo a burguesia agrária
Destruir nosso cerrado?

*Por Pedro Ferreira

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A transferência de Katia Abreu para o PMDB significaria uma manobra para se credenciar como possível ministra da agricultura do provável segundo mandato de Dilma Rousseff?


Conjuntura politica no Tocantins

Articulações politica para 2014

Por Pedro Ferreira

Foi uma surpresa a filiação da senadora Kátia Abreu ao PMDB. O que significa que a mesma dessa forma adere formalmente ao governo Dilma Rousseff (PT) bem como deixa a nível estadual o governo Siqueira Campos (PSDB) o qual ela ajudou eleger e que ocupava até pouco tempo cargos no governo.

A senadora Kátia Abreu é conhecida nacionalmente como uma das principais lideranças da bancada ruralista no congresso nacional, como também uma das principais lideranças do agronegócio a nível nacional, tanto que alguns anos ocupa a presidência da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Elegeu-se senadora em 2006 pelo DEM e tornou-se uma das figuras de maior destaque da oposição de direita no segundo mandato do governo Lula.

No entanto uma das principais figuras de oposição ao governo petista, surpreende a todos deixando o DEM juntamente com o setor do partido liderado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab que cria o PSD. Um partido que segundo suas lideranças - Não é de direita, nem de esquerda, isto é, mais um partido da boquinha. Estará no governo independente de que partidos componham este governo.

A saída de Katia Abreu do DEM para o PSD já se configura numa aproximação da mesma com o governo do PT, agora liderado por Dilma Rousseff. Já que o PSD ao contrario do DEM não faz uma oposição extremada a Dilma, ao contrario a partir de 2013 passa inclusive a ocupar ministério no governo.

Em nível estadual Katia Abreu se fortalece também, pois consegui deslocar toda a base do DEM para o PSD que nas eleições municipais de 2012 consegui eleger o maior numero de prefeitos no Tocantins, além de contar com o vice-governador, secretarias, superintendências, deputados estaduais e centenas de vereadores.

A aproximação de Kátia Abreu com o governo de Dilma Rousseff vinha se evidenciando, sobretudo no ultimo período através de entrevistas e declarações de apoio a política agrícola do governo Dilma que abandona de vez a política de desapropriação de terras e assentamento de novas famílias. Política esta que já vinha desde os dois mandatos do governo Lula. O lema do governo federal liderado pelo PT torna-se todo apoio ao agronegócio e abandono da questão agrária. A cada ano o governo Dilma vem batendo recorde como o pior governo no assentamento de novas famílias, por exemplo, em 2013 nenhuma área foi desapropriada.

 Partido que era liderado por Katia Abreu no Tocantins sofre um grande racha

O PSD, partido até então liderado pela senadora Katia Abreu sofre um grande racha liderado pelo vice-governador João Oliveira e pelo presidente da assembleia legislativa Sandoval Cardoso que se transferiram para o Partido Solidariedade.

Além do vice-governador e do presidente da assembleia legislativa outros deputados estaduais e cerca de 40 prefeitos deixaram o PSD e se transferiram para o Solidariedade. Um dos motivos do racha deu-se devido à possibilidade da senadora Katia Abreu não apoiar o candidato da situação ao governo do estado, até o momento Eduardo Siqueira Campos, figura com quem a senadora não se dá. Claro, além do Partido Solidariedade liderado pelo (deputado federal por São Paulo) Paulinho da força, ser mais um partido da boquinha.

Katia Abreu deixa o PSD e filia-se ao PMDB

O anuncio da transferência de Katia Abreu do PSD para o PMDB surpreendeu muita gente, sobretudo por que até então não havia nenhuma cogitação de que a senadora estava articulando para mudar de partido, pois mesmo com o enfraquecimento do PSD no Tocantins e de sua força politica a nível nacional dentro da CNA, Katia Abreu goza ainda de um grande prestigio e força politica.

No entanto a transferência de Katia Abreu para o PMDB significa a sua adesão formal a base do governo Dilma Rousseff bem como atende a uma pretensão nacional da senadora. Pois no ato de apresentação da Senadora Katia Abreu ao PMDB, a mesma declarou que estava atendendo a um pedido do vice-presidente da republica Michel Temer.

Katia Abreu também declarou que não entra para ser candidata nem a governadora e nem a senadora pelo PMDB, o objetivo por tanto da senadora seria se tornar ministra da agricultura se acaso Dilma conseguir se reeleger? Essa possibilidade não é nenhuma loucura, pois sabemos que historicamente o ministério da agricultura é comandado pelo PMDB, e tendo sido convidada pelo próprio presidente do partido bem como devido as suas declarações de apoio a política agrícola do governo Dilma, essa possibilidade é bem provável.

No entanto sabemos também que as duas principais figuras do PMDB no estado (Marcelo Miranda e Gaguim) estão com dificuldades na justiça eleitoral para viabilizar suas candidaturas. Se concretizando o quadro de que tanto Marcelo Miranda quanto Gaguim não conseguirem viabilizar suas candidaturas, sobretudo Gaguim que esta em uma situação mais difícil, Katia Abreu por tanto seria uma alternativa de peso para o PMDB tanto como candidata ao senado ou ao governo do Tocantins.

Porém, são apenas projeções, vejamos o que acontecerá nos próximos capítulos, o fato é que seja qual quadro se confirmar, a classe trabalhadora, sobretudo campesina, os indígenas e quilombolas só tem a perder.

*Educador Popular, Bacharel em Serviço Social e militante do PSOL-TO.


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Desabastecimento de água em Palmas: Culpa da estiagem ou falta de planejamento?

Por Pedro Ferreira

Há algumas semanas reportagens na tv mostra a continua reclamação por parte da população de Palmas (TO) sobre a falta de água em milhares de residências da capital, atingindo inclusive escolas e creches que são obrigadas a liberar os alunos antes do período de termino das aulas, ou mesmo em alguns casos as escolas são obrigadas a cancelar as aulas prejudicando assim os estudantes.

Ora e outra representantes da FOZ Saneatins (Empresa de abastecimento e saneamento do Tocantins) aparecem nos meios de comunicação dando diversas explicações a cerca do problema da falta de abastecimento de água na capital bem como em outras cidades do interior do estado. A justificativa recorrente é de que o Tocantins vive um período de estiagem prolongada e isso prejudica o abastecimento de água, sobretudo por que neste período o consumo aumenta.

Por tanto na ultima semana a FOZ Saneatins colocou em pratica uma política de desabastecimento em Palmas, milhares de famílias da capital, incluindo escolas e creches terão horário estabelecido para consumir água. A empresa diz que não é uma política de desabastecimento, mas sim de racionamento.

 No entanto o que vemos claramente é sim uma política de desabastecimento, a população será obrigada a ficar sem água em algum período do dia. Pois no horário estabelecido pela empresa o fornecimento de água para as residência será interrompido.

A Saneatins foi privatizada pelo governador Siqueira Campos (PSDB) com o falso discurso de que o serviço seria melhorado, mas não é o que vemos na prática, a cada ano o serviço de abastecimento e saneamento do Tocantins só piora.

A justificativa de que a culpa pelo desabastecimento de água é devido ao período de estiagem é falso. Já que historicamente o clima no Tocantins é bem definido com um período longo de chuva que vai de Setembro a Maio e um longo período de estiagem que vai de Junho a setembro. Por tanto o que falta na verdade são planejamento e investimento no desenvolvimento do serviço de abastecimento e saneamento do Tocantins.

A cada dia milhares de famílias do interior do estado se deslocam para as grandes cidades em busca de melhores condições de vida. Assim a população das grandes cidades do estado tem aumentado, no entanto o desenvolvimento da rede de abastecimento e saneamento continua a passos de Jabuti. Pois mesmo com o longo período de estiagem que enfrentamos todos os anos a maioria das cidades tocantinenses tem água em abundância.

No entanto enquanto a população sofre com o desabastecimento de água devido à má gestão o governo do estado responsável por entregar este bem público para iniciativa privada, nada faz, ao contrario, lava as mãos e cruza os braços. E a Foz Saneatins que obtém lucros exorbitantesfaz o que bem quer, incluindo por em prática uma política de desabastecimento sem discutir com a população ou mesmo com o governo de plantão.

Por tanto gritamos não a precarização do serviço de abastecimento de água e saneamento básico no Tocantins;


Reestatização da Saneatins Já!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Poema - Pescador

Camarada pescador
Que trazes no teu jacá?

Pirarara,
Pacu,
Curimatá?

Que trazes no teu jacá?

Facão,
Jau,
Tracajá?

Que trazes no teu jacá?

Mandi moela,
Cabeça de bagre,
Carcará?

Camarada pescador
já não pode mais pescar,
A fiscalização não deixa
nem mesmo pra se alimentar.
Mesmo assim tu insistes
e os consegui driblar.

Por tanto me diga camarada
O que trazes no teu jacá?

Caranha,
Tucunaré,
Mampará?

O que trazes no teu jacá?

Cachorra,
Ladina,
Caracará?

Que trazes no teu jacá?

Eles destroem o rio construindo barragens,
Tu não podes nem pescar,
Nem pra tua subsistência,
Nem mesmo pra se alimentar.

E o pescador me responde:

- Trago no jacá a esperança
Que dias melhores virão
Que parem de destruir o Tocantins
pois muitos peixes estão entrando em extinção.

Pobre pescador, pobre pescador,

Que doce ilusão.

*Por Pedro Ferreira

Ocupação 'Pinheirinho Vive' - Palmas - TO (+playlist)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Máfia dos lotes no Tocantins – Por uma CPI na assembleia legislativa para investigar a doação e venda de areás públicas no Tocantins



Carro de empresario que denuncio o esquema foi queimado
“Não há lotes para construir moradias populares para combater o déficit habitacional no estado, mas há para doar para empresários e aliados políticos sim.”

Por Pedro Ferreira


No ultimo dia 04 de setembro o ministério público federal denunciou um esquema de venda de lotes onde procuradores, empresários e gestores estão sendo investigados. As negociações causaram um prejuízo de R$ 50 milhões ao estado. Foram negociados de forma irregular cerca de600 lotes.


“O MPE explicou como funcionava o esquema da "máfia dos lotes", termo usado pelos promotores. Os terrenos públicos, que na época eram administrados pela antiga Companhia de Desenvolvimento do Estado do Tocantins (Codetins), eram dados em troca de favores políticos ou adquiridos por servidores e gestores públicos, que utilizavam das facilidades do cargo, para facilitar a aquisição dos terrenos. Neste caso, laranjas eram usados para não levantar suspeitas.”

 

Infelizmente esta é uma prática histórica dos governos tocantinenses, diversos terrenos públicos tanto no campo como na cidade são doados para aliados em troca de apoio político. Ora e outra esses absurdos vem à tona, no entanto até o momento os responsáveis por esses crimes não são punidos, ao contrario, em vez de corrigir se legaliza. Um dos casos mais conhecido é o que envolve a senadora Katia Abreu acusada de grilar terra de camponeses na região norte do Tocantins.

 

Essa prática não é exclusiva apenas do governo estadual, nos municípios também vemos essa politica em ação. Recentemente em um artigo intitulado ‘Por uma politica habitacional para quem de fato necessita em Lajeado’ podemos ver a politica de doação de lotes e casas populares para pessoas que não necessitam, deixando de lado famílias que estão em uma situação de maior vulnerabilidade social, demostrando assim uma clara ação de compra de apoio político e troca de favores. No primeiro semestre de 2013 também vimos denuncia de doação de lotes irregular na gestão do prefeito Raul Filho (PT) entre 2004 a 2012 na prefeitura de Palmas.

Enquanto milhares de famílias tocantinenses continuam vivendo em condições precárias, sem um teto para morar. O governo criminosamente doa  áreas públicas em troca de apoio politico. Vemos por tanto que a questão do déficit habitacional no Tocantins não é resolvida por falta de vontade politica, pois áreas e recursos públicos para construir moradias populares existem.

Vamos ver qual vai ser a postura do secretario de regularização fundiária Irajá Abreu frente a este processo, esperamos que este crime não seja legalizado mais uma vez como tantos outros casos. No entanto não tenhamos ilusão à nomeação de Irajá Abreu para esta pasta já foi com o objetivo de regularizar a grilagem de terra no estado. A classe trabalhadora tocantinense, sobretudo os movimentos de luta por moradia popular devem ficar atentos e não vacilar.

Exigimos por tanto:

1-         Que o governo estadual, municipais e o ministério público suspenda imediatamente a doação de todos os lotes doados para empresários e aliados políticos;
2-         Destinação desses lotes e outras áreas públicas para construção de moradias populares para as famílias sem teto;


3-         Instalação de uma CPI da máfia dos lotes para investigar a doação de lotes públicos por parte do governo estadual  e a venda desses lotes por autoridades públicas e empresários na assembleia legislativa bem como punição a todos os responsáveis por tais práticas.

*Fonte: G1 Tocantins

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Ruralistas, médicos cubanos e trabalho escravo

Deputado Ronaldo Caiado (DEM/GO)
Por Pedro Ferreira

Entre os mil argumentos levantados pela direita reacionária contra a vinda de médicos cubanos para atuar no programa ‘Mais médicos’ lançado pelo governo federal, um me chamou bastante atenção – O de que os médicos cubanos serão submetidos a condições análogas ao trabalho escravo.

Foi durante a primeira audiência pública convocada pela câmara dos deputados na ultima quarta-feira (04/09) para debater o programa - O deputado e médico Ronaldo Caiado (DEM-GO) figura histórica da UDR (União Democrática Rural) importante líder da bancada ruralista subiu na tribuna para condenar a vinda de médicos cubanos alegando que os mesmos irão atuar em regime de escravidão. Pois ao contrario dos médicos de outros países, os cubanos receberam apenas parte dos salários, o restante do recurso será enviado para o governo cubano.

O deputado federal Ronaldo Caiado ao protestar com veemência contra o trabalho escravo ao qual segundo ele serão submetidos os médicos cubanos nos revela a face hipócrita da burguesia brasileira – Pois este mesmo deputado que agora se mostra defensor dos direitos humanos participa da bancada ruralista que foi responsável por fazer com que os trabalhos da CPI do trabalho escravo que investiga a utilização de mão de obra no regime análogo ao da escravidão, sobretudo em grandes propriedades de terra acabassem em pizza. 

Os ruralistas recusaram-se a colocar no relatório da CPI o termo trabalho escravo, o que fez com que o setor oposicionista aos ruralistas apresentasse um relatório paralelo. A atitude dos ruralistas de não reconhecer o trabalho escravo, sobretudo em grandes propriedades rurais é no sentido de dificultar e combater a proposta de lei que destina áreas que utilizam mão de obra escrava para o programa de assentamento de famílias sem terra já aprovado na câmara.

Qual o conceito de trabalho escravo tem o nobre deputado Ronaldo Caiado?

Os ruralistas, grupo do qual o nobre deputado Ronaldo Caiado é um dos principais lideres – Não aceitam qualificar como trabalho escravo o trabalhador encontrando trabalhando em condições desumanas, sobretudo em grandes propriedades de terra, pois os dados que investigam a utilização de mão de obra análoga à escravidão no Brasil aponta que os principais focos estão no campo, sobretudo na região norte do Brasil, o ultimo levantamento apontou os estados do Pará e Tocantins como os campeões de casos de utilização de mão de obra escrava.

Estes trabalhadores são submetidos a condições de trabalho insalubres, sem alimentação adequada, alojamento, assistência médica como também sem direitos trabalhistas como salário mínimo, férias, decimo terceiro entre outros. Na maioria dos casos os trabalhadores são privados de sua própria liberdade, sendo obrigados a se submeter a este tipo de trabalho sub a ameaça de jagunços armados. No entanto para os ruralistas isto não é trabalho escravo, ao contrario eles utilizam abertamente desse tipo de exploração da classe trabalhadora campesina com a anuência do estado.

Por trás do discurso hipócrita de defesa dos direitos humanos da direita reacionária representada pelo discurso do deputado Ronaldo Caiado esta o interesse de manutenção da ordem vigente. De privilégios e regalias para os setores abastardo da sociedade, da concepção mercadológica da saúde, educação entre outros serviços públicos fundamentais para a população.

Não nos iludamos não será o programa ‘Mais médicos’ que fará com que tenhamos uma saúde pública de qualidade, no entanto não podemos negar a sua necessidade em um país onde mais de 700 municípios não tem se quer um médico atuando na saúde preventiva. Mas além de médicos são necessário hospitais estruturados, aparelhos e profissionais preparados, é necessário também à descentralização dos serviços de saúde e acima de tudo combater a logica mercadológica desde a formação do profissional, pois ninguém pode lucrar com a doença do outro, precisamos fortalecer o SUS e não privatiza-lo.

Aqueles que se colocam contra o programa, em especial a vinda de médicos cubanos continuaram procurando argumentos absurdos tal como esta de que os cubanos serão submetidos a trabalho escravo, o que é uma inverdade, mas esses senhores que ao longo da nossa historia construíram suas riquezas e privilégios através da exploração, da alienação e da opressão do povo não tem a sinceridade como uma virtude.


Que seja bem vido ao nosso país os médicos cubanos que dão um exemplo extraordinário de solidariedade internacionalista atuando em mais de 56 países. Fazendo um belíssimo trabalho humanitário sem visar o lucro, e é por isso que parte dos salários desses médicos vai para o governo cubano investir na formação de novos profissionais e o no desenvolvimento da medicina cubana. Medicina esta que não esta a serviço apenas do povo cubano, mas de todos os povos do mundo que dela necessitar.

*Pedro Ferreira é Educador Popular, Bacharel em Serviço Social, militante do Bloco de Resistência Socialista e do PSOL-TO.