segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Crônicas da UFT: Marxismo de gabinete.
Caros camaradas que
acompanham as minhas publicações no blog “das barrancas do rio Tocantins”. Essa
crônica pretende ser a primeira de uma série que pretendo escrever a cerca das
questões mais relevantes que ocorrem na UFT – Campus de Palmas. Claro, sempre
com o olhar critico que caracteriza os meus textos, como também numa linguagem
popular. Com isso pretendemos contribuir para que os debates que ocorrem dentro
do campus a cerca das diversas questões do cotidiano da nossa sociedade possam
ecoar para além dos muros da universidade. E nessa primeira crônica vou falar
sobre uma questão que tem me incomodado muito na UFT- Campus de Palmas que é o
marxismo de gabinete.
Isso mesmo, professores
que se dizem marxista, que fazem um discurso revolucionário, que elaboram
artigos fundamentados no marxismo, mas que na prática estão totalmente alheios
a luta concreta da classe trabalhadora tocantinense pelos seus direitos. Ou se
omitem quando projetos contrários ao interesse do povo são implementados com o
apoio da universidade.
Pegamos como exemplo, o
MATOPIBA, que foi lançado na UFT com a presença da ministra da agricultura
Kátia Abreu. Os marxistas de gabinete dizem ser contra o projeto, no entanto
nenhum esteve presente na manifestação contraria que ocorreu no campus, também
nenhum professor fez uma notinha se quer contestando esse projeto que tirará
direitos das populações tradições do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Foi um
silencio total em relação à violência sofrida por estudantes na manifestação
que ocorreu. E agora aparecem dizendo que são contra o MATOPIBA. Mas por que
não fazem isso publicamente, por que só fazem isso na sala de aula?
Outro caso na UFT que
os marxistas de gabinete e demais professores se silenciaram foi em relação às
denuncias investigadas pelo ministério público federal de corrupção por parte
da reitoria. Ainda hoje a um silencio total sobre essa questão na universidade.
Nenhuma manifestação, nenhuma notinha, nenhum posicionamento publico mais
consequente.
E se esses marxistas de
gabinete não ajudam a construir nem um movimento de esquerda forte na UFT.
Imaginem na sociedade em geral. É ai que não os vemos mesmo. Nem no campo das
ideias esses senhores contribuem. Claro que em tudo há exceções, e nesse caso
são exceções mesmo, tanto que contamos nos dedos de uma mão professores que de
fato são marxistas engajados com as lutas populares no Tocantins.
Já dizia Lênin: Sem
trabalho, sem luta, o conhecimento livresco do comunismo, adquirido em folhetos
e obras comunistas, não tem absolutamente nenhum valor, uma vez que não faria
mais que continuar o antigo divórcio entre a teoria e a prática, esse mesmo
divórcio que constituía o mais repugnante traço da velha sociedade burguesa.
E infelizmente essa é
uma das características do marxismo de gabinete, que mais trabalha contra a
luta revolucionária do que propriamente para o seu desenvolvimento. Estes
senhores nos faria um grande favor se assumissem o que são na verdade –
conservadores e oportunistas. Mas se não assumem o que são, é nossa tarefa
revolucionária desmascara-los e encaminha-los para o pântano como dizia Lênin:
“...achamos, inclusive,
que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas
forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém,
nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra
liberdade, porque também nós somos "livres" para ir aonde nos
aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para
lá se dirigem”.
Eis ai a tarefa
daqueles que de forma coerente e consequente vivem o marxismo e lutam por uma
universidade popular.
Pedro
Ferreira Nunes é estudante de filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Reforma administrativa do governo Marcelo Miranda: E a cultura novamente paga o pato.
Menos de um ano após ser
recriada a secretaria de cultura volta a ser extinta pelo governo Marcelo
Miranda (PMDB). Tal mudança se dá por causa da reforma administrativa que visa
reduzir os custos com á maquina pública devido à conjuntura de crise que o
estado vem passando.
Mas por que mais uma
vez a secretaria de cultura? É sempre a mesma história – se o estado está em
crise e tem que si cortar gastos – fecha-se a secretaria de cultura. Essa velha
receita vem sendo aplicada nos últimos anos no Tocantins pelos dois grupos
políticos que se revezam no poder. Tanto por siqueiristas como pelos
pemedebistas.
A única diferença é que
agora em vez de ser anexada a secretaria de educação tal como fez o governo
Siqueira, a cultura fará parte da nova secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura. Ora, se antes com uma própria pasta a
cultura já era deixada de lado, imagine nesse novo contexto.
Para o governo de
plantão a cultura é descartável – só é prioridade nos discursos. E por tanto
não é de se admirar que seja a primeira a pagar o pato quando o governo precisa
reduzir gastos. Ora, se era para fechar em menos de um ano antes fosse melhor
nem ter sido recriada. E por que então o governo Marcelo Miranda recriou e
agora volta extinguir a secretaria de cultura? Uma coisa é fato, não era para
fortalecer a cultura tocantinense, pois esta não será fortalecida enquanto não
houver uma continuidade na implementação das politicas da área cultural, e que
para tanto é fundamental politicas de estado e não de governo.
A decisão tomada pelo
governo Marcelo Miranda mostra a forma oportunista como ele trata a cultura no
Tocantins – esta claro que a reabertura da secretaria de cultura não tinha como
objetivo fortalecer a cultura tocantinense, (tanto que agora em menos de um ano
ela torna a ser extinta), mas desviar o foco das várias greves que seu governo
enfrentou ano passado e do descontentamento geral da população. Assim a
reabertura da secretaria de cultura, o salão do livro e outros eventos
culturais não passaram de uma cortina de fumaça para enganar setores da área
cultural e a sociedade em geral. Como também para atender aliados políticos.
Pois não foram poucas as denuncias dando conta de que neste curto espaço de
tempo, a secretaria de cultura sob a gestão do Melck Aquino voltou a funcionar
como um balcão de negócios tal como na época da Kátia Rocha.
Não dá para aceitar a
justificativa do governo Marcelo Miranda para a extinção da secretaria de
cultura. Está claro que não é isso que irá resolver os problemas financeiros
por que passa o Tocantins. Aliás, a reforma administrativa em curso, é um
engodo politico – não resolve nada. Tal como não resolveu nada a reforma
administrativa feita por Siqueira Campos há dois anos com a mesma justificativa
de cortar gastos.
Se de fato quisesse
cortar gastos o desgoverno “Marcelo Miranda” deveria extinguir as regalias e
privilégios para parlamentares e funcionários do alto escalão do governo. Como
por exemplo, o auxilio moradia, decimo quarto e decimo quinto salários, verbas
indenizatórias. Redução dos salários de deputados, secretários, do governador e
da vice-governadora. Dispensar servidores comissionados (especialmente os
fantasmas), e chamar os concursados. Mas isso o governo não faz. Preferi
aprofundar o modelo neoliberal no Tocantins.
Por outro lado à classe
artística tocantinense continua inerte, não se organiza, não se mobiliza, não
protesta. Prefere silenciar-se, esperando que o governo lhes dê alguma migalha
na forma de um edital. Alguns conseguem, mas a grande maioria sofre sem
conseguir produzir e divulgar sua arte. Enquanto as coisas permanecerem assim,
a cultura tocantinense continuará pagando o pato.
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular, poeta e escritor tocantinense.
Sobre o documentário: S.O.S Rio Tocantins
No ultimo dia 14, foi
lançado na internet o documentário S.O.S Rio Tocantins, do cineasta miracemense
Cássio Renato Cerqueira. O curta metragem mostra de forma poética a seca no rio
Tocantins a partir da visão dos canoeiros e barqueiros que fazem a travessia
entre as cidades de Miracema e Tocantínia.
O documentário S.O.S
Rio Tocantins não é a primeira obra artística a chamar a atenção e denunciar a
destruição do principal rio que corta o Estado do
Tocantins, especialmente a partir da construção das Usinas Hidrelétricas de
Lajeado e do Peixe Angical. Também lembramos do documentário “Tocantins – rio
afogado” do cineasta Hélio Brito, além de musicas, poemas entre outras formas de arte – que tem
cumprido muito bem esse papel. Mesmo que na maioria das vezes estas obras de
arte são completamente ignoradas.
Iniciativas como a do
cineasta Cássio Renato Cerqueira são fundamentais para chamar a atenção do povo
tocantinense para situação calamitosa do rio Tocantins, situação que a cada ano
só piora. Obras como o documentário S.O.S Rio Tocantins cumpri duas funções
fundamentais: denunciar um modelo de desenvolvimento energético baseado no
lucro e não na vida, e que é extremamente nocivo ao meio ambiente. E em segundo
lugar conscientizar a população sobre o seu papel na luta para preservar a
nossa maior riqueza que é a natureza.
Por tanto recomendamos
a todos a assistirem essa importante obra do cinema miracemense e tocantinense,
que é o documentário S.O.S Rio Tocantins e a compartilha-lo amplamente. Que o
conteúdo do mesmo possa ser trabalhado, sobretudo nas escolas públicas do nosso
Estado. E que outras iniciativas como essa possam surgir tanto no cinema, na
musica, nas artes plásticas, no teatro e na literatura. O Rio Tocantins é um
patrimônio do povo tocantinense e todos nós devemos lutar para preserva-lo.
assista o documentário no link: https://vimeo.com/151639469
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular, poeta e escritor tocantinense.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Poema para os camaradas Bruno e Giovana.
Siga camarada
Farás falta,
Mas siga camarada.
Foi breve nossa caminhada
Mais a luta continua
Então siga camarada.
Há outros campis dessa vida
Leve a tua indignação
Subverta a ordem estabelecida
Não recue não.
Uma parte de mim segue contigo
Uma parte sua fica comigo
Á distancia nos separa
Mas continuaremos unidos.
Unidos por um sonho
De um mundo melhor,
Que nos chame de utopistas
Nesta não estamos sós.
Nos conhecemos a tão pouco tempo
E tão pouco tempo convivemos
Mas marcante o suficiente
Para que não acabe se perdendo.
Sei que essa breve caminhada
Não foi em vão
Construímos momentos juntos
Que já mais se perderam.
Farás falta camarada
Mas siga sem vacilar
Deixo a ti um grande abraço
E a certeza de um de nos encontrar.
Pedro Ferreira Nunes - Educador popular, Poeta e escritor tocantinense.
Símbolos da luta: Che Guevara, Camilo Cienfuegos e José Porfírio
Nunca
se falou tanto da esquerda e do comunismo como tem si falado neste ultimo
período – no debate politico, nos telejornais, nas manifestações e até nas
telenovelas. Mais uma vez o discurso da ‘ameaça comunista’ surge com toda a
força tal como em 1964 quando se instalou a ditadura militar no Brasil. Não por
coincidência alguns setores da sociedade pedem a volta do regime militar.
Andar
com uma camisa vermelha, com o rosto do Che Guevara ou defender ideias de esquerda
consiste em um crime que pode ser punido com difamação, ataques morais ou até
mesmo agressão física. No entanto essa onda conservadora não nos amedronta, nós
militantes de esquerda já enfrentamos conjuntura piores, já tentaram nos matar
tantas vezes, mas continuamos vivos, mais vivos do que nunca, e vivos pela boca
dos nossos próprios inimigos.
É
fato que a ameaça comunista tão presente hoje, não existe, não passa de criação
fantasiosa de uma direita reacionária – que impõem um debate medíocre na politica,
que distorce a realidade e falseia a historia.Com o objetivo claro de avançar
uma pauta conservadora no Brasil. Por mais que tentem distorcer – o fato é que
vivemos sob um intenso ataque de um governo neoliberal, que segue a cartilha do
FMI, que atende aos interesses dos banqueiros, empresários e latifundiários. E
ataca os direitos dos trabalhadores e criminaliza a luta do movimento popular.
Aqueles
que pensam que nos intimidam, não nos intimida. Aqueles que pensam que nos
faram recuar, não farão. Aqueles que pensam que derrotaram uma ideia
falseando-a, não derrotaram. Ao contrario, por mais que tentem, não podem
‘tapar o sol com uma peneira’. Nesse sentido é fundamental que os militantes da
esquerda revolucionária não recuem um milímetro no embate contra a direita
reacionária que impõe ao país uma pauta conservadora, que retira direitos dos
trabalhadores e criminaliza o movimento popular.
Esse
embate se dá em duas frentes – na luta concreta e no campo das ideias. E é
nesta frente, que pretendemos contribuir com este livreto, além dos artigos que
publicamos no blog ‘das barrancas do rio Tocantins’ é claro. Que o exemplo de
vida de Camilo Cienfuegos e José Porfírio possa inspira-los no enfrentamento
dos ataques desfechados contra o povo trabalhador, e queas
ideias do Ernesto Che Guevara possa nos guiar nas nossas ações cotidianas na
construção da luta popular.
Uma
das tarefas fundamentais da esquerda é o trabalho com a juventude, por isso que
dedicamos este material a ela. Como também escrevemos o artigo ‘organizar para
desorganizar’. Tal como afirma Che Guevara – acreditamos – que a juventude é o
motor propulsor do movimento revolucionário.
Encerramos
este livreto com o relatório do encontro da juventude do movimento popular
tocantinense, realizado pela rede de educação cidadã do Tocantins, no dia 01 de
novembro de 2014, na fazenda da Esperança em Lajeado do Tocantins. Onde tivemos
o prazer de fazer a analise de conjuntura pós-eleições. As reflexões realizadas
pela juventude do movimento popular tocantinense foram importantíssimas, e se
mostram atualíssimas, assim não tem sentido não compartilha tais reflexões e
apontamentos. Que essa atividade sirva de inspiração para realização de outras.
Abraços
com todo fervor revolucionário,
Pedro Ferreira Nunes
Lajeado-TO. 16 de setembro de 2015.
terça-feira, 19 de janeiro de 2016
Rio afogado
Tocantins - Rio afogado
Tocantins, rio afogado em nome do progresso.
Barraram suas águas para gerar energia.
Para quem?
- Para o agronegócio e as grandes indústrias.
Afogaram suas vazantes, ilhas e praias.
Expulsaram os camponeses que viviam no seu leito.
Afogaram!
O pacifico.
O travessão.
Os mares.
Hoje tudo é lago.
Afogaram!
O brejão de buriti,
A chapada de túcun,
E os cocos babaçu.
Tudo em nome do progresso,
que progresso?
Afogaram!
E continuam a afogar;
A extinguir, a expulsar, a extirpar
aqueles que sobrevivem.
Afogaram tudo em nome do progresso.
Tudo, menos nossas lembranças.
Por Pedro Ferreira Nunes
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