Nota
de solidariedade
“Eu não consigo entender que nessa imensa nação, ainda é matar ou
morrer por um pedaço de chão.”
Pedro Munhoz
A mais recente denuncia das 20 famílias de
camponeses pobres do Rio Sono e Lizarda, na região leste do estado. De que
estão sofrendo ameaças para deixar suas terras – uma área de 2 mil hectares –
que ocupam há mais de 50 anos. Na região conhecida como Cocal. É mais um
reflexo do avanço do agronegócio no Tocantins – um avanço que se dá através da
violência contra os povos tradicionais, a usurpação de territórios e a
destruição ambiental.
Infelizmente essa violência contra os camponeses do
Rio Sono e Lizarda não é uma novidade. Não nos esqueçamos dos camponeses que
foram expulsos de suas terras em Campos Lindos – para dar lugar à monocultura
da soja. Ainda hoje esses camponeses lutam na justiça contra a ministra Kátia
Abreu que é acusada de usurpar suas terras. E casos como esse tendem a se
intensificar no MATOPIBA, onde será atingida uma área de mais de 70 milhões de
hectares.
A violência contra os povos tradicionais não seria
possível sem a omissão e anuência do estado. Aliás, neste caso foram expedidos documentos
das áreas pelo Instituto de Terras do Tocantins (ITERTINS) de forma irregular.
Uma questão que deve ser investigada e punida pela justiça. Ora, como o
ITERTINS expediu documentos para terceiros, sendo que havia famílias que ocupam
a área há mais de 50 anos? Não precisa ser um experts em leis para saber que a
posse pertence a essas famílias por usocapião. Há não ser que o governo do
Tocantins mais uma vez regularize a grilagem de terras – como fez no caso de
Campos Lindos.
Diante dessa questão, nós do Coletivo José Porfírio
queremos prestar nossa solidariedade e apoio incondicional as famílias de
camponeses pobres de Rio Sono e Lizarda – que o exemplo de Trombas e formoso
possa guia-los na luta pelos seus direitos. Como também exigimos das autoridades
públicas do Tocantins, uma investigação e punição aos responsáveis por esse
crime. Qualquer violência que estes camponeses vierem sofrer é responsabilidade
do governo do Tocantins e não aceitaremos pacificamente tais absurdos.
Por fim conclamamos a todo o povo trabalhador
tocantinense a se levantar e gritar:
*Todo apoio a luta dos camponeses de Rio Sono e
Lizarda!
*Não a usurpação dos territórios dos povos
tradicionais!
*Não a violência no campo!
*Não ao MATOPIBA!
*Não a destruição do cerrado!
Pedro
Ferreira Nunes
Pelo
Coletivo José Porfírio
Lajeado
–TO, 14 de Março de 2016.