“Se o presente é de luta o futuro nos pertence.”
Che Guevara
O Partido Socialismo e
Liberdade – PSOL tem passado uma crise interna profunda, crise esta que podemos
considerar a maior desde o seu surgimento. O partido hoje esta dividido em dois
blocos - O Bloco de Esquerda que defende um partido com caráter classista,
inserido nos movimentos populares e na luta da classe trabalhadora e do outro
lado a Unidade Socialista que se move pelo pragmatismo eleitoral, defendendo
alianças espúrias com partidos da burguesia, e que empurra o PSOL a cometer os
mesmos erros cometidos pelo PT.
A situação a nível nacional
infelizmente é reproduzida na maioria dos estados onde o PSOL esta presente –
Uma disputa fratricida pela direção do partido objetivando apenas a dominação
do aparato partidário para disputa eleitoral. No Amapá e no Tocantins, por
exemplo, o partido corre grave risco de ser dado de mão beijada para a
burguesia local. Alianças com partidos da burguesia como DEM, PTB, PSD entre outros
no Amapá e ocupação de cargos e apoio ao governo do PP em Palmas comprovam este
absurdo.
Diante dessa realidade a
direção nacional do PSOL (majoritária) tem se comportado ora de forma omissa,
ora de forma autoritária e golpista, passando por cima das instancias regionais
e desrespeitando a democracia interna.
As vésperas do IV congresso
nacional do PSOL é chegado o momento de definirmos qual o rumo que o partido
assumirá, se é o lado da classe trabalhadora, apoiando, orientando e
fortalecendo suas lutas, mantendo acesa a chama do socialismo, resgatando e
lutando pelas bandeiras históricas que milhares de camaradas morreram
defendendo. Ou se tornará mais um partido da ordem que se move meramente pela
logica eleitoral, fazendo alianças espúrias com a burguesia, aceitando dinheiro
de empresas privadas, que passa por cima das instancias partidárias e da
democracia interna.
O PSOL surgiu do sonho de
milhares de camaradas que não se venderam e nem se corromperam diante da
degeneração do PT, mas este sonho infelizmente tem virado um pesadelo. É preciso
retomar o partido para o caráter com que ele foi fundado, e ele não foi fundado
para ser um novo PT, ao contrario, por tanto enfrentemos mais essa batalha. Por
aqueles que derramaram seu sangue na luta por um mundo justo e solidário como
também por aqueles que resistem bravamente aos ataques do capital – Construamos
um instrumento politico partidário do povo, com o povo e para o povo!
PSOL-TO:
A luta pela construção de um instrumento de luta a serviço da classe trabalhadora
tocantinense.
O PSOL-TO nasce tal como no
resto do país – Um grupo de militantes socialista descontentes com os rumos do
PT funda o partido no estado. Em 2006 o lançamento da candidatura do Prof.
Paulo Henrique ao governo do Tocantins pelo PSOL é um marco histórico, sendo a
primeira candidatura assumidamente de esquerda ao governo do Tocantins.
No entanto após o processo
eleitoral de 2006, o grupo que dirigia o partido no estado acabou se afastando,
diante disso o PSOL no estado tornou-se praticamente inexistente, o novo grupo
que assumiu o partido não conseguiu dar continuidade ao mesmo, abandonando o
barco logo depois, apenas um grupo de militantes continuava reivindicando o
partido que na prática não tinha quase nenhuma intervenção.
Passado um tempo um grupo de
militantes retoma a construção do PSOL-TO em especial em Palmas. Inclusive
conseguindo em 2012 lançar à candidatura de Aberlado a prefeitura da capital
tocantinense bem como uma chapa de candidatos a vereadores. No entanto um espaço
que poderia ser usado para construção e fortalecimento do PSOL-TO acabou sendo
um desastre. Brigas internas, disputas fratricidas pela direção do partido,
entre outras graves denuncias bem como uma campanha sem orientação,
individualista e pobre politicamente nada contribuiu para construção do PSOL e
muito menos para o fortalecimento das lutas da classe trabalhadora, a não ser
no sentido do que não deve ser uma campanha socialista.
Novamente no inicio de 2013
tenta-se retomar a construção do partido no estado, através de uma intervenção
do diretório nacional do PSOL, destitui-se a direção anterior do partido e
forma-se uma nova direção provisória do PSOL-TO. No entanto, a reunião que
deliberou pela composição de uma nova direção do PSOL-TO foi marcada por um
clima que mostrava um sentimento de construir um instrumento de fato a serviço
da classe trabalhadora tocantinense tão sofrida e vilipendiada, clima este
trazido, sobretudo por um grupo de novos militantes conhecidos por uma atuação
coerente e consequente na luta por educação de qualidade em Palmas e no resto
do estado.
Mas nem tudo eram flores,
nesta mesma reunião ficou evidenciado que havia no estado uma briga
simplesmente pelo aparato partidário, pela direção do partido, o que iria
continuar, já que a nova direção provisória não saíra tal como planejado pela
direção nacional majoritária do PSOL.
A eleição de Bernadete Aparecida Ferreira
militante feminista e de movimentos populares pela maioria dos militantes
presentes não agradou a um grupo de filiados antigos do partido e muito menos a
direção majoritária do partido a nível nacional, o que logo fez com que se
instalasse no estado a mesma disputa que estava sendo travada a nível nacional.
Sobretudo por que começou a surgir às tendências tanto ligadas ao Bloco de
Esquerda (CSOL, LSR e Independes) como a Unidade Socialista (Dissidência da APS
e independentes), o que não existia até então no PSOL-TO.
Mesmo
com as divergências e disputas internas o PSOL avançou no Tocantins
O ano de 2013 será marcado por
um aumento significativo das lutas e mobilizações dos movimentos populares por
todo o Brasil. - No Tocantins não foi diferente, diversas lutas foram travadas
tendo, sobretudo o movimento campesino dos sem terras, os trabalhadores sem
teto, os professores, o movimento feminista e a juventude do movimento
estudantil nas jornadas de junho como protagonistas.
A militância do PSOL-TO se
fez presente nessas lutas e mobilizações desempenhando um papel fundamental -
Orientando, construindo e fortalecendo a luta do movimento popular do campo e
da cidade no Tocantins. Elaborando artigos políticos, moções de apoio e
materiais de propaganda, colocando suas inserções no rádio e na tv a serviço
das lutas do movimento popular.
O PSOL-TO conseguiu também
minimamente avançar em uma agenda de reuniões periódicas, realizar atividades
de formação para sua militância, como também ocupar mesmo que de forma ainda
precária as redes sociais e assim avançar na politica de comunicação e
organização do partido no estado.
O PSOL avançou na política
de interiorização do partido. - No inicio de 2013 contávamos apenas com um
núcleo central presente em Palmas, mas ao longo do ano foi possível reativar
alguns diretórios municipais de cidades como Araguaína, Gurupi, Colinas entre
outras como também avançar para municípios que o partido ainda não tinha
atuação.
É inegável que o PSOL-TO deu
um avanço qualitativo no ultimo período mesmo com toda a falta de estrutura
como, por exemplo, de uma sede e de um funcionário político liberado para ficar
por conta do partido e também a falta de envolvimento de todo o conjunto do
PSOL, pois infelizmente um setor do partido ligado a Unidade Socialista
preferiu priorizar o inchamento do partido com filiações sem nenhum critério
objetivando apenas a disputa interna repetindo assim uma prática que tem sido
feita por esse bloco em todo o país.
Avançamos
mas é possível avançar muito mais!
É inegável o avanço
quantitativo e qualitativo que o PSOL-TO teve neste ano de 2013, tanto relativo
à construção do partido como na intervenção concreta da luta da classe
trabalhadora tocantinense. Apesar dos pesares, como se diz por essas bandas do
norte. - O PSOL tem conseguido se tornar uma referencia de luta consequente e
coerente, no entanto esse status pode está ameaçado.
Políticos carreiristas e
oportunistas querem fazer do PSOL mais um partido de aluguel, tal como tantos
outros que existem por aqui, ou simplesmente querem o partido para alcançarem
ambições pessoais. – E o pior de tudo isso é que este setor que hoje se
organiza na Unidade Socialista conta com o apoio da direção majoritária do PSOL
a nível nacional.
O fato é que diante da
realidade e da necessidade da classe trabalhadora tocantinense bem como da
capacidade da militância aguerrida do PSOL –Avançou se muito pouco, era
possível avançar bem mais na construção do partido e na intervenção na luta de
classes no Tocantins.
No entanto enquanto não
superarmos a crise interna no partido, sobretudo no processo de disputa interna
instalada com a realização do IV Congresso do PSOL em que se definirá a nova
direção do partido e também a linha politica prioritária assumida por este,
continuaremos sem avançar, isto é, para um passo que damos a frente, recuamos
dois para trás.
As
perspectivas para o PSOL-TO
Mesmo cansativa e
desgastante a luta interna dentro do PSOL contra o burocratismo e a degeneração
deve ser encarada como uma tarefa revolucionária. Nesse sentido precisamos
continuar a batalha interna pela retomada do PSOL com um caráter classista,
revolucionário e anticapitalista. No Tocantins um estado onde a classe
trabalhadora é extremamente explorada, vilipendiada e carente de organizações
de luta que a organize e lute pelos seus direitos essa necessidade ainda é mais
fundamental.
Travar a luta interna neste
momento dentro do PSOL que é tão fundamental não significa que tenhamos que
abrir mão de intervir e atuar na luta concreta da classe trabalhadora. Como por
exemplo, no Tocantins é preciso combater o governo Siqueira que esta a serviço
do agronegócio exportador, de mega empresários e especuladores, como também
combater o governo Amastha a frente da prefeitura de Palmas e todos os governos
municipais a serviço da burguesia.
É preciso consolidar um
bloco de esquerda programático no PSOL-TO que esteja inserido nos movimentos
populares e demais organizações da classe trabalhadora. É fundamental darmos a
batalha para construção de um Fórum permanente de luta dos movimentos populares
tocantinenses no próximo período para rechaçarmos os ataques de patrões e
governos contra as trabalhadoras e trabalhadores tocantinenses.
Continuemos por tanto
lutando para que o PSOL tanto a nível nacional como regional seja um
instrumento de luta a serviço da classe trabalhadora, mas não devemos esquecer
- O partido não é um fim em si, deve esta por tanto a serviço da classe
trabalhadora e não o contrario. Devemos por tanto fazer uma analise profunda
dos rumos que nosso partido esta seguindo, se o mesmo já não corresponde à
causa que defendemos, não devemos temer e buscar construir novas ferramentas.
Lajeado
– 28 de Novembro de 2013.
Pedro
Ferreira Nunes - É Educador Popular, Bacharel em Serviço
Social, militante do Bloco de Resistencia Socialista, da Corrente Liberdade,
Socialismo e Revolução – LSR tendência interna do Partido Socialismo e
Liberdade - PSOL e do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores - CIT.