quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Partido Socialismo e Liberdade - Balanço e Perspectivas


“Se o presente é de luta o futuro nos pertence.”

Che Guevara

O Partido Socialismo e Liberdade – PSOL tem passado uma crise interna profunda, crise esta que podemos considerar a maior desde o seu surgimento. O partido hoje esta dividido em dois blocos - O Bloco de Esquerda que defende um partido com caráter classista, inserido nos movimentos populares e na luta da classe trabalhadora e do outro lado a Unidade Socialista que se move pelo pragmatismo eleitoral, defendendo alianças espúrias com partidos da burguesia, e que empurra o PSOL a cometer os mesmos erros cometidos pelo PT.

A situação a nível nacional infelizmente é reproduzida na maioria dos estados onde o PSOL esta presente – Uma disputa fratricida pela direção do partido objetivando apenas a dominação do aparato partidário para disputa eleitoral. No Amapá e no Tocantins, por exemplo, o partido corre grave risco de ser dado de mão beijada para a burguesia local. Alianças com partidos da burguesia como DEM, PTB, PSD entre outros no Amapá e ocupação de cargos e apoio ao governo do PP em Palmas comprovam este absurdo.

Diante dessa realidade a direção nacional do PSOL (majoritária) tem se comportado ora de forma omissa, ora de forma autoritária e golpista, passando por cima das instancias regionais e desrespeitando a democracia interna.

As vésperas do IV congresso nacional do PSOL é chegado o momento de definirmos qual o rumo que o partido assumirá, se é o lado da classe trabalhadora, apoiando, orientando e fortalecendo suas lutas, mantendo acesa a chama do socialismo, resgatando e lutando pelas bandeiras históricas que milhares de camaradas morreram defendendo. Ou se tornará mais um partido da ordem que se move meramente pela logica eleitoral, fazendo alianças espúrias com a burguesia, aceitando dinheiro de empresas privadas, que passa por cima das instancias partidárias e da democracia interna.

O PSOL surgiu do sonho de milhares de camaradas que não se venderam e nem se corromperam diante da degeneração do PT, mas este sonho infelizmente tem virado um pesadelo. É preciso retomar o partido para o caráter com que ele foi fundado, e ele não foi fundado para ser um novo PT, ao contrario, por tanto enfrentemos mais essa batalha. Por aqueles que derramaram seu sangue na luta por um mundo justo e solidário como também por aqueles que resistem bravamente aos ataques do capital – Construamos um instrumento politico partidário do povo, com o povo e para o povo!

PSOL-TO: A luta pela construção de um instrumento de luta a serviço da classe trabalhadora tocantinense.

O PSOL-TO nasce tal como no resto do país – Um grupo de militantes socialista descontentes com os rumos do PT funda o partido no estado. Em 2006 o lançamento da candidatura do Prof. Paulo Henrique ao governo do Tocantins pelo PSOL é um marco histórico, sendo a primeira candidatura assumidamente de esquerda ao governo do Tocantins.

No entanto após o processo eleitoral de 2006, o grupo que dirigia o partido no estado acabou se afastando, diante disso o PSOL no estado tornou-se praticamente inexistente, o novo grupo que assumiu o partido não conseguiu dar continuidade ao mesmo, abandonando o barco logo depois, apenas um grupo de militantes continuava reivindicando o partido que na prática não tinha quase nenhuma intervenção.

Passado um tempo um grupo de militantes retoma a construção do PSOL-TO em especial em Palmas. Inclusive conseguindo em 2012 lançar à candidatura de Aberlado a prefeitura da capital tocantinense bem como uma chapa de candidatos a vereadores. No entanto um espaço que poderia ser usado para construção e fortalecimento do PSOL-TO acabou sendo um desastre. Brigas internas, disputas fratricidas pela direção do partido, entre outras graves denuncias bem como uma campanha sem orientação, individualista e pobre politicamente nada contribuiu para construção do PSOL e muito menos para o fortalecimento das lutas da classe trabalhadora, a não ser no sentido do que não deve ser uma campanha socialista.

Novamente no inicio de 2013 tenta-se retomar a construção do partido no estado, através de uma intervenção do diretório nacional do PSOL, destitui-se a direção anterior do partido e forma-se uma nova direção provisória do PSOL-TO. No entanto, a reunião que deliberou pela composição de uma nova direção do PSOL-TO foi marcada por um clima que mostrava um sentimento de construir um instrumento de fato a serviço da classe trabalhadora tocantinense tão sofrida e vilipendiada, clima este trazido, sobretudo por um grupo de novos militantes conhecidos por uma atuação coerente e consequente na luta por educação de qualidade em Palmas e no resto do estado.

Mas nem tudo eram flores, nesta mesma reunião ficou evidenciado que havia no estado uma briga simplesmente pelo aparato partidário, pela direção do partido, o que iria continuar, já que a nova direção provisória não saíra tal como planejado pela direção nacional majoritária do PSOL.

 A eleição de Bernadete Aparecida Ferreira militante feminista e de movimentos populares pela maioria dos militantes presentes não agradou a um grupo de filiados antigos do partido e muito menos a direção majoritária do partido a nível nacional, o que logo fez com que se instalasse no estado a mesma disputa que estava sendo travada a nível nacional. Sobretudo por que começou a surgir às tendências tanto ligadas ao Bloco de Esquerda (CSOL, LSR e Independes) como a Unidade Socialista (Dissidência da APS e independentes), o que não existia até então no PSOL-TO.

Mesmo com as divergências e disputas internas o PSOL avançou no Tocantins

O ano de 2013 será marcado por um aumento significativo das lutas e mobilizações dos movimentos populares por todo o Brasil. - No Tocantins não foi diferente, diversas lutas foram travadas tendo, sobretudo o movimento campesino dos sem terras, os trabalhadores sem teto, os professores, o movimento feminista e a juventude do movimento estudantil nas jornadas de junho como protagonistas.

A militância do PSOL-TO se fez presente nessas lutas e mobilizações desempenhando um papel fundamental - Orientando, construindo e fortalecendo a luta do movimento popular do campo e da cidade no Tocantins. Elaborando artigos políticos, moções de apoio e materiais de propaganda, colocando suas inserções no rádio e na tv a serviço das lutas do movimento popular.

O PSOL-TO conseguiu também minimamente avançar em uma agenda de reuniões periódicas, realizar atividades de formação para sua militância, como também ocupar mesmo que de forma ainda precária as redes sociais e assim avançar na politica de comunicação e organização do partido no estado.

O PSOL avançou na política de interiorização do partido. - No inicio de 2013 contávamos apenas com um núcleo central presente em Palmas, mas ao longo do ano foi possível reativar alguns diretórios municipais de cidades como Araguaína, Gurupi, Colinas entre outras como também avançar para municípios que o partido ainda não tinha atuação.

É inegável que o PSOL-TO deu um avanço qualitativo no ultimo período mesmo com toda a falta de estrutura como, por exemplo, de uma sede e de um funcionário político liberado para ficar por conta do partido e também a falta de envolvimento de todo o conjunto do PSOL, pois infelizmente um setor do partido ligado a Unidade Socialista preferiu priorizar o inchamento do partido com filiações sem nenhum critério objetivando apenas a disputa interna repetindo assim uma prática que tem sido feita por esse bloco em todo o país.

Avançamos mas é possível avançar muito mais!

É inegável o avanço quantitativo e qualitativo que o PSOL-TO teve neste ano de 2013, tanto relativo à construção do partido como na intervenção concreta da luta da classe trabalhadora tocantinense. Apesar dos pesares, como se diz por essas bandas do norte. - O PSOL tem conseguido se tornar uma referencia de luta consequente e coerente, no entanto esse status pode está ameaçado.

Políticos carreiristas e oportunistas querem fazer do PSOL mais um partido de aluguel, tal como tantos outros que existem por aqui, ou simplesmente querem o partido para alcançarem ambições pessoais. – E o pior de tudo isso é que este setor que hoje se organiza na Unidade Socialista conta com o apoio da direção majoritária do PSOL a nível nacional.

O fato é que diante da realidade e da necessidade da classe trabalhadora tocantinense bem como da capacidade da militância aguerrida do PSOL –Avançou se muito pouco, era possível avançar bem mais na construção do partido e na intervenção na luta de classes no Tocantins.

No entanto enquanto não superarmos a crise interna no partido, sobretudo no processo de disputa interna instalada com a realização do IV Congresso do PSOL em que se definirá a nova direção do partido e também a linha politica prioritária assumida por este, continuaremos sem avançar, isto é, para um passo que damos a frente, recuamos dois para trás.

As perspectivas para o PSOL-TO

Mesmo cansativa e desgastante a luta interna dentro do PSOL contra o burocratismo e a degeneração deve ser encarada como uma tarefa revolucionária. Nesse sentido precisamos continuar a batalha interna pela retomada do PSOL com um caráter classista, revolucionário e anticapitalista. No Tocantins um estado onde a classe trabalhadora é extremamente explorada, vilipendiada e carente de organizações de luta que a organize e lute pelos seus direitos essa necessidade ainda é mais fundamental.

Travar a luta interna neste momento dentro do PSOL que é tão fundamental não significa que tenhamos que abrir mão de intervir e atuar na luta concreta da classe trabalhadora. Como por exemplo, no Tocantins é preciso combater o governo Siqueira que esta a serviço do agronegócio exportador, de mega empresários e especuladores, como também combater o governo Amastha a frente da prefeitura de Palmas e todos os governos municipais a serviço da burguesia.

É preciso consolidar um bloco de esquerda programático no PSOL-TO que esteja inserido nos movimentos populares e demais organizações da classe trabalhadora. É fundamental darmos a batalha para construção de um Fórum permanente de luta dos movimentos populares tocantinenses no próximo período para rechaçarmos os ataques de patrões e governos contra as trabalhadoras e trabalhadores tocantinenses.

Continuemos por tanto lutando para que o PSOL tanto a nível nacional como regional seja um instrumento de luta a serviço da classe trabalhadora, mas não devemos esquecer - O partido não é um fim em si, deve esta por tanto a serviço da classe trabalhadora e não o contrario. Devemos por tanto fazer uma analise profunda dos rumos que nosso partido esta seguindo, se o mesmo já não corresponde à causa que defendemos, não devemos temer e buscar construir novas ferramentas.

 

Lajeado – 28 de Novembro de 2013.

 

Pedro Ferreira Nunes - É Educador Popular, Bacharel em Serviço Social, militante do Bloco de Resistencia Socialista, da Corrente Liberdade, Socialismo e Revolução – LSR tendência interna do Partido Socialismo e Liberdade - PSOL e do Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores - CIT.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A morte por aqui é um fenômeno raro, mas ela chegará para todos!

Por Pedro Ferreira

Ontem fomos surpreendidos com duas mortes na cidade. Há muito tempo que não sentia um clima tão profundo de tristeza e dor que a morte de uma pessoa amada nos trás. Foi impossível não sentir também, mesmo que os dois mortos não eram próximos a mim, um deles eu se quer conhecia.

Nos últimos 8 anos que morei em uma grande capital era normal nos depararmos no cotidiano com a morte. Dificilmente havia um dia que não ouvíamos noticias acerca de vários homicídios, sobretudo de jovens que tinham suas vidas interrompidas brutalmente.

Uma rotina totalmente diferente da pequena cidade do interior onde cresci e que a morte de qualquer pessoa sempre era sentida profundamente, pois se não era parente de alguém, era um amigo ou uma pessoa muito conhecida, assim independente de quem fosse ou de sua origem a cidade toda ficava de luto.

Mas com uma rotina tão dura na grande capital, onde se mata por questões tão banais, a vida do ser humano também vai sendo banalizada, bem como sua morte. Tanto que muitas vezes quando um jovem negro da periferia é assassinado, muitos comemoram, sobretudo se o mesmo já teve alguma passagem pela policia apenas por ter fumado um cigarro de maconha.

As mortes viram apenas estatísticas e os mortos se tornam apenas números, não tem rosto, não tem nome, não tem famílias. Muitas vezes se quer tem um velório digno. Simplesmente desaparecem jogados em uma vala qualquer ou queimados em algum matagal.

No interior a morte é um fenômeno raro, sobretudo dos mais jovens. Geralmente se morre de velhice ou muito raramente de acidente. Assassinato é algo raro, muito raro. Assim qualquer pessoa que morre é sentido por todos profundamente, a cidade fica em luto e mesmo o mais insensível dos insensíveis não pode deixar de sentir.

Eram ainda tão jovens e cheios de vida, morreram em circunstancias diferentes e em lugares distintos, mas no mesmo dia, na mesma cidade. Uma tragédia, uma comoção geral. Sentimos profundamente, refletimos acerca da nossa fragilidade enquanto seres humanos, imaginamos todo o sofrimento de seus familiares.

Perdas tão trágicas para uma cidade não serão esquecidas assim do dia pra noite, por muito tempo haveremos de falar sobre nossos defuntos, até que outros viram substitui-los. Demorara muito, pois a morte por aqui é um fenômeno raro, mas ela chegará para todos nós.

Por mais que tentamos é difícil encara-la, mesmo sabendo que teremos de fazê-lo em algum momento. Que os versos de Manoel Bandeira nos ajude.

CANÇÃO PARA A MINHA MORTE 

Bem que filho do Norte

Não sou bravo nem forte.

Mas, como a vida amei,

Quero te amar, ó morte

— Minha morte, pesar

Que não te escolherei.

 

Do amor tive na vida

Quanto amor pode dar:

Amei não sendo amado,

E sendo amado, amei.

Morte, em ti quero agora

Esquecer que na vida

Não fiz senão amar.

 

Sei que é grande maçada

Morrer mas morrerei

— Quando fores servida —

Sem maiores saudades

Desta madrasta vida,

Que todavia amei.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lançamento de Livro - A ilha dos Espiritos


Apresentação

A inspiração para escrever esse romance partiu de uma conversa que tive com meu amigo Denílson o qual carinhosamente chamávamos de Joh. Era o mês de maio em Lajeado e um turista havia morrido afogado. No dia posterior a este acidente quando eu e o Joh passávamos pela ilha verde conversávamos sobre as mortes que aconteciam por ali, quando ele falou – “Daria para escrever um livro sobre essas mortes que acontecem aqui, acontece coisas estranhas nesse local, há um grande mistério.” Concordei prontamente com ele.

Nesse mesmo ano, 2004, comecei a rascunhar o que seria A ilha dos espíritos, as conversas que tive com meu amigo joh que me relatou alguns fatos misteriosos visto nas madrugadas da ilha verde bem como posteriormente com uma amiga chamada Lidiane que também me relatou estes fatos, serviram de inspiração e foram usados na elaboração do mesmo, assim Joh e Lidiane os quais eu os homenageio dando nomes a personagens desse romance tiveram papel fundamental na elaboração deste livro.

O livro por tanto conta a historia de três jovens – Bia, Lidiane e Raquel que saem de Goiânia para passarem férias no Tocantins, se junta a elas um jovem Lajeadense que também mora e estuda em Goiânia e um jovem hippie vindo do sul do país.

Em meio a uma natureza belíssima os jovens se encantam pelo lugar, se apaixonam, se amam e vivem aventuras inesquecíveis. Até que descobrem que estão em um lugar cheio de segredos e mistérios, os quais devem descobrir antes que mais pessoas percam suas vidas naquelas águas misteriosas da ilha verde ou A ilha dos espíritos.

O romance é fictício, no entanto como pano de fundo é utilizado lendas e historias da região contada pelos moradores mais antigo da cidade. Assim pensamos esta contribuindo para o resgate histórico, cultural e folclórico da cidade de Lajeado e dessa região riquíssima em causos e contos populares que muitas vezes se perdem com o tempo.

Estes causos e contos populares contados como verdadeiros povoaram a minha infância e de muita gente que nasceu e cresceu por essas bandas do norte. Creio como extremamente importante preservamos essas historias populares, riquezas culturais do nosso povo.


O autor

https://clubedeautores.com.br/book/154519--A_ilha_dos_Espiritos#.UoEi63A3sqM

Elomar -


 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Poesia: Chuva dos cajus

Choveu como há muito não chovia.


Os corações secos,
encheram-se de alegria!

Por que aquele dia no norte,
choveu como há muito não chovia?

No telejornal os meteorologistas
Disseram ser por causa de uma frente fria
vinda do sul.

Os camponeses nortistas
Tinham certeza

- Que nada, é a chuva dos cajus.

*Por Pedro Ferreira

Poema: Chove lá fora!

Está frio hoje,               


ainda não me levantei.

Lá fora chove,

quanto tempo não chovia.

A chuva antigamente me trazia alegria,

hoje é só tristeza.

Pois lembro-me daquele dia.

Do dia que ti conheci.

- Tu não lembras? Chovia.

Quando começamos a namorar,

era período de chuva.

Chovia todos os dias.

E ficávamos deitados,

agarradinhos na cama,

transando ao som dos pingos da chuva no telhado.

O cheiro da terra molhada lembra-me de você,

gostaria de ver-te mais uma vez.

Saber como esta...

E essa chuva que não passa.

Não tem jeito,

Nesses próximos meses

estará presente no meu pensamento.

Enquanto o inverno durar,


até a chuva acabar.

*Por Pedro Ferreira

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

POEMA

Destruição ambiental

Cortaram os pés de pequi
Destruíram os buritis.
Acabaram-se os tucuns
E também os muricis.

Não tem macaúba
Mangaba não há.
Não tem mais baru
E nem jatobá.

Cajuí já não tem
Tá difícil de achar.
Até mesmo as mangabas
Conseguiram acabar.

Só vejo soja e cana
Por todo o nosso cerrado.
Florestas de eucalipto
No resto pasto pra gado.

Até quando ficaremos
Parados e de braços cruzados.
Vendo a burguesia agrária
Destruir nosso cerrado?

*Por Pedro Ferreira