Tapete
vermelho
Em pronunciamento na
ultima segunda-feira no senado sobre as manifestações massivas do ultimo dia 12
de abril, o senador José Agripino (DEM) afirmou que os lideres do movimento
faram uma pausa nas mobilizações de rua para sistematizar as reivindicações dos
manifestantes, elaborar um documento e apresenta-lo no congresso. Para José
Agripino os lideres do movimento devem ser recebido com tapete vermelho no congresso
nacional.Mas nem sempre é assim que o povo brasileiro que legitimamente luta
pelos seus direitos é recebido no parlamento brasileiro.
Bala
de borracha, spray de pimenta e cassetete
Ao contrario, foi com
bala de borracha, spray de pimenta e cassetete nas costas que sindicalistas,
estudantes e camponeses sem terra foram recebidos no congresso nacional quando
protestavam contra a aprovação da lei da terceirização. A juventude que
protestava contra a votação na comissão de constituição e justiça a proposta de
redução da maioridade penal também não teve um tratamento melhor e muito menos
os povos indígenas que lutam contra a aprovação da PEC 215 que passa do
executivo para o legislativo a responsabilidade pela demarcação de terras
indígenas.
Ora, por que alguns
devem ser recebidos no parlamento brasileiro com tapete vermelho e outros com
repressão? Por que uns merecem ser ouvidos e outros silenciados? Por que uns
tem privilégios e regalias e outros spray de pimenta, cassetete nas costas e
bala de borracha na cara? E ainda existem aqueles que afirmam que não existem
lutas de classes no Brasil.
Os
lideres do movimento
Em outros tempos para
si tornar líder de um movimento, de uma categoria, de um coletivo era
necessário que si construísse ao longo de uma vida uma trajetória de dedicação
e sacrifício em pró de uma causa. Hoje em dia para si tornar líder de um
movimento é necessário apenas criar um evento no Facebook. Que dias são esses meus camaradas, que dias são esses?!
É
manifestação ou copa do mundo de futebol?
Si algum desavisado
encontrar com uma multidão com camisas da seleção brasileira de futebol,
bandeiras do Brasil e cantando o hino nacional na certa irá pensar que voltamos
no tempo e estamos em 2014, que a derrota de goleada para a Alemanha e a
Holanda foi um pesadelo e que agora seremos campeões mundiais contra a
Argentina no maracanã. Mas não se engane, é uma manifestação.
Ok, ok, mais parece um
passeio dominical, que nem fede e nem cheira na vida econômica do país. Mas
dizem eles – é uma manifestação. Uma manifestação tipicamente burguesa isso
sim.
A
cobertura da mídia
A semelhança das
manifestações com a torcida pela seleção brasileira de futebol na copa do mundo
não está apenas nos uniformes, nas bandeiras e no canto do hino nacional a
capela. Mas também na cobertura da mídia com boletins ao vivo durante todo o
dia de todos os cantos do Brasil.
O
debate
O principal debate
travado após á ultima mobilização no dia 12 de abril não foi a cerca da pauta
de reivindicações das manifestações, mas sim sobre o numero de participantes.
Ora, o principal debate deveria ser em torno da pauta de reivindicações e não
da quantidade de pessoas que foram para as ruas. É sabido que houve uma
diminuição do numero de manifestantes entre a primeira e a segunda manifestação
e a tendência é que as próximas manifestações (si tiverem) tenderam a ter um
numero cada vez menor. Mas isso não é uma disputa de torcida para ver quem é
que põem mais gente na rua – o povo não pode ser tratado como gado, o povo não
pode ser tratado como uma fria estatística apenas. Seja por quem quer que seja.
As reivindicações
Aliás, é preciso
ressaltar que partes das reivindicações são legitimas e concordamos com elas,
como por exemplo, a luta contra a retirada de direitos dos trabalhadores, a
reforma política e o combate à corrupção. No entanto essas pautas têm sido
usadas apenas como faixadas para esconder o objetivo principal da direita
reacionária que esta por trás das mobilizações que é a cassação da presidente
Dilma Rousseff.
Sobre
o impeachment
Estamos longe de
apoiarmos o governo Dilma Rousseff (PT), mas dai sermos favoráveis a sua
cassação é um tanto de mais. Também temos profundas criticas ao Partido dos
Trabalhadores, sobretudo pelo fato do PT ter traído seus ideais. Mas dai cair
no discurso simplório que tenta nos enfiar goela abaixo de que o partido é
responsável pela corrupção no país não dá. É não querer ver que a corrupção é
um mal endêmico do Brasil, que esta intimamente ligada ao sistema capitalista e
que inclusive está presente nos governos do PSDB em São Paulo, Paraná, Goiás
entre outros.
Os
manifestantes
Reportagens mostram que
grande parte dos que participaram dessas manifestações não estão ali por que
foram de livre e espontânea vontade, mas por que foram levados. Estes si quer
sabem por que estão protestando. São ingênuos, não conseguem ver que estão
sendo usados por uma direita reacionária que quer chegar ao poder de qualquer
maneira, nem que para tanto tenha que dá um golpe.
Disputar
a consciência das massas
Eis uma das tarefas da
esquerda progressista – disputar a consciência das massas. Sobretudo da
juventude que tem sido manipulada por setores de direita que dizem falar em
nome da mudança, mas que no fundo conservam ideias golpistas, conservadoras e
reacionárias. A tarefa não é fácil, mas quem fez a opção pela defesa
intransigente dos direitos da classe trabalhadora não pode recuar, ao contrario
esse momento de crise politica, econômica e social não pode nos desmotivar, mas
sim nos alegrar.
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