quinta-feira, 9 de abril de 2015

Os desafios dos servidores públicos do Tocantins na luta pelos seus direitos

Uma das primeiras medidas tomada pelo governador Marcelo Miranda (PMDB) ao assumir o governo do Tocantins pela terceira vez foi o anuncio absurdo de que parcelaria o pagamento dos salários atrasados dos servidores públicos. A justificativa para tanto era de que o estado passa por uma grave crise econômica e não tinha dinheiro em caixa. No entanto em vez de cortar em outras áreas a opção era meter a mão no bolso do trabalhador que não tem nenhuma culpa pela péssima gestão anterior.

O parcelamento dos salários atrasados dos servidores é um absurdo, sobretudo em um estado onde se ganha tão pouco, grande parte dos servidores públicos recebe apenas um salario mínimo, por tanto parcela-lo é condenar o trabalhador a passar fome. Tal proposta só não foi executada por que toda a categoria rechaçou-a com veemência. Mobilizando-se e ameaçando deflagrar uma greve ampla no funcionalismo público estadual. Diante da mobilização da categoria e da repercussão negativa o governo não teve outra opção se não recuar da sua decisão e pagar integralmente os salários atrasados dos servidores.

Este episódio serviu para mostrar que o atual governo não si difere dos anteriores quando tenta jogar nas costas do trabalhador a responsabilidade por uma crise financeira que não foi criada pelos trabalhadores. E também mostrou como uma mobilização unificada do funcionalismo público com o apoio da população em geral pode ser forte e obter conquistas concretas.

No entanto o governo Marcelo Miranda (PMDB) continua querendo jogar nas costas do servidor público a conta da crise econômica por que passa o estado. Direitos conquistados pelos servidores públicos nas gestões anteriores como, por exemplo, valorização salarial e outros direitos não estão sendo pagos. E mais uma vez a proposta do governador é o parcelamento destes direitos.

Policia Civil faz greve de mais de trinta dias. Servidores da saúde fazem paralisação e ameaçam entrar em greve e servidores do quadro geral aprovam indicativo de greve.

Mesmo antes de assumir o governo. A equipe de transição de Marcelo Miranda anunciava a situação caótica que se encontrava a máquina pública e que, portanto seria preciso apertar os cintos. Diante deste anuncio já estava claro para nós que viria pela frente ataque aos direitos dos trabalhadores. Pois é fato que apertar os cintos para os governos de plantão significa isso – retirar direitos conquistados pelos trabalhadores com muita luta.

No entanto o funcionalismo público estadual não tem ficado parado diante da negação do atual governo em garantir os direitos conquistados pelos trabalhadores – a policia civil ficou mais de quarenta dias em greve. Os servidores da saúde fizeram uma grande paralisação e também ameaçaram entrar em greve. Já os servidores do quadro geral aprovaram indicativo de greve. Além destas, outras categorias podem cruzar os braços no próximo período se o governo insistir em ignorar as demandas dos servidores. A exemplo da educação que fez greve histórica no ano passado.

Por que a greve de mais de um mês da policial civil do Tocantins fracassou? Quais as lições podemos tirar desse movimento grevistas para as futuras mobilizações dos servidores públicos do Tocantins.

A reposta é simples, pelo isolamento. E a responsabilidade por tal isolamento é da atual direção do sindicato dos policiais civis – que preferiram seguir a linha da negociata fazendo peregrinação em gabinetes de parlamentares da oposição além de outras praticas de luta bastante questionável que pouco contribuí para o fortalecimento da greve, ao contrario foi um prato cheio para o governo e a mídia conservadora jogar a opinião pública contra o movimento.

Viu-se pouca mobilização da categoria como atos públicos, manifestações, marchas ou material de propaganda explicando o motivo da greve. Em vez de buscar o apoio da sociedade ao movimento grevista ações violentas e intempestivas dos grevistas rechaçaram qualquer possibilidade de apoio. Aliás, grande parte da população si quer compreendia o porquê da greve, pois o sindicato parecia está mais preocupado em fazer oposição ao governador Marcelo Miranda (PMDB) do que propriamente reivindicar os diretos por melhores condições de trabalho e valorização salarial que a categoria luta com toda legitimidade.

Está em greve não é ir para casa e cruzar os braços, mas sim resistir e lutar pelo que se reivindica. No entanto foi isso que vimos na greve da policia civil – a maioria dos grevistas cruzaram os braços e foram para casa deixando nas mãos da direção do sindicato toda responsabilidade pelos rumos do movimento. A direção do sindicato por sua vez mostrou-se muito despreparada. Uma greve que não tem o envolvimento de toda a categoria tende ao fracasso. Pois sabemos que quanto mais envolvimento da categoria mais forte é a greve.

Já o governo estadual que não é nenhum pouco bobo. Não perdeu nenhuma chance de judicializar o movimento grevista isolando-o mais ainda. Cheio de processos nas costas, multas e o inicio do corte dos pontos, além da perseguição politica o movimento que nunca fora forte foi enfraquecendo mais ainda. E a responsabilidade do fracasso da greve dos policiais civis é de total responsabilidade da direção do sindicato, a linha politica equivocada deste levou ao isolamento do movimento grevista e, por conseguinte a sua derrota desmoralizante. A greve perdurou por mais de um mês, mas obteve nenhuma vitória concreta, só promessas por parte do governo, promessas que quase sempre não são cumpridas. E diante disto a categoria retornou com a cabeça baixa para o trabalho, mesmo antes de o sindicato declarar o fim da greve.

Outro fator que contribuiu decisivamente para o fracasso da greve da policia civil foi a total falta de apoio de outras categorias do funcionalismo público estadual. O que reflete mais uma vez no isolamento do movimento grevista. Aliás, eis ai um problema que os servidores públicos estaduais precisam superar em um curto espaço de tempo, a exemplo dos servidores do quadro geral que ameaçam entrar em greve. O isolamento e a falta de unidade dos servidores públicos estaduais, que em vez de fazer movimentos grevistas unitários do funcionalismo público estadual preferem isolar-se caminhando temerariamente para o fracasso.

Construir a luta unitária dos servidores públicos do Tocantins contra a negação do governo Marcelo Miranda (PMDB) em garantir direitos conquistados.

A luta contra os ataques e retiradas de direitos de servidores públicos das diversas categorias pelo governador Marcelo Miranda (PMDB) tem que ser construída unitariamente. Os servidores públicos do Paraná nos deu uma importante lição a cerca da importância da luta unitária para rechaçar os ataques de governos e patrões aos direitos dos trabalhadores. Porém quando olhamos para as direções de sindicatos e centrais sindicais que atuam no Tocantins vimos que essa luta unitária não será fácil, cada um olha apenas para o seu umbigo e esquece-se que todos fazem parte de uma mesma classe.

Enfim, encerramos chamando a base das categorias de servidores públicos estaduais a passar por cima das atuais direções sindicais que estão burocratizadas e estagnadas. Esta é uma tarefa imediata, desfazer-se dessas velhas direções e construir novas ferramentas no estado que de fato defendam os interesses e anseios do povo trabalhador tocantinense.Construam a unidade na luta, lutem pelos seus direitos. A categoria não precisa de direções vendidas e corrompidas para tal tarefa, forjemos novos lideres.E a palavra de ordem deve ser – o trabalhador não pode pagar pela crise! Nenhuma redução de direitos!

“Vem vamos embora, que o esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Geraldo Vandré

Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

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