O Conservadorismo
parece ser a palavra da moda na conjuntura atual. Para nós tocantinenses não
apenas pelas ações do presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha (PMDB),
mas também pelas questões debatidas na assembleia legislativa do estado. Por
tanto podemos afirmar que saímos do ultimo processo eleitoral não apenas com um
congresso nacional mais conservador, como também com uma assembleia legislativa
mais conservadora.
Nesse sentido não é de
se admirar que a ALETO tenha rejeitado o requerimento do deputado Ricardo Aires
(PSB) para que os deputados votassem uma moção solicitando que os parlamentares
tocantinenses na esfera federal se posicionassem contrario a redução da
maioridade penal no congresso nacional.
Por outro lado, dias
antes os deputados estaduais haviam aprovado requerimento apresentado pelo
deputado Eli Borges (PROS) para que a assembleia legislativa do Tocantins
apresentasse uma moção de repudio ao beijo gay na novela das nove da rede globo.
Como se vê, quando a
questão discutida é uma pauta conservadora não se tem nenhuma demora na sua
tramitação e aprovação, já quando a pauta interessa aos movimentos sociais,
rejeita-se categoricamente.
Infelizmente não si viu
nenhum parlamentar propor uma moção de repudio a ação de despejo de centenas de
famílias sem teto que dignamente lutam por moradia em Palmas. Também nenhum
parlamentar seja da situação ou oposição (se é que existe) manifestou-se
firmemente contra as ações do governo Marcelo Miranda que tem se negado a
cumprir os acordos feitos com os sindicatos dos servidores no governo anterior,
como por exemplo, os professores que fizeram greve heroica em 2014, mas que até
o momento o que foi prometido não tem sido garantido, ao contrario, tem
priorizado o aumento salarial de contratados e desprezado os servidores
efetivos.
Os deputados estaduais também
não apresentaram nenhuma moção de repudio contra o total abandono da saúde
pública no Tocantins que esta em situação de calamidade. Marcelo Miranda que
foi eleito tendo como uma, das principais bandeiras uma politica decente de
saúde para o povo tocantinense, tem virado as costas para esta.
Já no caso do auxilio
moradia para os deputados estaduais, aprovado por eles mesmos. Nenhum deputado recusou-se a receber. Ao
contrario, ignorou-se totalmente a manifestação da população que se colocou
totalmente contra tal regalia. Em vez disso, criam-se mais regalias com a
autorização para que os deputados possam contratar até 65 assessores.
O
que tem feito os deputados estaduais tocantinenses?
Quais as questões
pertinentes ao conjunto da sociedade tocantinense o parlamento estadual tem
discutido ultimamente? Ora a principal pauta em discussão entre os deputados
estaduais tem sido sobre as ações do governo anterior (Siqueira Campos/Sandoval
Cardoso). Em especial a polemica sobre as progressões de policiais militares
que agora estão sendo desfeitas pelo governo Marcelo Miranda (PMDB). Si foram
validas ou não. Si foram legais ou não.
Ora, si os parlamentares
estão de fato preocupado com as ações feitas no governo anterior por que não
criam uma CPI para investigar os desvios da ultima gestão? O fato é que estes
senhores não querem investigar nada, apenas fazer discursos, jogo de empurra,
empurra. Precisam de um bode expiatório para que o governo atual possa
justificar sua incompetência, sua inoperância. Dai diz que o estado passa por
uma crise financeira, que o governo anterior fez o que não poderia ter feito e
que por isso o atual governo não pode fazer nada. Nada não, o governo faz muita
coisa, menos o que é realmente necessário. Si de fato o governo anterior fez o
que não poderia ter feito, então cometeu crime, e se cometeu crime deve ser
jugado e punido por isso. Mas pergunte o que os deputados estão fazendo para
que isso aconteça. Nada, não estão fazendo nada.
Aliás, os deputados já
estão com a cabeça em 2016, nas eleições municipais. E é exatamente por isso o
principal motivo da troca de farpas entre deputados estaduais e os vereadores
de Palmas. O debate, tanto do lado dos deputados que tem sua base na capital
como dos vereadores não é pela melhoria de vida da população palmense, pois si
fosse, em vez de estarem trocando farpas eles estariam trabalhando. Não, o
objetivo é um só – fazer articulação politica para construção de candidaturas
para as eleições de 2016.
Tanto é verdade que o
debate não reflete uma preocupação com a população palmense, não é um debate de
projetos diferentes para capital. É um debate que muitas vezes descamba para
baixaria, inclusive com ameaças de agressões físicas como no caso da troca de
farpas entre o vereador Major Negreiros (PP) com o deputado Wanderley Cardoso
(SD).
“Se o presente é de luta, o futuro nos
pertence.”
Ernesto Che
Guevara
Pedro
Ferreira Nunes – educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.