sexta-feira, 17 de abril de 2015

Para dizer que não falei sobre as manifestações da direita reacionária brasileira

Tapete vermelho

Em pronunciamento na ultima segunda-feira no senado sobre as manifestações massivas do ultimo dia 12 de abril, o senador José Agripino (DEM) afirmou que os lideres do movimento faram uma pausa nas mobilizações de rua para sistematizar as reivindicações dos manifestantes, elaborar um documento e apresenta-lo no congresso. Para José Agripino os lideres do movimento devem ser recebido com tapete vermelho no congresso nacional.Mas nem sempre é assim que o povo brasileiro que legitimamente luta pelos seus direitos é recebido no parlamento brasileiro.

Bala de borracha, spray de pimenta e cassetete

Ao contrario, foi com bala de borracha, spray de pimenta e cassetete nas costas que sindicalistas, estudantes e camponeses sem terra foram recebidos no congresso nacional quando protestavam contra a aprovação da lei da terceirização. A juventude que protestava contra a votação na comissão de constituição e justiça a proposta de redução da maioridade penal também não teve um tratamento melhor e muito menos os povos indígenas que lutam contra a aprovação da PEC 215 que passa do executivo para o legislativo a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas.

Ora, por que alguns devem ser recebidos no parlamento brasileiro com tapete vermelho e outros com repressão? Por que uns merecem ser ouvidos e outros silenciados? Por que uns tem privilégios e regalias e outros spray de pimenta, cassetete nas costas e bala de borracha na cara? E ainda existem aqueles que afirmam que não existem lutas de classes no Brasil.

Os lideres do movimento

Em outros tempos para si tornar líder de um movimento, de uma categoria, de um coletivo era necessário que si construísse ao longo de uma vida uma trajetória de dedicação e sacrifício em pró de uma causa. Hoje em dia para si tornar líder de um movimento é necessário apenas criar um evento no Facebook. Que dias são esses meus camaradas, que dias são esses?!

É manifestação ou copa do mundo de futebol?

Si algum desavisado encontrar com uma multidão com camisas da seleção brasileira de futebol, bandeiras do Brasil e cantando o hino nacional na certa irá pensar que voltamos no tempo e estamos em 2014, que a derrota de goleada para a Alemanha e a Holanda foi um pesadelo e que agora seremos campeões mundiais contra a Argentina no maracanã. Mas não se engane, é uma manifestação.

Ok, ok, mais parece um passeio dominical, que nem fede e nem cheira na vida econômica do país. Mas dizem eles – é uma manifestação. Uma manifestação tipicamente burguesa isso sim.

A cobertura da mídia

A semelhança das manifestações com a torcida pela seleção brasileira de futebol na copa do mundo não está apenas nos uniformes, nas bandeiras e no canto do hino nacional a capela. Mas também na cobertura da mídia com boletins ao vivo durante todo o dia de todos os cantos do Brasil.

O debate

O principal debate travado após á ultima mobilização no dia 12 de abril não foi a cerca da pauta de reivindicações das manifestações, mas sim sobre o numero de participantes. Ora, o principal debate deveria ser em torno da pauta de reivindicações e não da quantidade de pessoas que foram para as ruas. É sabido que houve uma diminuição do numero de manifestantes entre a primeira e a segunda manifestação e a tendência é que as próximas manifestações (si tiverem) tenderam a ter um numero cada vez menor. Mas isso não é uma disputa de torcida para ver quem é que põem mais gente na rua – o povo não pode ser tratado como gado, o povo não pode ser tratado como uma fria estatística apenas. Seja por quem quer que seja.

As reivindicações

Aliás, é preciso ressaltar que partes das reivindicações são legitimas e concordamos com elas, como por exemplo, a luta contra a retirada de direitos dos trabalhadores, a reforma política e o combate à corrupção. No entanto essas pautas têm sido usadas apenas como faixadas para esconder o objetivo principal da direita reacionária que esta por trás das mobilizações que é a cassação da presidente Dilma Rousseff.

Sobre o impeachment

Estamos longe de apoiarmos o governo Dilma Rousseff (PT), mas dai sermos favoráveis a sua cassação é um tanto de mais. Também temos profundas criticas ao Partido dos Trabalhadores, sobretudo pelo fato do PT ter traído seus ideais. Mas dai cair no discurso simplório que tenta nos enfiar goela abaixo de que o partido é responsável pela corrupção no país não dá. É não querer ver que a corrupção é um mal endêmico do Brasil, que esta intimamente ligada ao sistema capitalista e que inclusive está presente nos governos do PSDB em São Paulo, Paraná, Goiás entre outros.

Os manifestantes

Reportagens mostram que grande parte dos que participaram dessas manifestações não estão ali por que foram de livre e espontânea vontade, mas por que foram levados. Estes si quer sabem por que estão protestando. São ingênuos, não conseguem ver que estão sendo usados por uma direita reacionária que quer chegar ao poder de qualquer maneira, nem que para tanto tenha que dá um golpe.

Disputar a consciência das massas

Eis uma das tarefas da esquerda progressista – disputar a consciência das massas. Sobretudo da juventude que tem sido manipulada por setores de direita que dizem falar em nome da mudança, mas que no fundo conservam ideias golpistas, conservadoras e reacionárias. A tarefa não é fácil, mas quem fez a opção pela defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora não pode recuar, ao contrario esse momento de crise politica, econômica e social não pode nos desmotivar, mas sim nos alegrar.


Pedro Ferreira Nunes – educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário